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A

MM

Agenciamento

por Mateus Machado - quarta-feira, 26 jun. 2013, 01:51
 

“A pergunta a ser feita seria: a inteligência coletiva e conectiva conformada pelas redes informatizadas está servindo de suporte para os anseios de produção de uma multidão representativa de uma resistência (enquanto biopotência) que se recusa a refletir os dispositivos de comando encarnados pelo Estado e os modelos da indústria do grande capital?” (p. 94)

“Haveria, na refração do ciberagenciador, uma recusa a se “imaginar no lugar da mercadoria”? Tal recusa explicaria igualmente a refração à propriedade intelectual e uma adesão maciça à cópia não autorizada, ao software livre, ao código aberto, às novas formas de autoria, à colaboração artística, à criação coletiva, etc.” (p. 95)

“O agenciador prefere ter participação potencialmente no todo, no grande texto e assim sentir que o todo lhe pertence (ao mesmo tempo que a ninguém pertence) do que ter ao seu alcance para uso alguns poucos produtos intelectuais dos quais é proprietário.” (p. 95)

Em seu livro "Do autor tradicional ao agenciador cibernético: do biopoder à biopotência" (2009), Alemar Silva Araújo Rena escreve sobre autoria de conteúdos digitais, relacionando a nova forma de produção, anônima e coletiva, com a produção tradicional, autoral e centralizada. 

Rena apresenta o conceito de AGENCIAMENTO, que é quando a produção ganha maior autonomia e não pertence a um agente específico.

O resultado da  produção coletiva  não possui um dono, um autor. Pertence a todos e é produzido por todos com o auxílio da tecnologia. É nesta condição que se cria a motivação para a participação da massa na produção do conteúdo. O fato de pertencer a todos cria uma sensação de pertencimento e ao mesmo tempo de trabalhar para o bem coletivo e não para uma instituição específica. 

 

 

DJ

Anonimato

por Daniela Jaramillo Barbosa - domingo, 23 jun. 2013, 19:33
 

"The phenomenon of anonymity online is equally problematic. Democratic theorists have long debated the question of whether anonymity is constructive or destructive to public speech. Some envision anonymity as a platform that enables speech to be separated from the identity of the speaker, so that all voices can be treated equally; others see anonymity as a corrupting influence, allowing people to evade the consequences of their speech. The advent of the Internet, with its abundant opportunities for anonymous speech, allows us to test speculation against reality.

The case of hacktivism shows that anonymity practices look little like either the worst or best case scenarios envisaged in theory. Some hacktivists use their real names, while others use traceable pseudonyms, and still others use pseudonyms that are completely untraceable. Each of these choices amounts to a type of accountability claim, a political tool that conveys information about the speaker and the speaker’s engagement in the public sphere." (p. 21-22)

SAMUEL, Alexandra (2004) Hacktivism and the future of Political Participation. Tese para Doctorado em Filosofia na Universidade de Harvard.

 

ANEXO:

 

MM

Anonimidade

por Mateus Machado - quarta-feira, 26 jun. 2013, 01:31
 

"Ao contrário do mundo não mediado, na rede telemática pouco importa quem sou, desde que eu satisfaça as necessidades do meio: esteja conectado, esteja extraindo prazer e/ou possa ser útil a meus objetivos e/ou a meu interagente. Noções como classe, localização física, círculo de amizades, aparência física, etc. perdem o sentido. Posso apresentar ou representar a identidade que mais me agrada ou me é útil em determinada situação, uma vez que as referências ou regras de sociabilização do espaço geofísico são constantemente suplantadas por novos paradigmas, nem sempre estáveis." (p.89)  

“A efemeridade de minha existência está mesmo muito próxima de minha anonimidade. É esta que, de certa forma, condiciona aquela. Posso desaparecer porque não sou condição para o funcionamento do sistema. No sistema tradicional de produção de conteúdo, os autores e artistas costumam ser parte de uma cadeia; possuem contratos com editoras,gravadoras,distribuidoras,marcas- anunciantes,redes de TV, etc. Os seus desaparecimentos são em geral lembrados por décadas.” (p.93) 

Em seu livro "Do autor tradicional ao agenciador cibernético: do biopoder à biopotência" (2009) , Alemar Silva Araújo Rena escreve sobre autoria de conteúdos digitais, relacionando a nova forma de produção, anônima e coletiva, com a produção tradicional, autoral e centralizada. 

Rena apresenta o conceito de ANONIMIDADE,  no contexto em que se dá a produção de mensagens em redes telemáticas, que é quando o locutor é anônimo e sua identidade real não é importante para a comunicação.

Este modelo, oferecido por um modelo de comunicação cibernética, propõe a participação ativa da massa a partir da democratização das ferramentas de comunicação. Neste modelo, de construção coletiva, cada indivíduo participa da produção e é co-autor daquele produto de comunicação. Este modelo reforça a propriedade coletiva e se opõe ao grande poder de influência que alguns segmentos possuem sobre as massas. 

 

 

 

LE

Autor

por Lucy Eri Ikeda - terça-feira, 25 jun. 2013, 17:01
 

"Foucault distinguia dois problemas, freqüentemente confundidos pelos historiadores: por um lado, a
análise sócio-histórica do autor como indivíduo social e as diversas questões que se vinculam a essa perspectiva (por exemplo a condição econômica dos autores, suas origens sociais, suas posições e trajetórias no mundo social ou no campo literário etc.), e, por outro lado, a própria construção do que chama a “função-autor”, isto é, “o modo pelo qual um texto designa explicitamente esta figura [a do autor] que se situa fora dele e que o antecede”."

 

Disponível em: http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/Topoi01/01_debate01.pdf

 

C

CK

Cibercultura

por Camila Kakitani - segunda-feira, 24 jun. 2013, 20:57
 

Cibercultura é o conjunto de técnicas, práticas, atitudes e comportamentos relacionados ao desenvolvimento da rede mundial de computadores.  Da mesma maneira que se desenvolveu a sociedade do consumo com o hábito do consumo e do descarte, também se desenvolveu a cibercultura e com ele novos hábitos e comportamentos como a dificuldade de se desconectar e a fragilização dos relacionamentos interpessoais.

 

SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e de escrita: letramento na cibercultura. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 2002.

 

TC

Ciberespaço, segundo Pierre Levy

por Talita Carvalho da Mota e Silva - terça-feira, 25 jun. 2013, 16:46
 

    Ciberespaço é um termo utilizado por Pierre Lévy, que significa a infra-estrutura material da comunicação digital, ou seja, o espaço de possibilidades infinitas para a navegação virtual. Este novo campo para a navegação virtual acentua a complexidade das práticas profissionais ao incluir a dimensão do intangível, do imensurável. Assim, a revolução digital não só redesenha os espaços ocupacionais, mas também as competências e habilidades demandadas pela Sociedade do Conhecimento.
    As novas tecnologias transformam a relação com o espaço, dando-nos uma nova percepção de mundo e, neste contexto, observamos uma era digital marcada por uma velocidade e um estilo de vida nunca antes experimentados. O desenvolvimento das redes de computadores instaura um novo espaço para a cultura digital (Franco, 1997) que se estabelece a partir de uma rede de todas as memórias informatizadas e de todos os computadores.
    No ciberespaço não é mais o leitor que se desloca diante do texto, mas é o texto que se desloca e se desdobra de forma diferente no contato com cada leitor (Lévy, 2000, p.14), possibilitando que este não mais se coloque numa posição passiva diante de um texto estático, mas em meio a um processo dinâmico participe como sujeito de uma construção coletiva.
    Pela perspectiva de rede hipertextual, todos os textos passam a fazer parte de um mesmo texto dinâmico que faz desaparecer a noção de página com fronteiras delimitadas, para fazer circular o saber em fluxo. Esta reconfiguração revela a construção de uma nova inteligência potencializada pela sensibilidade, percepção e imaginação, cujos dispositivos técnicos podem colaborar no aprendizado e na aquisição de saberes.

FONTE: Citando Pierre Levy em “ Da escrita linear à escrita digital: atravessamentos profissionais”- Alzira Maria Baptista Lewgoy e Marina Patrício de Arruda. Revista Virtual Textos & Contextos, nº 2, dez. 2003.

 

DJ

Cibervivente

por Daniela Jaramillo Barbosa - domingo, 23 jun. 2013, 19:35
 

"(...)Os viventes nas redes digitais são ciberviventes, personagens de uma sociedade de comunicação e controle. São livres enquanto aderentes aos protocolos que tecnicamente limitam, condicionam e formatam a comunicação de suas ideias. Estão felizes com a agilidade dos serviços que registram suas navegações, com as possibilidades crescentes de armazenamento de seus arquivos pessoais e com as facilidades de como uma única senha permite acessar uma multiplicidade de redes de relacionamento. Os cibreviventes têm, nas redes digitais, mais poder de comunicação e de relacionamento, e mais potencial de influência. Quanto mais participam da rede, mais contribuem para a definição de padrões, mais dados sobre seus interesses e seus comportamentos disseminam, mais controlado são". (p.79, 81)

"(...)Somos ciberviventes, pois nossa sociabilidade passa cada vez mais por redes digitais de comunicação e controle. Nossas vidas são cada vez mais dependentes de senhas e nosso padrão comunicacional é guardado em bancos de dados de grandes corporações. Somos controlados sem sermos obrigados e submetidos opressivamente aos controles. Aderimos a eles e somos felizes por existirem. Chegamos a pagar pelos mesmos." (p. 81)

SILVEIRA, Sergio Amadeu da. “Ambivalências, liberdade e controle dos ciberviventes”. In Cidadania e redes digitais / Sergio Amadeu da Silveira (organizador). Sao Paulo: Maracá-Educação e Tecnologias. 2010.

 

MM

Collaborative Production

por Mateus Machado - quarta-feira, 26 jun. 2013, 02:05
 

“Collaborative production, where people have to coordinate with one another to get anything done, is considerably harder than simple sharing, but the results can be more profound. New tools allow large groups to collaborate, by taking advantage of nonfinancial motivations and by allowing for wildly differing levels of contribution.” 

“By this measure, most contributors to Wikipedia are lazy. The majority of contributors edit only one article, once, while the majority of the effort comes from a much smaller and more active group. (The two asphalt articles, with a quarter of the work coming from six contributors, are a microcosm of this general phenomenon.) Since no one is being paid, the energetic and occasional contributors happily coexist in the same ecosystem.” 

Em seu livro: "Here Comes Everybody: The power of organizing without organizations"(2008), no capítulo 5, Clay Shirky discorre sobre a Wikipedia como uma forma de produção coletiva, buscando entender as motivações de seus autores. 

Neste capítulo apresenta o conceito de Produção Colaborativa, onde não necessariamente todos os agentes que produzem estão contribuindo de uma mesma forma.

O autor ilustra com o exemploda Wikipedia:

Os usuários da Wikipedia convivem em um ECOSSISTEMA construído de maneira completamente descentralizada. Cada usuário escreve sobre aquilo que gosta de escrever, o quanto sentir a necessidade de escrever. É o grande número de usuários que torna a produção possível. Por isso, sistemas como esse só pode ser criados a partir da democratização do acesso a ferramentas de comunicação digital. 

  

 

DJ

Controle

por Daniela Jaramillo Barbosa - domingo, 23 jun. 2013, 19:22
 

"A Internet, essencial sob os mais diversos aspectos sociais, é um arranjo comunicacional baseado em protocolos tecnológicos. Como apontou Galloway, o estilo de gerenciamento das redes distribuídas é protocolar e expressa claramente a sociedade do controle.

Para realizar a comunicação digital é preciso aceitar seus protocolos. Para se comunicar livremente nas redes digitais é preciso acatar suas regras, seus procedimentos e sua arquitetura comunicacional. Assim, é possível observar claramente que a mesma rede que garante nossa liberdade comunicativa é a que nos controla. Não há como garantir o livre fluxo de informação digital sem aceitar os protocolos da rede. Neles reside o controle.

O controle em si não é nem bom nem ruim, simplesmente é o modo técnico de garantir a comunicação distribuída e interativa. São os protocolos TCP/IP e seu sistema verticalizado de organização de domínios, o DNS (Domain Name System), que definem uma série de limites e de possibilidades de comunicação em rede. Construídos por coletivos de técnicos, hackers, engenheiros, acadêmicos e representantes de corporações, esse e outras centenas de protocolos constituem e viabilizam a comunicação em rede. São os elementos mais típicos da sociedade do controle, cujas principais tecnologias de poder também são distribuídas, mas convivem claramente com formas de dominação baseadas nas tecnologias de poder territorial — principalmente os Estados soberanos — e com instituições disciplinares e suas arcaicas técnicas de vigilância." (p. 77)

SILVEIRA, Sergio Amadeu da. “Ambivalências, liberdade e controle dos ciberviventes”. In Cidadania e redes digitais / Sergio Amadeu da Silveira (organizador). Sao Paulo: Maracá-Educação e Tecnologias. 2010.

É interessante a consideração do conceito de controle relacionado com a Internet, já que deixa ao descoberto a natureza da sociedade na qual esse “arranjo comunicacional” funciona , uma sociedade que funciona com regras de controle, direitos e liberdades que são limites aceitados e defendidos por aqueles políticamente de acordo como cidadãos e usuários.

 

 

D

MM

Descentralização

por Mateus Machado - quarta-feira, 26 jun. 2013, 01:41
 

“O país “Web”, emcontraposição, progride no caos, no espaçoliso da errância. No “paísenquantoinstituiçãopolítica, aoscidadãos se impõemidentificação, (…) Obviamente, , nessepaís, aquelesnosquaistaisfixaçõesformaisnãosãolevadas a cabo com sucesso, sejapordificuldade de se adaptaremàordem, sejaporestratégia de renúnciaàordem dada. Mas essessãoconsiderados, pelocomando, marginaisou outsiders, estãofora do sistemaprevisto e, teoricamente, desejadopelamaioria.” (p.92) 

“Something this big seems like it should require managers, a budget, a formal work-flow process. Without those things how could it possibly work? The simple but surprising answer is: spontaneous division of labor. Division of labor is usually associated with highly managed settings, but it's implemented here in a far more unmanaged way. Wikipedia is able to aggregate individual and often tiny contributions, hundreds of millions of them annually, made by millions of contributors, all performing different functions.” (p.118) 

 

Em seu livro "Do autor tradicional ao agenciador cibernético: do biopoder à biopotência" (2009), Alemar Silva Araújo Rena apresenta o conceito de DESCENTRALIZAÇÃO da produção de comunicação. Este conceito é reforçado por Clay Shirky no livro "Here Comes Everybody: The power of organizing without organizations" (2008). 

Este conceito representa a democratização da produção de comunicação. Rena acredita em uma produção de comunicação que tem como base meios cibernéticos. Acha que a descentralização da produção contribui para democratizar a mensagem, e suplantar o que ele chama de “sociedade do controle”. Para ele, a partir do momento em que ferramentas possibilitam ao interlocutor participar ativamente da construção da mensagem, as multidões passaram a possuir a potência inventiva. 

Em uma dinâmica de comunicação em rede, o CAOS e a falta de hierarquia são a melhor forma de organização e facilitam a associação de pessoas a papéis nos quais elas se sentem mais confortáveis para produzir. 


 

 

TC

Deslizes

por Talita Carvalho da Mota e Silva - terça-feira, 25 jun. 2013, 16:52
 

O deslize, para Freud, é prova inexorável da existência do inconsciente e de suas operações cotidianas, em todos. É um modo de legitimar as reivindicações dele para o inconsciente em um nível universal. O deslize perturba o texto autorizado em seus níveis mais elementares, esses da palavra e da letra. Pode mostrar como um texto se aproxima, se afasta, circula ao redor, de outros. O deslize pode evidenciar as estruturas da escrita que explicitamente se constitui como analítica e critica da escrita de outros, das palavras citadas, emprestadas.
Qualquer um que tenha tido o infortúnio de proferir um deslize durante um argumento, perdendo assim uma posição de superioridade retórica, ou de ter escrito um deslize que de alguma maneira comprometeu sua autoridade ou credibilidade, sabe que uma teoria do inconsciente não é requerida para se apreciar a erupção de sentido que um deslize implica: apenas um leitor ou ouvinte que interpretem o deslize em seu valor literal já é o suficiente.
Um deslize não apenas significa alguma outra coisa; muito mais do que isso; o deslize adquire sentido no contexto em que aparece. O poder de um deslize Freudiano para perturbar a linguagem e as relações sociais vem do fato que é mais do que um pensamento; sempre é o resultado de uma ação incorporada. Um deslize insiste em reprise, inevitavelmente na presença, atual ou iminente, de outra pessoa. Não pode ser ocultado. O deslize significa que seu autor não é uma autoridade, porque até mesmo seu próprio discurso é descontrolado.
Ao escrevermos sobre deslizes arriscamos cometer deslizes, sermos infectados por eles. O deslize representa território perigoso para a pessoa cuja identidade, ainda que teoricamente bem informada, depende de interpretações convincentes. Ele pode funcionar como um convite inconsciente à ego-revelação, desmantelando, em um movimento, o mito da autoridade unitária. O deslize implica a possibilidade de discursos múltiplos e de verdades sobrepostas.
Se for usado como uma ocasião para envergonhar o autor, então o sentido do deslize pode ser revelado como um modo de manter poder sobre este autor. Mas, se é visto, ao invés disso, como uma manifestação de conhecimento previamente ignorado, e uma função de espontaneidade psíquica e intelectual, então pode ser contagiamente instrutivo.

 

Fonte: Deslizes freudianos, Mary Gossy In: Mulher, a escrita, a língua estrangeira. Michigan UP, Ann Arbor, 1995. (Fragmentos em tradução livre de Artur Matuck).

 

TC

Discurso, por Foucault

por Talita Carvalho da Mota e Silva - terça-feira, 25 jun. 2013, 17:00
 

O discurso, em nossa cultura (e, sem dúvida, em muitas outras), não era originalmente um produto, uma coisa, um bem; era essencialmente um ato - um ato que estava colocado no campo bipolar do sagrado e do profano, do lícito e do ilícito, do religioso e do blasfemo. Ele foi historicamente um gesto carregado de riscos antes de ser um bem extraído de um circuito de propriedades.
Quando se instaurou um regime de propriedade para os textos, quando se editoram regras estritas sobre os direitos do autor, sobre as relações autores-editores, sobre os direitos de reprodução etc. - ou seja, no fim do século XVIII e no inicio do século XIX -, é nesse momento em que a possibilidade de transgressão que pertencia ao ato de escrever adquiriu cada vez mais o aspecto de um imperativo próprio da literatura.
Como se o autor, a partir do momento em que foi colocado no sistema de propriedade que caracteriza nossa sociedade, compensasse o status que ele recebia, reencontrando assim o velho campo bipolar do discurso, praticando sistematicamente a transgressão, restaurando o perigo de uma escrita na qual, por outro lado, garantir-se-iam os benefícios da propriedade.
Os textos, os livros, os discursos começaram a ter realmente autores (diferentes dos personagens míticos, diferentes das grandes figuras sacralizadas e sacralizantes) na medida em que o autor podia ser punido, ou seja, na medida em que os discursos podiam ser transgressores.

 

FONTE:FOUCAULT, Michel. O que é um Autor? Lisboa: Vega, 1992.

 

E

LE

Escrever

por Lucy Eri Ikeda - terça-feira, 25 jun. 2013, 15:41
 

"Escrever é utilizar todo tipo de meio de expressão para tentar dizer o que se é e, antes ainda, o que não se é: o plágio, metafórico, que substitui pelo texto plagiado aquele que o plagiário deveria ter escrito; o palimpsesto, metonímico, que recobre os textos uns com os outros; o pasticho, quase‑alucinação mais verdadeira que o verdadeiro estilo do outro; o achado, repetição que deságua no inédito, às vezes por lapso." (SCHNEIDER, Michel)

Escrever não é apenas desenhar letras, possui um sentido além do dicionário.

 

JG

Escritor, por Michel Schneider

por Juliana Garcia da Cruz - terça-feira, 9 abr. 2013, 20:55
 

É aquele que não sabe quem é. Quem escreve? Não respondamos, porém, depressa demais: ninguém. Em francês, podemos dizer: isso neva, ça neige. Depois da psicanálise, e com rigor: isso pensa, isso fala ou isso deseja (ça pense, ça parle, ça désire); mas não: isso escreve (ça écrit). Nem: isso lê, aliás. Há sempre alguém quando se escreve. Diversamente, quando se analisa também. Mesmo se esse alguém tenta se abolir, apagar‑se ante as palavras, o texto não é nunca de ninguém, nem o inconsciente uma formação desencarnada.

 

H

DJ

Hacktivismo

por Daniela Jaramillo Barbosa - domingo, 23 jun. 2013, 19:38
 

"Hacktivism is the nonviolent use of illegal or legally ambiguous digital tools in pursuit of political ends" (p. 2). "These tools include web site defacements, redirects, denial-of-service attacks, information theft, web site parodies, virtual sit-ins, virtual sabotage, and software development" (p. iii). "The “type” of hacktivism categorizes people: political crackers, performative hackers, and political coders." (p. 36)

"Commonly defined as the marriage of political activism and computer hacking (Denning 1999; National Infrastructure Protection Center 2001), hacktivism combines the transgressive politics of civil disobedience with the technologies and techniques of computer hackers. The result has been the rapid explosion and diffusion of a digital repertoire of political transgression, harnessed to a wide range of political causes." (p. 1)

SAMUEL, Alexandra (2004) Hacktivism and the future of Political Participation. Tese para Doctorado em Filosofia na Universidade de Harvard. 

 

ANEXO:

 

 

CK

Hipertexto

por Camila Kakitani - segunda-feira, 24 jun. 2013, 21:00
 

Hipertexto: um texto móvel e dinâmico, como por exemplo o texto escrito na tela do computador. Através da busca de palavras é possível começar a leitura exatamente do ponto que se gostaria, não se limitando aos parágrafos ou aos capítulos anteriores, além disso, permite também a inserção de palavras no meio de sentenças já pré-estabelecidas. Permite enfim, uma liberdade maior de escrita e leitura.

 

SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e de escrita: letramento na cibercultura. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 2002.

 

I

FK

Identidade autoral

por Fabio Kuniyoshi - sábado, 6 jul. 2013, 11:40
 

De forma subjetiva, pode representar num primeiro momento, a identidade daquele que escreve, mas também pode ser o produto da reflexão a que se leva o conteúdo das páginas do livro, que por vezes, passa a ser uma representação mais consistente da identidade do próprio escritor.

Porém, o texto não precisa ter, obrigatoriamente, um autor. Ter um signatário ou redator, não significa que o autor desempenha um papel fundamental para o texto. Por vezes, o conteúdo ou a finalidade sobrescrevem a importância daquele que escreve.

...o nome do autor funciona para caracterizar um certo modo de ser do discurso: para um discurso, o fato de haver um nome de autor, o fato de que se possa dizer "isso foi escrito por tal pessoa", ou "tal pessoa é o autor disso", indica que esse discurso não é uma palavra cotidiana, indiferente, uma palavra que se afasta, que flutua e passa, uma palavra imediatamente consumível, mas que se trata de uma palavra que deve ser recebida de uma certa maneira e que deve, em uma dada cultura, receber um certo status.

Consequentemente, poder-se-ia dizer que há, em uma civilização como a nossa, um certo número de discursos que são providas da função "autor", enquanto outros são dela desprovidos. Uma carta particular pode ter um signatário, ela não tem autor; um contrato pode ter um fiador, ele não tem autor. Um texto anônimo que se lê na rua em uma parede terá um redator, não terá um autor. A função-autor é, portanto, característica do modo de existência, de circulação e de funcionamento de certos discursos no interior de uma sociedade.

 

Entretanto, sempre há um sujeito implícito com maior ou menor grau por trás daquilo que se escreve, e por vezes, a grandiosidade do escritor se faz pela capacidade em fazer com que seu livro, seus personagens e suas palavras falem por si mesmos, ao mesmo tempo em que o livro passa a representar esse autor.

(...)Mas aquele que escreve tem uma identidade mais fraca e, ao mesmo tempo, mais forte que os outros. Mais fraca porque, se há alguém que não poderia responder à pergunta: quem é você?, é ele mesmo. Os maiores dos escritores esperam que suas personagens falem por eles. Os mais frívolos esperam que seus leitores respondam a sua pergunta e digam quem eles são. Mas o verdadeiro escritor espera sua identidade de seu livro. O livro responde por ele. Escreve‑se porque não se sabe quem é e porque se pensa que se saberá um pouco melhor, depois de algumas páginas enegrecidas, rasuradas, retomadas.(...)

 

FK

Identidade Autoral, por Michel Schneider

por Fabio Kuniyoshi - terça-feira, 9 abr. 2013, 21:45
 

Identidade autoral: de forma subjetiva, pode representar num primeiro momento, a identidade daquele que escreve, mas também pode ser o produto da reflexão a que se leva o conteúdo das páginas do livro, que por vezes, passa a ser uma representação mais consistente da identidade do próprio escritor.

 

TC

Imitar, por Michael Scheneider

por Talita Carvalho da Mota e Silva - terça-feira, 25 jun. 2013, 16:48
 

Imitar não é pilhar, é se formar, admirar e manifestar sua admiração, de modo algo adolescente, às vezes (e há adolescências prolongadas); mas fazer a confissão de sua dívida. É também prolongar a vida de um livro anterior (e essa segunda vida é talvez mais verdadeira, mais durável que a primeira).
É que é preciso estabelecer, aqui, uma distinção essencial. A influência percebida, reivindicada, cultivada, não é a angústia de ser influenciado. A primeira resulta de mecanismos conscientes, a segunda mobiliza uma culpabilidade e uma inveja inconscientes que acarretam a inibição de criar.
A questão da transmissão ou da aquisição de um estilo envolve categorias familiares ao analista e que talvez permitam dissolver a falsa aporia segundo a qual tudo é plágio e, nada, verdadeiramente plagiado: são as de incorporação, de introjeção e de identificação. Foi a propósito do luto e da melancolia que a teoria analítica conseguiu distinguir melhor esses conceitos.
Segundo um exemplo conhecido, é o filho que imita seu pai, sentase em sua poltrona, põe seus óculos e lê o jornal... de cabeça para baixo. Aquele que se identifica com seu pai aprende a ler. A identificação pressupõe um desvio, ela se constrói a partir de introjeções, as quais permanecem ligadas à oralidade originária.

Fonte: Q – Quem escreve? – Autor: Michel Schneider

 

TC

Inteligência Coletiva

por Talita Carvalho da Mota e Silva - terça-feira, 25 jun. 2013, 17:22
 

    Nada mais metafórico do que o conceito de inteligência coletiva, utilizado por Pierre Lévy. Qual seria a imagem da inteligência coletiva? A partir das idéias estudadas, fomos compreendendo que a informática comunicante seria a infra-estrutura de um cérebro coletivo que poderá ampliar-se e desenvolver-se através da escrita digital de maneira recíproca, pois a inteligência coletiva não é um conceito exclusivamente cognitivo. Inteligência deve ser compreendida aqui como a expressão “trabalhar em comum acordo”, ou no sentido de entendimento com o inimigo. “[...] Em uma época que carece de perspectivas, assumo o risco de propor um norte, uma direção, algo como uma utopia”.
    Lévy considera o aprendizado recíproco como a possibilidade de mediação das relações entre os homens. Assim, o outro passa a representar uma fonte de enriquecimento de nossos próprios saberes, na medida em que atuamos melhor juntos do que separados, associando nossas competências. A inteligência coletiva passa a ser então um espaço de troca de saberes impagável para todos os aprendizes.
    Este novo momento da comunicação deveria possibilitar-nos compartilhar nossos conhecimentos e esta é a “condição elementar da inteligência coletiva” (Lévy, 1998, p. 18). “A inteligência coletiva, lembremos, é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada e mobilizada em tempo real”. Por outro lado, é preciso estar atento para não confundi-la com projetos “totalitários” de subordinação dos indivíduos.
    O formigueiro exemplifica o contrário da inteligência coletiva. Esta última não é fixa nem programada, nem resultado mecânico de atos cegos e automáticos. No coletivo inteligente, os atos são coordenados e avaliados em tempo real, de acordo com critérios constantemente reavaliados. Por isso, não se trata de fundir as inteligências individuais numa espécie de magma indistinto e sim de um processo de crescimento, de diferenciação e de retomada recíproca das singularidades.

FONTES:
Lewgoy, Alziera; Arruda, Marina. Da escrita linear à escrita digital: atravessamentos profissionais-  Textos & Contextos Revista Virtual Textos & Contextos. Nº 2, ano II, dez. 2003

Lévy, Pierre. Inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998.

 


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