Desenhar a fuga imersiva: por um diagrama dos dispositivos de controle
Ao estudar a emergência histórica de espaços como o hospital e a prisão, Foucault deduziu
o Panóptico como refrão arquitetônico que se repetia também em escolas e fábricas. Esses
edifícios manifestavam um desejo de confinamento próprio a uma organização disciplinar
do poder, que fechava o espaço para gerir os corpos submetidos ao regramento industrial.
Desde meados do século XX, as relações de poder vêm se reorganizando. Os espaços do
confinamento não desapareceram, mas hoje convivem cada vez mais com espaços de
imersão, da bolha algorítmica aos óculos de realidade virtual. Este artigo busca contribuir
para a tarefa de diagramatizar os dispositivos contemporâneos de poder, sugerindo que a
lógica arquitetural dos fractais pode dar conta de visibilizar o caráter infinitamente
“aberto”, imersivo e ressonante dos espaços de controle.