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Narração de histórias de vida e pesquisa-formação, Marie-Christine Josso

Marie-Christine Josso é socióloga e antropóloga, doutora em Ciências da Educação, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Trabalha com as experiências e histórias de vida em especial no campo da educação, trazendo uma proposta para formação de jovens e adultos e também para a formação continuada de professores.

Desenvolve suas pesquisas com foco na abordagem da experiência formativa, tecendo a pesquisa-formação. Seus trabalhos tem forte influência das teorias voltadas às histórias de vida e e à autobiografia. No Brasil, estabelecemos relação entre suas pesquisas e a proposta de educação libertadora de Paulo Freire, que a pesquisadora dialoga e referencia diretamente. É interessante para pensar o lugar da memória e das histórias de vida nessa interface com o campo da educação, dos processos formativos.

"A transformação de si a partir a partir da narração de histórias de vida", Marie-Christine Josso
Resumo – As narrações centradas na formação ao longo da vida revelam formas e sentidos múltiplos de existencialidade singular-plural, criativa e inventiva do pensar, do agir e do viver junto. Um trabalho transformador de si, ligado à narração das histórias de vida e a partir delas, torna-se indispensável a uma Educação Continuada digna desse nome. 
Palavras-chave – Formação e transformação; existencialidade; narração de histórias de vida; construção da identidade (identidade evolutiva); invenção de si.

"Histórias de vida e formação: suas funcionalidades em pesquisa, formação e práticas sociais", Marie-Christine Josso
Resumo - Este texto apresenta uma tentativa de delimitar os contornos atuais e as possíveis aberturas do uso da (auto)biografia nos campos da educação, formação, saúde, social, recursos humanos em empresas, seja quais forem as formas metodológicas e as maneiras de dar a ver (as artes incluídas) que serão proporcionadas por pesquisadores, autores, professores e formadores. As funções construídas referem-se às premissas de uma epistemologia meta-disciplinar do sujeito de cognição que ainda precisa ser construído pelas novas gerações.
Palavras-chave - (Auto)biografia. Epistemologia meta-disciplinar. Sujeito de conhecimento.

Citado por Denise Eloy.


Notas sobre a experiência e o saber de experiência - Jorge Larrosa Bondía

O segundo artigo escolhido, o filósofo e pedagogo Jorge Larrosa Bondía, também cria atravessamentos inquietantes muito significativos ao conversar com o leitor pesquisador. O autor desenvolve reflexões críticas e políticas no campo da educação e pesquisa a partir da diferenciação entre os conceitos de informação e experiência.

Com a crítica à sociedade da informação, e seus mecanismos de processamento de dados, desenvolve junto ao leitor-pesquisador o quanto este movimento gera um apagamento da experiência. O autor inquieta aquele que investiga à tomar aquilo que o alcança em suas travessias de pesquisa de forma receptiva e aberta à sua própria transformação e tudo que isso também (e sobretudo) envolve em termos de vulnerabilidade e risco frente à abertura ao desconhecido. "Tudo o que faz impossível a experiência, faz também impossível a existência"


Citado por: Uriel Cério Liguori
(Artigo 2/2)


O

O cinema documentário e a escuta sensível da alteridade (Eduardo Coutinho)

Esse escrito é uma transcrição de um dos momentos ocorridos no evento "Ética e História Oral", que reuniu diversas autorias pensando ética em teoria e prática. O Eduardo Coutinho é um dos convidados dos debates/palestras e, em sua fala inicial e no que conversa durante o debate, estão presentes suas ideias sobre a entrevista enquanto encontro. Ao falar de ética, ele pontua que deve-se já partir do pressuposto que não há, ali, uma relação simétrica (ainda que a pessoa entrevistada seja, digamos, um presidente ou alguém de alguma família conhecida). Você pode deformar, manipular a fala. Para que o diálogo tenha equilíbrio, é importante incluir essa assimetria no produto. O diálogo é entre os dois, e isso deve ser enunciado.

O diálogo situaria dois personagens em cena: esse que entrevista e esse que é entrevistado. E, por isso, Coutinho considera que é importante enfatizar que a pessoa não desembestou a falar. Todo acontecimento, como disse Ismail Xavier, é despertado na conversa, no habitar o momento sabendo ser escutado (e sabendo que aquilo está sendo registrado), no confronto com o ser escutado, percebido, gravado. É fundamental, no seu olhar e fazer, situar que são importantes pergunta e resposta, o narrar e o que o atiçou. Coutinho acredita que não dá para alimentar a fantasia de poder filmar o real: o registro é sempre do encontro, um encontro entre dois mundos (o do cineasta e o que se desdobra em falas e gestos, mediado pela parafernália do cinema). A política desse fazer cinema não está no filmar com o compromisso de trazer uma mensagem: está no querer encontrar, conhecer, escutar histórias e ver o mundo através da fala do outro. O anseio não é o de trazer mensagens, de cravar generalizações sobre o macro a partir do micro, mas habitar o espaço construído no encontro e buscar entender (um entender que teria desdobramentos na interação, em quem escuta, em quem assiste, que tornaria possível ou não a mudança).

É muito importante, para alguns documentaristas, que a entrevista não seja pura e simplesmente uma versão oral ou audiovisual do que já se aprendeu em pesquisa: uma seleção de entrevistadas (os) que não faz senão confirmar o que já se pensava, uma seleção de trechos coerentes com as crenças já existentes, um roteiro de perguntas que busca adaptar teoria e experiência. Através dos documentários, buscou-se uma contraposição às sequência de filmagens com uma voz (quase que divina) narrando as vivências no afirmar politicamente um interesse vívido no sujeito que fala de si e por si. Trata-se de buscar trocar o “falar sobre” ou “falar por” pelo "falar com" (o que pressupõe diálogo). No pensar a entrevista, são delineadas outras questões que podem também conversar com o que foi sendo conversado nas aulas: o status desse que é entrevistado, o nível de controle da entrevista, o manuseio de objetos (fotos, por exemplo), se é ou não importante conversar antes daquele momento registrado, tipos de roteiro, a necessidade de se situar o consentimento e ética, a categoria memória e o ato de narrar, os diferentes lugares desse que entrevista e desse que é entrevistado e esse lugar "entre" estes (e a possibilidade de esse "entre" fazer parte do produto final).


Coutinho, Eduardo. “O cinema documentário e a escuta sensível da alteridade”. Projeto História, v.15 (1997): JUL./DEZ. ÉTICA E HISTÓRIA ORAL, pp. 165-171, 1997.

Cit.: Bárbara R. de Araújo


O Pesquisador Conversador no Cotidiano

O texto é muito relevante para mim no que diz respeito a pensarmos o método de pesquisa envolvendo relato oral e memória dos sujeitos por propor um deslocamento do papel tradicional do pesquisador (papel que separa pesquisador e seu objeto de pesquisa) importado a partir da epistemologia positivista e do modelo ocidentalizado das universidades. Fazendo frente a postura asséptica e distanciada do pesquisador (o que teoricamente garantiria a imparciabilidade, neutralidade e consequente reprodutibilidade do estudo), a proposição da inserção do pesquisador e do objeto de pesquisa em todos os gestos do cotidiano retoma o caráter de determinação material do conhecimento produzido e de sua circunscrição geográfica (frente a suposta universalidade colonial das produções ocidentalizadas). O pesquisador, nessa perspectiva, é reinscrito no seu lugar de ator social, também atravessado pelos fenômenos que busca estudar, “parte de um processo continuo de negociação, resistência e imposição de sentidos coletivos”.  


O planejamento de entrevistas e alguns exemplos de pesquisas com foco em memória social

O artigo de Iturmendi (2008) apresenta a história oral como um método de pesquisa. Inicialmente o autor faz um apanho acerca de como a história vem sendo contada, dadas as contribuições das fontes orais e escritas e, como essas podem se confirmar ou contrastar. São apontadas as críticas a história oral que contemplam as suas limitações, como a memória do ser humano (lembrança fiel dos fatos), o que é questionado pela importância que se assenta mais no que foi retido pela mentalidade social sobre a experiência do que se a sua memória é errônea ou não, sendo assim, o que é contado é reconhecido como uma verdade psicológica. Todavia, o historiador teria como complemento da história oral o registro escrito. Por fim, outro motivo deste artigo ser escolhido, é porque trata da utilização de entrevistas em pesquisas, sobre como selecionar os participantes, como uma entrevista pode ser sistematizada, bem como, os cuidados na elaboração de um roteiro.

Distintamente, Bonomo et al. (2020) apresentaram uma pesquisa na qual se introduz o conceito de memória prática a partir do qual buscaram compreender a experiência e relação com a cultura de ciganos que se encontravam em um acampamento no Espírito Santo. A partir de entrevistas a memória social dos participantes pode ser coletada em relatos que expressaram a relação que estes tinham com a sua cultura, assim como, a mobilidade desta. Vale ressaltar, que são apontados os cuidados para com a realização das entrevistas e que um dos critérios de seleção dos participantes era que estes tivessem acima de 50 anos, assim como, é retratado o contexto de moradia dos cigano apresentado por meio de plantas baixas. A memória então, foi tratada no estudo como passível de modificação, sendo que a vivência com as representações do grupo era vista como mutável pela experiências que em si são singulares. Além disso, a relação com essa história ocorreria pela importância da transmissão da memória, que sustenta a manutenção da cultura cigana. As autoras ainda ressaltaram que a memória se presentificou nas práticas do coletivo e que o acesso às pessoas mais idosas (troncos velhos) traria ainda mais viabilidade para a elaboração das memórias partilhadas pelo grupo.

Enquanto isso Sá, Oliveira, Mõller e Naiff (2000) abordam em seu artigo alguns procedimentos metodológicos e os resultados obtidos acerca da memória social sobre o descobrimento do Brasil. Ou seja, é uma pesquisa que não vai se ater a um estudo do método, tão pouco teria como ir de encontro às pessoas que viveram diretamente a experiência histórica que seria o foco do estudo. Esta memória social é coletada a partir do que é transmitido ao longo da história, a partir de entrevistas com pessoas de 18 ou mais anos de idade que retratam o que fora passado nas escolas. Outra fonte que ajudou a montar a memória da sociedade brasileira, de acordo com os autores foi a contemplada em livros didáticos de história e pode ser utilizada para constituir este registro da história. Por fim, os autores ainda assinalam o que entendem como memória social, como sendo, representações sociais do passado e que essa passaria por mudanças com processos formativos, a sua permanência estaria ligada a um sentido para aquela população e as transformações teriam em vista a mutabilidade da história.

 

 

Referências

 

Bonomo, M., Cardoso, G. K. de A., Batista, T. S., Martins, R. M., & Silva, F. T. da. (2020). Memória dos Troncos Velhos: um Estudo sobre Memória Social entre Ciganos. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia13(3), 1-20. https://dx.doi.org/10.36298/gerais202013e15001

 

Iturmendi, D. M. (2008). La historia oral como método de investigación histórica. Gerónimo de Uztariz, 23-24, p. 227-233. Recuperado em 10 abril de 2022, de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3264024

 

Sá, C. P. de, Oliveira, D. C. de, Mõller, R. C., & Naiff, D. G. M.. (2000). A memória social do descobrimento do Brasil: seu estado em 1999. Temas em Psicologia8(3), 301-312. Recuperado em 14 de abril de 2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2000000300008&lng=pt&tlng=pt



Orgulho e Resistência: LGBT na ditadura (2020) – Memorial da Resistência

Catálogo da exposição homônima ocorrida no Memorial da Resistência (SP) em 2020. A Publicação faz um registro de histórias e práticas de pessoas LGBT durante a Ditadura civil-militar brasileira. Embora não existisse lei específica contra pessoas LGBT no país, havia uma série de mecanismos legais e morais usados para perseguir, reprimir e, muitas vezes, matar pessoas destes grupos. A exposição faz um percurso tanto por documentos quanto por depoimentos de pessoas que viveram esse período num movimento de trazer à tona memórias subalternizadas.

MEMORIAL DA RESISTÊNCIA. Catálogo da Exposição Orgulho e resistências: LGBT na ditadura / curadoria e textos de Julia Gumieri, Leonardo Arouca, Renan Quinalha. São Paulo: Memorial da Resistência de São Paulo, 2020.


Citado por: Rodrigo de Moura



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Proposta de bibiografia

Entendendo a relevância do conceito de memórias sociais nos estudos  desenvolvidos no campo da história ou da psicologia social, descobri o sentido profundo de alguns conceitos de meu campo de pesquisa. Entre outros, posso citar a identidade colectiva, o conceito de tempo e espaço  (lugar) etc. Desta forma, a fim de contribuir com a bibliografia da disciplina, proponho esses dois textos que li e que achei interessantes para pensar sobre alguns desdobramentos do tema da nossa disciplina.  


“O Pesquisador Conversador no Cotidiano”

Com esse texto, Spink levantou a reflexão sobre a relevância dos conceitos de cotidiano e micro lugares para o pesquisador, uma vez que são fragmentos que modelam as narrativas que frequentemente são coletadas para desvendar problemas do campo. Entre outros, ele aponta a necessidade de prestarmos atenção nas nossas próprias cotidianidade para não se perder na noção de micro lugar que tomado em conjunto conforme o fator tempo possibilita a formação de memória social.


Migração, identidade e memória em O cisne e o aviador, de Heliete Vaitsman. 

Nesse artigo, Shirley Carreira analisa os conflitos derivados do progresso espacial e cultural no romance O cisne e o aviador. No qual figuram relatos  de personagens migrantes judeus que fugiam da Alemanha nazista para escapar da perseguição. Levando indagação sobre as relações do imigrante com o seu espaço. Um trabalho no qual a memória social serve de fundo para a representação identitária.




R

Referências sobre Memória Política e História Oral Temática

Eu não tinha visto antes a forma de apresentação dessas referências, então eu escrevi no documento Word  um resumo sobre duas referências da Psicologia Política sobre memória política, e uma sobre história oral temática como procedimento teórico-metodológico que utilizarei para a realização das minhas entrevistas. O "breve comentário" que fiz sobre os textos tem 4 páginas, por isso que não copiei aqui.

Anexo um dos textos que tenho em PDF e uma resenha que escrevi e publiquei de um dos livros sobre memória política, que só tenho em físico. O livro sobre História Oral também só tenho em físico.

As referências são:

ANSARA, Soraia. (2008). Memória Política, Repressão e Ditadura no Brasil. Curitiba: Juruá. [resenha]

HERNANDEZ, Aline Reis Calvo (2020). Notas sobre Memória Política e Políticas de Memória: Pele, voz e rosto. Em Hernandez, A. R. C; Guareschi, P. (Orgs), Psicologia Política Marginal (pp . 28 – 41). Petrópolis, RJ: Vozes (Coleção Psicologia Social). [PDF]

MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2007.





T

Tecnologia Social da Memória (2009) – Museu da Pessoa

Sistematização da metodologia de entrevistas do Museu da Pessoa (SP). A publicação traz uma visão prática de como realizar entrevistas de história de vida com comunidades baseada em experiências realizadas em diferentes contextos como uma espécie de manual. Conceitualmente, se ancora especialmente em conceitos da História Oral.

 

MUSEU DA PESSOA. Tecnologia Social da Memória: Para comunidades, movimentos sociais e instituições registrarem suas histórias. São Paulo: Museu da Pessoa, 2009. Disponível em: https://museudapessoa.org/wp-content/uploads/2021/06/Livro-Tecnologia-Social-da-Memoria.pdf. Acesso em: 3 abr. 2022.


Citado por: Rodrigo de Moura


Tese de doutorado - A escrita de si de mulheres negras: memória e resistência ao racismo, de Bianca Santana

Parte das minhas reflexões sobre pesquisa e metodologia se amadurecem na leitura de dissertações de mestrado e teses de doutorado, observando como pesquisadoras e pesquisadores trabalham seus temas e métodos. A tese da Bianca Santana, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da ECA/USP, contribuiu muito nesse sentido. No primeiro capítulo, em especial, a autora trabalha com os conceitos de tempo, escritos, memória individual, memória coletiva e arquivo.

Resumo - A hipótese deste trabalho é que a escrita de mulheres negras, de formulação estética de sua própria existência e trabalho de memória, possibilita a constituição de subjetividades e de sujeitos coletivos que permitem resistir ao racismo. A partir de reflexões acerca das formulações de Sueli Carneiro sobre dispositivo de racialidade, biopoder, epistemícidio e resistência, foram reunidos textos aqui categorizados como clássicos ou táticos. Fragmentos destes textos foram interpretados à luz de teorias da memória, arquivos, organização política de mulheres negras, resistência e também de informações do contexto em que a escrita se realizou, divididos em sete eixos: sobrevivência física, preservação da saúde e da capacidade cognitiva; elaboração de traumas; organização de sujeitos coletivos; crítica aos processos de exclusão racial, social e de gênero; ruptura com a subordinação e a subalternização aos discursos de dominação racial, de gênero e social; olhar a partir de uma perspectiva própria; proposição de caminhos de emancipação individual e coletiva. A conclusão é de que a escrita de si de mulheres negras é um instrumento de produção e circulação de informação e conhecimento, técnica de pesquisa e tecnologia individual e coletiva de resistência ao racismo.

Palavras-chave - mulheres negras; dispositivo de racialidade; biopoder; memória; escrita de si.

Citado por Denise Eloy



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