27/Fev (1)
LCF685 - Economia de Recursos Florestais (2018)
Terças-feiras (14:00-16:50) Departamento de Ciências FlorestaisProfessor: Luiz Carlos Estraviz Rodriguez (lcer@usp.br) Programa: Versão PDF Bem vindos!
Este curso se apoia fortemente em vídeo-aulas e plataformas digitais de ensino.
Haverá sempre um quiz, disponibilizado com antecedência, para ser estudado previamente.
Método de trabalho
(como trabalharemos durante o curso)As atividades estão organizadas na forma de aulas invertidas (flipped classrooms). O conteúdo mais formal é disponibilizado antes de cada aula presencial e, por meio de videoaulas e outros recursos, a assimilação acontece de forma flexível, no ritmo e ambiente que cada aluno julgar mais adequado, repetindo partes do processo quantas vezes quiser.
A fase presencial é usada para a realização de debates e atividades em grupo moderadas pelo professor. O debate promove o aprofundamento de ideias e discussão de tema, estimula discussões e esclarece dúvidas. Os temas para debate serão extraídos, principalmente (mas não unicamente), das seguintes referências:
Daly, H.E. & Farley, J. (2004) Ecological Economics. Island Press.
Chang, Ha-Joon (2014) Economics: The User's Guide. Bloomsbury Publishing USA
Colander, D. (2107) Microeconomics , McGraw Hill, 10th Edition.
O conteúdo formal das aulas pode ser dividido em três grandes blocos:
- O que é Economia (Conceitos Básicos)?
- Como funciona a produção e o mercado (Teoria da Produção e de Custos)?
- Quanto vale um ativo Florestal (Avaliação de Projetos)?
No primeiro bloco, discutimos:
- a Economia é definida desde meados do século passado, pela corrente neoclássica predominante de economistas, como a ciência social que estuda o comportamento humano frente à escassez? Como novas correntes de pensamento econômico questionam esse enquadramento da Economia?
- como interagem os principais agentes econômicos quando o ser humano se organiza para enfrentar a escassez;
- as quatro questões-chave que resumem as principais preocupações econômicas:
- eficiência produtiva
- eficácia alocativa
- ordenamento institucional
- justiça distributiva
No segundo bloco, apresentamos os modelos neoclásicos fundamentais para entender produção e mercado.
No terceiro bloco, exploramos recursos fundamentais da matemática financeira e buscamos formas de atribuir valor ao recurso florestal.
- O que é Economia (Conceitos Básicos)?
Fundamentação, Agentes Econômicos e
Desenvolvimento Sustentável
(uma visão da Economia Ecológica)Esta seção oferece como fonte para reflexão uma entrevista com o Prof. Robert Costanza.
O Prof. Costanza é um dos fundadores da Economia Ecológica, e atualmente é professor na "Australian National University". A entrevista foi concedida para a Escola de Ciências Ambientais da Universidade de Yale, e tem como tema "Visões de um mundo sustentável". Veja o vídeo:
OPINIÃO
Decrescimento é uma opção?
O movimento pelo decrescimento surgiu dos princípios da Economia Ecológica. Um dos princípios fundamentais diz que precisamos de uma economia de "escala sustentável," ou seja, onde a produção econômica (que inclui consumo de energia e recursos naturais, e também a geração de poluição e outros resíduos materiais) de uma certa região não ultrapasse a capacidade biofísica/ecológica dessa mesma região. Hoje existem inúmeras formas de medir essa relação entre produção física/econômica e capacidade física/ecológica. Tudo indica que nossa economia global não é sustentável.
Parece contradição -- se não é sustentável, como é possível? Primeiro, porque enquanto crescemos e produzimos mais, estamos degradando mais -- a perda de florestas, de corais, de biodiversidade, as mudanças climáticas etc. são as consequências. E segundo, porque estamos usando recursos não-renováveis que não estarão disponíveis no futuro (petróleo, carvão, fósforo, minérios etc.). Então, o que é possível no curto-prazo, não necessariamente será no longo-prazo.
Portanto, existe essa necessidade de "decrescer," ou seja, diminuir o tamanho físico da nossa economia para atingir uma "escala sustentável."
É nesta altura que as coisas ficam mais complicadas. O mero ato de mencionar "decrescimento" num grupo típico de pessoas (acho que na maior parte do mundo), nos expõe como um radical esquisito. Em geral, quando se fala em decrescimento, a métrica relevante é o PIB de um país. E pouca gente quer falar em diminuição do PIB -- coisa que significa recessão, austeridade, desemprego, falta de oportunidade etc.
E até dentro de círculos de pessoas que também se identificam com esses temas de sustentabilidade, o termo "degrowth" ou "decrescimento" gera polêmica. Os a favor dizem que o objetivo do movimento não é "diminuir o PIB," mas sim planejar o desenvolvimento de uma economia menos intensiva, "low carbon," mais lenta, sustentável etc. Mas eles gostam do termo decrescimento porque eles acreditam que esses objetivos irão demandar uma diminuição da nossa atividade econômica, diminuição de produção excessiva, de poluição etc. Os contra preferem termos mais neutros tipo "agrowth" ou "growth agnosticism," e dizem que a gente pode buscar esses objetivos sem focar na idéia de "menos." Acham que a viabilidade de um movimento que promove "menos" nunca sairá do chão.
Dois professores da Universidade Autônoma de Barcelona (Giorgos Kallis e Jeroen van den Bergh) debateram essas idéias recentemente. Vejam uma síntese aqui:
Agrowth – should we better be agnostic about growth? (about van den Bergh Nature's article)
Degrowth is anything but a strategy to reduce the size of GDP (by Giorgos Kallis)
O van den Bergh escreveu um artigo na revista Nature, comparando estratégias de "green growth," "degrowth," e "agrowth."
O debate pode parecer um desentendimento desnecessário, linguístico, semântico... Os dois parecem concordar mais do que discordar. Isso mostra o quanto o assunto é difícil e complicado. O meu lado idealista (mas de certa forma realista) concorda com o Kallis, que o decrescimento é indispensável para um mundo sustentável. E o meu lado pragmático (e também realista) concorda com o van den Bergh, que falar em "decrescimento" é se condenar à irrelevância no mundo atual, e que focar nos objetivos de reduzir impactos, sem se prender ao conceito de "crescimento", talvez seja uma estratégia mais produtiva ...
Fev/2018.
Videoaulas 1 e 2
(assista as video aulas e responda os quizzes)Estas videoaulas apresentam a Economia como a ciência social que estuda o comportamento humano frente à escassez, e discorrem sobre a importância da produção e dos fatores de produção para o atendimento das necessidades humanas.