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Descentralização

by Mateus Machado - Wednesday, 26 June 2013, 1:41 AM
 

“O país “Web”, emcontraposição, progride no caos, no espaçoliso da errância. No “paísenquantoinstituiçãopolítica, aoscidadãos se impõemidentificação, (…) Obviamente, , nessepaís, aquelesnosquaistaisfixaçõesformaisnãosãolevadas a cabo com sucesso, sejapordificuldade de se adaptaremàordem, sejaporestratégia de renúnciaàordem dada. Mas essessãoconsiderados, pelocomando, marginaisou outsiders, estãofora do sistemaprevisto e, teoricamente, desejadopelamaioria.” (p.92) 

“Something this big seems like it should require managers, a budget, a formal work-flow process. Without those things how could it possibly work? The simple but surprising answer is: spontaneous division of labor. Division of labor is usually associated with highly managed settings, but it's implemented here in a far more unmanaged way. Wikipedia is able to aggregate individual and often tiny contributions, hundreds of millions of them annually, made by millions of contributors, all performing different functions.” (p.118) 

 

Em seu livro "Do autor tradicional ao agenciador cibernético: do biopoder à biopotência" (2009), Alemar Silva Araújo Rena apresenta o conceito de DESCENTRALIZAÇÃO da produção de comunicação. Este conceito é reforçado por Clay Shirky no livro "Here Comes Everybody: The power of organizing without organizations" (2008). 

Este conceito representa a democratização da produção de comunicação. Rena acredita em uma produção de comunicação que tem como base meios cibernéticos. Acha que a descentralização da produção contribui para democratizar a mensagem, e suplantar o que ele chama de “sociedade do controle”. Para ele, a partir do momento em que ferramentas possibilitam ao interlocutor participar ativamente da construção da mensagem, as multidões passaram a possuir a potência inventiva. 

Em uma dinâmica de comunicação em rede, o CAOS e a falta de hierarquia são a melhor forma de organização e facilitam a associação de pessoas a papéis nos quais elas se sentem mais confortáveis para produzir. 


 

 

TC

Deslizes

by Talita Carvalho da Mota e Silva - Tuesday, 25 June 2013, 4:52 PM
 

O deslize, para Freud, é prova inexorável da existência do inconsciente e de suas operações cotidianas, em todos. É um modo de legitimar as reivindicações dele para o inconsciente em um nível universal. O deslize perturba o texto autorizado em seus níveis mais elementares, esses da palavra e da letra. Pode mostrar como um texto se aproxima, se afasta, circula ao redor, de outros. O deslize pode evidenciar as estruturas da escrita que explicitamente se constitui como analítica e critica da escrita de outros, das palavras citadas, emprestadas.
Qualquer um que tenha tido o infortúnio de proferir um deslize durante um argumento, perdendo assim uma posição de superioridade retórica, ou de ter escrito um deslize que de alguma maneira comprometeu sua autoridade ou credibilidade, sabe que uma teoria do inconsciente não é requerida para se apreciar a erupção de sentido que um deslize implica: apenas um leitor ou ouvinte que interpretem o deslize em seu valor literal já é o suficiente.
Um deslize não apenas significa alguma outra coisa; muito mais do que isso; o deslize adquire sentido no contexto em que aparece. O poder de um deslize Freudiano para perturbar a linguagem e as relações sociais vem do fato que é mais do que um pensamento; sempre é o resultado de uma ação incorporada. Um deslize insiste em reprise, inevitavelmente na presença, atual ou iminente, de outra pessoa. Não pode ser ocultado. O deslize significa que seu autor não é uma autoridade, porque até mesmo seu próprio discurso é descontrolado.
Ao escrevermos sobre deslizes arriscamos cometer deslizes, sermos infectados por eles. O deslize representa território perigoso para a pessoa cuja identidade, ainda que teoricamente bem informada, depende de interpretações convincentes. Ele pode funcionar como um convite inconsciente à ego-revelação, desmantelando, em um movimento, o mito da autoridade unitária. O deslize implica a possibilidade de discursos múltiplos e de verdades sobrepostas.
Se for usado como uma ocasião para envergonhar o autor, então o sentido do deslize pode ser revelado como um modo de manter poder sobre este autor. Mas, se é visto, ao invés disso, como uma manifestação de conhecimento previamente ignorado, e uma função de espontaneidade psíquica e intelectual, então pode ser contagiamente instrutivo.

 

Fonte: Deslizes freudianos, Mary Gossy In: Mulher, a escrita, a língua estrangeira. Michigan UP, Ann Arbor, 1995. (Fragmentos em tradução livre de Artur Matuck).

 

TC

Discurso, por Foucault

by Talita Carvalho da Mota e Silva - Tuesday, 25 June 2013, 5:00 PM
 

O discurso, em nossa cultura (e, sem dúvida, em muitas outras), não era originalmente um produto, uma coisa, um bem; era essencialmente um ato - um ato que estava colocado no campo bipolar do sagrado e do profano, do lícito e do ilícito, do religioso e do blasfemo. Ele foi historicamente um gesto carregado de riscos antes de ser um bem extraído de um circuito de propriedades.
Quando se instaurou um regime de propriedade para os textos, quando se editoram regras estritas sobre os direitos do autor, sobre as relações autores-editores, sobre os direitos de reprodução etc. - ou seja, no fim do século XVIII e no inicio do século XIX -, é nesse momento em que a possibilidade de transgressão que pertencia ao ato de escrever adquiriu cada vez mais o aspecto de um imperativo próprio da literatura.
Como se o autor, a partir do momento em que foi colocado no sistema de propriedade que caracteriza nossa sociedade, compensasse o status que ele recebia, reencontrando assim o velho campo bipolar do discurso, praticando sistematicamente a transgressão, restaurando o perigo de uma escrita na qual, por outro lado, garantir-se-iam os benefícios da propriedade.
Os textos, os livros, os discursos começaram a ter realmente autores (diferentes dos personagens míticos, diferentes das grandes figuras sacralizadas e sacralizantes) na medida em que o autor podia ser punido, ou seja, na medida em que os discursos podiam ser transgressores.

 

FONTE:FOUCAULT, Michel. O que é um Autor? Lisboa: Vega, 1992.