Programação

  • Tópico 1

    1. Apresentação. Problemas na abordagem da obra villalobiana. 

    2. Os anos de formação. 

    3. Influência de Wagner e Debussy. 

    4. A ida a Paris. Os Choros. 

    5. Retorno ao Brasil: Vargas e Bachianas. 

    6. O Neoclassicismo da última fase: Sinfonias e Quartetos. 

    7. Identidade Nacional. 

    8. Abordagens analíticas. 


    - Meus artigos e demais publicações podem ser obtidos no endereço https://usp-br.academia.edu/PaulodeTarsoSalles/Analytics#/documents. Os livros Aberturas e Impasses (Unesp 2005) e Processos Composicionais de Villa-Lobos (Unicamp 2009) podem ser adquiridos no site das editoras e talvez ainda estejam disponíveis nas livrarias.

  • Tópico 2

    Os anos de formação. Influências. O círculo Veloso-Guerra.

    • Quarteto de Cordas nº 1 (1915)
    • Quarteto de Cordas nº 2 (1915)
    • Sonata Fantasia nº 1 (1912) para violino e piano ("Desesperance")
    • Sonata nº 2 (1916) para violoncelo e piano
    • Trios para piano e cordas nº 1 e nº 2
    • Suíte Infantil nº 1 (1912) para piano

  • Tópico 3

    A Semana de Arte Moderna em 1922. A Ida a Paris, 1923.

    • Bailado Infernal (1920) para piano
    • Quarteto de Cordas nº 3 (1917)
    • Quatuor (1921) para coro feminino, sax alto, flauta, celesta e harpa
    • Danças Características Africanas (1914-16)
    • Trio nº 3 para piano e cordas (1918)
    • A Prole do Bebê nº 1 (1918)
    • Noneto (1923)
    Datação de obras: composição x estreia e recomposição. Myremis e Amazonas; Tédio de Alvorada e Uirapuru.

    A influência de Wagner: o acorde de Tristão.

  • Tópico 4

    Os Choros. Obras dos anos 1920.

    • Prole do Bebê nº 2
    • Suíte Sugestiva
    • Quinteto em forma de Choros
    • Rudepoema
    • 12 Estudos para violão

  • Tópico 5

    Retorno ao Brasil. Canto orfeônico. Melodia das montanhas. Ida aos Estados Unidos.

    • Bachianas Brasileiras
    • Quarteto de Cordas nº 5 (1931)
    • Sinfonia nº 6
    • New York Skyline Melody

  • Tópico 6

    Neoclassicismo em Villa-Lobos: Bachianas e quartetos.

    • Bach
    • Haydn

  • Tópico 7

    Identidade nacional. A persuasão retórica da música de Villa-Lobos. Mario de Andrade e os topoi da música brasileira. Tópicos musicais brasileiros.

  • Tópico 8

    Abordagens analíticas: premissas e proposições.

    • Teoria dos conjuntos
    • Teoria transformacional ("Neo-Riemanniana")
    • Teoria de Sonata (Sonata Theory)
    • Simetria

  • Tópico 9

    Cadências na música de Villa-Lobos

  • Tópico 10

    A teoria dos Tópicos Musicais

    Leonard Ratner. Classic Music: Expression, Form, and Style. Capítulo 2: Topics.

    Tipos: 

    • Danças (minueto, sarabanda, polonaise, bourée, contredanse, gavotte, gigue, siciliano, marcha); 
    • Estilos (militar e música de caça; estilo cantante; estilo brilhante; abertura francesa; pastoral; música turca; sturm und drang; sensibilidade; estilo erudito ou estrito; fantasia);
    • Pictorialismo e "pintura de palavras" [word-painting]
    • Uso dos tópicos: Barroco X Clássico

    "A partir de seu contato com a devoção, poesia, drama, entretenimento, dança, cerimônia, militarismo, caça e com a vida das classes mais humildes, a música no século XVIII desenvolveu um arsenal de figuras características, as quais constituem um rico legado para os compositores clássicos. Algumas dessas figuras foram associadas a vários sentimentos e afetos; outras tem um sabor pitoresco. Elas são aqui designadas como tópicos - elementos para o discurso musical. Tópicos surgem como peças completas, ou seja, tipos, ou como figuras e progressões dentro de uma peça, ou seja, estilos. A distinção entre tipos e estilos é flexível; minuetos e marchas representam tipos de composição, mas também oferecem estilos para outras peças" (Ratner, 1980, p. 9 - tradução de Paulo de Tarso Salles).


    Tópicos na Música Brasileira?

    Antes de mais nada, convém lembrar de Walter Benjamim, que cita Flaubert: "Peu de gens devineront combien il a fallu être triste pour ressuciter Carthage" ["Poucas pessoas compreenderão como fiquei triste por ressuscitar Cartago"]; para Benjamin, "a natureza dessa tristeza se tornará mais clara se nos perguntarmos com quem o investigador historicista estabelece uma relação de empatia. A resposta é inequívoca: com o vencedor. Ora, os que num momento dado dominam são os herdeiros de todos os que venceram antes. A empatia com o vencedor beneficia sempre, portanto, esses dominadores. [...] Pois todos os bens culturais que ele vê têm uma origem sobre a qual ele não pode refletir sem horror. Devem sua existência não somente ao esforço dos grandes gênios que os criaram , com à corveia anônima dos seus contemporâneos. Nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie.  E assim como a cultura não é isenta da barbárie, não o é , tampouco, o processo de transmissão da cultura". (Benjamin 1994 [1940]:225).

    BENJAMIN, Walter. "Sobre o conceito de história" [1940]. in: Magia, e técnica, arte e política - obras escolhidas, ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, pp. 222-234.

    Assim, não se trata de uma investigação no campo da etnomusicologia, desvendando os elementos originais, mas sim de um trabalho de análise musical, voltado para as convenções e suas formas de representação musical segundo as estilizações empregadas e comumente aceitas. A natureza complexa e os aspectos socioculturais que afetam a formação da "nacionalidade brasileira" tornariam quase impossível uma abordagem satisfatória sem esse tipo de filtro, que apesar de fazer "vista grossa" às desigualdades históricas, pretende ao menos tratar um pouco mais objetivamente o problema da representação musical dessa construção social de identidade.