Programação

  • Bem-vindos!

    Caros alunos,

    Mais um semestre se inicia. A disciplina Direito de Família, nesse semestre, será ministrada pela Prof. Giselda Hironaka e por mim.


    Por meio do moodle vamos disponibilizar o programa e a bibliografia da disciplina, além de enviar comunicados que se façam necessários.


    Um ótimo início de ano a todos,

    Prof. Simão


  • Horário de Aula e Salas



    Turma 21: 3ª feira: 20:50 h até 23:15 h – sala Brasílio Machado (3ºandar)


    Turma 22: 3ª feira: 18:20 h até 20:45 h – sala Almeida Junior (3º andar)


    Turma 24: 4ª feira: 18:20 h até 20:45 h – sala Pires da Mota (3º andar)

     


  • Programa

    Ponto 1. Direito de família: considerações preambulares. A família constitucionalizada e os múltiplos arranjos familiais, na contemporaneidade. O Poder Judiciário e os julgados inovadores. Visão geral.

    Ponto 2. Casamento: conceito e fins. A dessacralização da família. A despatrimonialização do Direito de Família. Princípios matrimoniais. Capacidade para o casamento, idade núbil. Habilitação para o casamento.

    Ponto 3. Casamento: impedimentos matrimoniais, causas suspensivas e incapacidade matrimonial; conceito; classificação; aspectos penais; oposição

    Ponto 4. Casamento: celebração; formalidades essenciais; suspensão; registro; formas especiais de celebração; casamento por procuração; casamento nuncupativo; casamento religioso com efeitos civis. Casamento putativo. Invalidade (nulidade e anulabilidade); inexistência. Prazos decadenciais. Bem de Família.

    Ponto 5. Efeitos jurídicos pessoais; classificação; direitos e deveres entre cônjuges; fidelidade; coabitação; assistência material e imaterial, respeito e consideração mútuos. Direitos e deveres dos cônjuges em relação aos filhos: guarda, sustento e educação (noções gerais). A proteção da pessoa dos filhos.


    Ponto 6. Efeitos jurídicos patrimoniais: regime de bens; noções gerais; conceito; princípios fundamentais; pacto antenupcial, doações antenupciais. Regime de bens: regime de comunhão universal; regime de comunhão parcial; regime de separação de bens: convencional e obrigatória; regime de participação final de aquestos.

    Ponto 7. Dissolução da sociedade conjugal e do vínculo matrimonial: noções gerais, evolução histórica e legislativa, efeitos. EC 66/2010 e a separação judicial. Divórcio: antecedentes históricos, modalidades; efeitos. Divórcio extrajudicial. Restabelecimento da sociedade conjugal.

    (os pontos de 1 a 7 serão cobrados na primeira avaliação)

    Ponto 8. União estável: noções gerais; etimologia, antecedentes históricos; jurisprudência. Evolução legislativa e projetos. Conceito; elementos; espécies. Efeitos jurídicos pessoais e patrimoniais. Contrato de convivência. Dissolução. União estável homoafetiva.

    Ponto 9. Parentesco: conceito; espécies; linhas e contagem de graus. Conceito. Reconhecimento voluntário e forçado. Ações relativas à paternidade e à maternidade.

    Ponto 10. Poder familiar (imaterial e material): conceito, conteúdo, suspensão, destituição e extinção. Parentesco por adoção. Parentesco socioafetivo.

    Ponto 11. Alimentos: conceito; natureza jurídica; alimentos e casamento; alimentos decorrentes do divórcio; alimentos decorrentes da dissolução da união estável; alimentos entre parentes. Revisão; exoneração; extinção.

    Ponto 12. Tutela: noções gerais; conceito; espécies; deveres, cessação. Curatela: noções gerais; conceito; interdição. Ausência: noções gerais; conceito; efeitos.


  • Sistema de Avaliação. Datas.

    Caros alunos,


    A avaliação se dará por apenas duas provas. 

    A primeira ocorrerá nos dias 02 de maio (turmas 21 e 22) e 03 de maio (turma 24) e valerá 10 pontos. Podem ser cobrados em prova todos os pontos ministrados até a semana anterior.

    A segunda ocorrerá em data a ser designada pela assistência acadêmica (mês de junho) e valerá 10 pontos. Podem ser cobrados na segunda avaliação todos os pontos ministrados depois da primeira avaliação.

    A média final se obtém pela soma das notas das duas provas, cujo total se divide por 2.


    Grato,

    Prof. Simão







  • Bibliografia

    BIBLIOGRAFIA BÁSICA RECOMENDADA:

     

    • Tratado de Direito das Famílias. Coordenação de Rodrigo da Cunha Pereira. 2ª edição. IBDFAM: Belo Horizonte, 2016.
    • TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. 11ª edição. Rio de Janeiro: Ed. GEN/Forense, 2015.
    • LOBO, Paulo. Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008.
    • MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
    • DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª edição. São Paulo: RT, 2011.

  • Aula Inaugural 2014 - Prof. Giselda

    Caros,


    Segue para leitura o texto da Aula Magna da Professora Giselda proferida na Serec de 2014.


    Abraços,

    Simão 

  • Material complementar para leitura.

    Caros,


    Seguem dois textos de minha autoria para a leitura de vocês. O primeiro trata da História do Divórcio no Brasil e a luta do Senador Nelson Carneiro.


    O segundo cuida da questão da  poligamia.


    Grato,

    Simão


  • Ponto 2 - Material de Apoio

    Ponto 02. Casamento: conceito e fins. A dessacralização da família. A despatrimonialização do Direito de Família. Princípios matrimoniais. Capacidade para o casamento, idade núbil. Habilitação para o casamento.


    I – Casamento religioso com efeito civil


     


    Arts. 1515 e 1516 do CC.


     


    Provimento 58/89 TJ/SP - N O R M A S D E S E R V I Ç O CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS TOMO II


     


    Subseção III Do Registro do Casamento Religioso para Efeitos Civis


    85. Nas certidões de habilitação para casamento perante autoridade ou ministro religioso serão mencionados não só o prazo legal da validade da habilitação, como também o fim específico a que se destina e o respectivo número do processo.


    85.1. De sua entrega aos nubentes será passado recibo nos autos da habilitação.


    86. O termo ou assento do casamento religioso será assinado pelo celebrante do ato, pelos nubentes e pelas testemunhas, sendo exigido, para o seu registro, o reconhecimento da firma do celebrante.


    86.1. O registro civil de casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização. Após referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.


    86.2. É competente para o registro o Registro Civil das Pessoas Naturais processante da habilitação, ainda que a celebração tenha ocorrido em comarca diversa.


    86.3. O casamento religioso celebrado sem as formalidades exigidas pela lei civil poderá ser registrado a qualquer tempo, desde que se proceda à prévia habilitação.


    86.4. A apresentação do termo ou assento do casamento religioso poderá ser realizado por intermédio de terceiros, sem maiores formalidades.


     86.5. Faculta-se o suprimento das omissões, bem como as correções dos erros havidos no termo ou assento religioso, mediante a apresentação de termo aditivo, com firma reconhecida do celebrante, ou pela apresentação de prova documental.


     


     


    II - Capacidade para casamento


     


    V Jornada de Direito Civil - Enunciado 512


    O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado.


     


    III - Casamento para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal – art. 1.520


     


    III Jornada de Direito Civil - Enunciado 138


    A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.


     


    Leis 11.106/2005 e Lei 12.015/2009 – Alteração do CP


     


    Lei 12.015/2009 – art. 217 – A – violência presumida iuris et de iure.


     


    Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


    Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


     


    Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


     


    § 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


     


    Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.      (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)


     


    Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.      (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


     


     

    IV – Casamento em razão de gravidez – art. 1.520


     


    IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 329


    A permissão para casamento fora da idade núbil merece interpretação orientada pela dimensão substancial do princípio da igualdade jurídica, ética e moral entre o homem e a mulher, evitando-se, sem prejuízo do respeito à diferença, tratamento discriminatório


     


     

    V - Habilitação para o casamento


     


    Provimento 58/89 TJ/SP - N O R M A S D E S E R V I Ç O CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS TOMO II

    http://www.tjsp.jus.br/Download/Corregedoria/NormasExtrajudiciais/NSCGJTomoII.pdf


     


    CAPÍTULO XVII - DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS: itens 1 a 185


     


    Seção VI - Do Casamento: itens 53 a 90


    Subseção I - Da Habilitação para o Casamento: itens 53 a 73


    Subseção II - Da Celebração do Casamento: itens 74 a 84


    Subseção III - Do Registro do Casamento Religioso para Efeitos Civis: itens 85 e 86


     


    Da Habilitação para o Casamento


    53. As questões relativas à habilitação para o casamento devem ser resolvidas pelo Juiz Corregedor Permanente.


     53.1. O procedimento administrativo da habilitação para o casamento será feito pessoalmente perante o Registro Civil das Pessoas Naturais, com a audiência do Ministério Público (art. 1526 do CC)


     53.2. O Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais presidirá o feito e apreciará os requerimentos das partes e do Ministério Público.


    53.3. Na hipótese de impugnação do próprio oficial, do Ministério Público ou de terceiro, os autos serão submetidos ao Juiz Corregedor Permanente (art. 1526, p. único do CC)


     


    54. Na habilitação para o casamento deverão ser apresentados os seguintes documentos: 3 a) certidão de nascimento ou documento equivalente; b) declaração do estado, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; c) autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; d) declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê- los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; e) certidão de óbito do cônjuge, da anulação do casamento anterior, da averbação de ausência ou da averbação da sentença de divórcio. (Ver art. 1525 do CC)


    55. Nas hipóteses previstas no artigo 1523, incisos I e III do Código Civil, bastará a apresentação de declaração assinada pelo nubente no sentido de ter feito a partilha dos bens ou de inexistirem bens a partilhar.


    56. Os estrangeiros poderão fazer a prova da idade, estado civil e filiação por cédula especial de identidade ou passaporte que deve estar com o prazo do visto não expirado, atestado consular ou certidão de nascimento traduzida e registrada por Oficial de Registro de Títulos e Documentos, e prova de estado civil e filiação por declaração de testemunhas ou atestado consular.


    56.1. Se qualquer dos comparecentes não souber o idioma nacional e o Registrador Civil de Pessoas Naturais não entender aquele em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais, tenha idoneidade e conhecimento suficiente. A participação do tradutor será sempre mencionada no corpo do ato, com a devida identificação do tradutor e seu registro na Junta Comercial - JUCESP, na hipótese de tradutor público, bem como o devido compromisso, na hipótese de tradutor indicado pelo Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais.


    56.2. O surdo-mudo que não puder exprimir sua vontade pela escrita, desde que capaz para exercer pessoalmente os atos da vida civil, deve se fazer acompanhar de tradutor e intérprete que domine a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), conforme Lei nº 10.436/2002 e Decreto nº 5.626/2005.


    57. A petição, pela qual os interessados requerem a habilitação, pode ser assinada por procurador representado por instrumento público ou particular com firma reconhecida, ou a rogo com 2 (duas) testemunhas, caso analfabetos os contraentes.


    58. O consentimento de pais analfabetos, para que seus filhos menores possam contrair matrimônio, deverá ser dado: 2 a) por meio de procurador constituído por instrumento público; ou b) por termo de consentimento, nos autos da habilitação, subscrito por uma pessoa a rogo do analfabeto, comprovada a presença do declarante pela tomada de sua impressão digital ao pé do termo.


    59. A petição, com os documentos, será autuada e registrada, anotando-se na capa o número e folhas do livro e data do registro.


    59.1. O Oficial mandará, a seguir, afixar os proclamas de casamento em lugar ostensivo de sua Unidade de Serviço e fará publicá-los na imprensa local, se houver, certificando o ato nos respectivos autos do processo de habilitação (art. 1527 do CC)


    60. Os proclamas, quer os expedidos pelo próprio Registro Civil das Pessoas Naturais, quer os recebidos de outro, deverão ser registrados no Livro “D”, em ordem cronológica, com o resumo do que constar dos editais, todos assinados pelo Oficial.


    60.1. O Livro de Proclamas, quando escriturado em meio físico, poderá ser formado por uma das vias do próprio edital, caso em que terá 300 (trezentas) folhas no máximo, ao final encadernadas com os respectivos termos de abertura e encerramento. 4


    60.2. Nos editais publicados, não há necessidade de constar a data e assinatura do Oficial que os tenha expedido.


    61. O registro do edital de casamento conterá todas as indicações quanto à época de publicação e aos documentos apresentados, abrangendo também o edital remetido por outro Oficial processante.


    62. Quando um dos nubentes residir em distrito diverso daquele onde se processa a habilitação, será para ali remetida cópia do edital. O Oficial deste distrito, recebendo a cópia do edital, depois de registrá-lo, o afixará e publicará na forma da lei.


    62.1. Transcorrido o prazo de publicação, o Oficial certificará o cumprimento das formalidades legais e a existência ou não de impedimentos, remetendo a certidão respectiva ao Oficial do processo.


    62.2. O Oficial do processo somente expedirá a certidão de habilitação para o casamento depois de receber e juntar aos autos a certidão provinda do outro distrito.


    63. As despesas de publicação de edital serão pagas pelo interessado.


    64. A dispensa de proclamas, nos casos previstos em lei, será requerida ao Juiz Corregedor Permanente. O requerimento deverá reduzir os motivos de urgência do casamento, provando-a, desde logo, com documento ou indicando outras provas para demonstração do alegado. (ver art. 1527, p. único do CC)


    65. Decorrido o prazo de 15 (quinze) dias a contar da afixação do edital no Registro Civil das Pessoas Naturais, se não aparecer quem oponha impedimento nem constar algum dos que de ofício se deva declarar, o Oficial certificará, imediatamente, a circunstância nos autos, entregando aos nubentes certidão de que estão habilitados para se casarem, em qualquer lugar do país, dentro do prazo de 90 (noventa) dias a contar da data em que foi extraído o certificado(arts. 1.531 e 1532 do CC)


    65.1. Na contagem dos prazos acima, exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento.


    65.2. Na hipótese da celebração ser realizada no Registro Civil de Pessoas Naturais processante, o Oficial apenas certificará a circunstância nos autos, não expedindo o certificado de habilitação.


    66. Se houver apresentação de impedimento, o Oficial dará aos nubentes ou aos seus representantes a respectiva nota, indicando os fundamentos, as provas e, se o impedimento não se opôs de ofício, o nome do oponente.


    67. Os nubentes terão o prazo de 3 (três) dias, ou outro razoável que requererem, para indicação das provas que pretendam produzir. (ver arts 1530 e 1531 do CC).


    67.1. A seguir, os autos serão remetidos a juízo, onde se produzirão as provas, no prazo de 10 (dez) dias, com ciência do Promotor de Justiça.


    67.2. Encerrada a instrução, serão ouvidos os interessados e o Promotor de Justiça, no prazo de 5 (cinco) dias, decidindo o Juiz Corregedor Permanente em igual prazo. 68. Quando o casamento se der em circunscrição diferente daquela da habilitação, o Oficial do registro comunicará o fato ao Oficial processante da habilitação, com os elementos necessários às anotações nos respectivos autos.


    69. Na petição inicial, os nubentes declararão o regime de bens a vigorar e o nome que os contraentes passarão a usar. (art. 1525 do CC).


    70. Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro, vedada a supressão total do sobrenome de solteiro.


    71. Optando os nubentes por um regime de bens diverso do legal, sua vontade deverá ser formalizada por intermédio de escritura pública até a celebração, sendo ineficaz a simples declaração reduzida a termo no processo de habilitação matrimonial.


    72. O Oficial fará constar do assento a existência de pacto antenupcial, com menção textual da Unidade de Serviço, livro, folhas e data em que foi lavrada a respectiva escritura. O traslado, certidão, ou a cópia simples após confrontada com o original, será anexado ao processo de habilitação.


    73. Nos autos de habilitação de casamento devem-se margear, sempre, as custas e os emolumentos, bem como indicar o número da guia do respectivo recolhimento.


    88. Aplicar-se-ão ao casamento ou a conversão de união estável em casamento de pessoas do mesmo sexo as normas disciplinadas nesta Seção.



  • Material - aula 15 de março

    Caros,


    Segue o material referente à aula de 15 de março não ministrada em razão da greve de transportes.

    Grato,

    Prof. Simão


    Família dessacralizada, desmatrimonializada e despatrimonializada

     

    (2ª aula do Programa de Direito de Família – 4º ano FDUSP)

     

    Modelos de família, ancestrais, feudais, modernas e pós-modernas – para deixar reduzido, em poucas variações, o percurso intenso – se sucederam e a foto sobre a lareira foi se alterando com a mudança dos costumes, com a conversão ou inversão dos valores, com a introdução de novos comportamentos e de novos princípios, com o abandono de matrizes em desuso, e assim por diante. Por meio desta simbologia (da qual também me utilizo, agora) de mostrar a família por meio das fotos de um velho álbum, é de curiosa e real beleza a descrição que faz Luiz Edson Fachin em trabalho publicado em 2006. O “símbolo” adotado mostra as mudanças e as nuanças da família de antes e da família de agora, quer pelas posturas na foto, quer pela indumentária utilizada pelas pessoas, quer pelo jogo cênico preparado para o registro eterno. Mudam e colorem-se as fotos; muda e revigora-se a família.

    A independência econômica da mulher a faz erguer-se, na foto, sair de trás do patriarca, levantar os olhos confiantes de quem, ao lado de seu parceiro de vida, organiza e administra a estrutura familiar. Quanto aos filhos, seu papel também deixa de ser secundário e eles assumem boa elevação econômica na ordem familiar, assim como se destacam mais pelas suas qualidades próprias, seu preparo intelectual e sua crescente capacidade de decisão. O divórcio, o controle da natalidade, a concepção assistida, a reciprocidade alimentar são valores novos que passam a permear o tecido familiar, para torná-lo mais arejado, mais receptivo, mais maleável, mais adaptável às concepções atuais da humanidade e da vida dos humanos. A fidelidade, como valor que não se desprendia da virtude e da abnegação no anterior tempo, hoje se descortina como a aspiração individualista do amor autêntico, não eivado de mentira ou de mediocridade, como descreve Gilles Lipovetsky em A sociedade pós-moralista: o crepúsculo do dever e a ética indolor dos tempos democráticos. Mas, acima de tudo, espalha-se a ideia de afetividade, como o grande parâmetro modificador das relações familiais, estando a querer demonstrar que o verdadeiro elo entre as pessoas envolvidas nessas relações, nesse núcleo, nesse tecido, consubstancia-se no afeto.

    Mudam os homens. Mudam seus agrupamentos sociais. Mudam as instituições. Mudam os institutos jurídicos. Muda a família. Mudam as relações familiais, não para serem outras, mas para desempenharem novos e distintos papéis. Constrói-se uma família eudemonista, na qual se acentuam as relações de sentimentos entre os membros do grupo: valorizam-se as funções afetivas da família que se torna o refúgio privilegiado das pessoas contra as pressões econômicas e sociais. É o fenômeno social da família conjugal, ou nuclear ou de procriação, onde o que mais conta, portanto, é a intensidade das relações pessoais de seus membros, como já o dizem Oliveira e Muniz, desde o início da década de 90.

    A família que se quer, contemporaneamente, mais do que ser exclusivamente aquela arrolada em normas e editos, é aquela que se diz eudemonista, isto é, aquela família na qual cada um de seus membros busca alcançar o seu pessoal projeto de felicidade, de modo a que todo o grupo familiar também seja feliz. Em Ética a Nicômaco (1.12.8.) Aristóteles escreveu, e com toda a razão: “A felicidade é um princípio; é para alcançá-la que realizamos todos os outros atos; ela é exatamente o gênio de nossas motivações.”

    A pós-modernidade traz a novidade da valorização do prazer e o desassocia da noção de dever, fragilizando a fortaleza moralizadora dos séculos precedentes (pelo tanto que mais nos interessa, os séculos XIX e XX). As posturas ilegítimas que foram condenadas pelo moralismo sexual do anterior século, como por exemplo, o excesso de relações e passatempos amorosos, a prática sexual depois dos cinquenta ou sessenta anos, a felação, a masturbação (mormente a recíproca), o direito ao orgasmo, a opção pelo amor livre e a prática homossexual (entre outras formas de afetividade), foram paulatinamente perdendo o grande peso pecaminoso e imoral, libertando as pessoas, não para o acesso livre e indiscriminado do prazer, mas para escolherem suas preferências e procurarem, sem essas amarras externas (e cruéis no mais das vezes), realizar os seus projetos pessoais de felicidade.

    Não apenas isso, mas a condição matrimonializada foi sempre eternizada, com chance zero de desorganização ou desfazimento, especialmente se em favor da libertação da mulher, uma vez que sua projeção e atuação no meio familiar estavam muito mais voltadas à concepção, geração e criação de filhos do que propriamente o prazer que lhe pudesse ser proporcionado pela relação sexual e afetiva com o seu partícipe de jornadas. A proclamação da pureza das mulheres, a condenação ao adultério, a proibição do aborto e a recriminação às práticas contraceptivas concorreram no sentido de a elas não ser permitido o que aos homens era, ainda que sob os pudores silenciosos da falsa moral novecentista, como por exemplo, o desfrute de prazeres efêmeros. A visibilidade do adultério masculino contava, por isso mesmo, com a complacência social e até mesmo religiosa em certos casos, minimizando, em favor dos homens, uma severidade e uma rigidez que sempre estiveram presentes na trajetória de condutas femininas.

    Sem lar, não há família; sem família, não há moral; e, sem moral, não há sociedade nem pátria! proclamou Jules Simon, político e pensador falecido em 1896, e que foi primeiro ministro da França entre os anos de 1876 e 1877. Compreensível que o dissesse, ao seu tempo. Incompreensível que, em tempos globalizados e redefinidos, ainda se afirme categoricamente, hoje, esta sofismática e excludente conclusão. Não perdeu a família seu carisma, seu papel de refúgio e fortaleza para os anseios primeiros de cada um de seus membros. Não. A família ainda é e sempre será este locus privilegiado. Mas o que já parece não mais persistir é, provavelmente, esta sua tônica de indissolubilidade de vínculos, de obrigatoriedade de realização contínua, a qualquer preço ou custo, de amarras de não-libertação.

    Ainda assim, não foi exatamente de um dia para o outro que o divórcio, como percurso para o re-encontro de destinos mais promissores, instalou-se no mundo contemporâneo. As pressões de toda a sorte, morais, religiosas, éticas e culturais, empataram durante grande número de décadas, e até hoje, a aceitação plena do rompimento da matrimonialização das relações conjugais. Às mulheres divorciadas se imputou o status da indignidade e aos seus filhos a pecha de filhos sem pai. Idas e vindas de aceitação e de rejeição ao novo modus de desfazimento da sociedade conjugal foram amplamente sentidas e registradas ao longo da modernidade, como que em dança de caranguejos, com passos à frente e com passos atrás. Aliás, até os dias de hoje, em certas antigas e importantes culturas, ainda é assim, quando não se proíbe terminantemente a ideia de desfazimento do laço matrimonial. Paira uma ideia, em certos pensamentos e culturas, de que o rompimento dos laços de conjugalidade corresponderia a uma efetiva perda, e essa sensação é insuportável pelos que se alistam nas colunas dos eternos vencedores.

    A família de hoje tende a ser mais sincera, digamos assim, no sentido de que as hipocrisias e as simulações de antes já não encontram mais lugar em cena, estando este espaço muito mais disponibilizado para os tratos francos e as rupturas consentidas e bem analisadas.

    No enquadramento da família atual, uma gama maior de modelos se apresenta, assumindo ela um desenho plural, aberto, mutlifacetário e globalizado, servindo como locus privilegiado para o desenvolvimento da personalidade humana, no dizer de Cristiano Chaves Farias. Ele encaminha suas conclusões para dizer que o atual ambiente da pós-modernidade é o ambiente ideal para a realização espiritual e física do ser humano, ou seja, somente se justifica a proteção da família para que se efetive a tutela da própria pessoa humana. É, por conseguinte, a família servindo como instrumento para a realização plena da pessoa humana e não mais vislumbrada como simples instituição jurídica e social, voltada para fins patrimoniais e reprodutivos.

    Hoje, o afeto – considerado como valor jurídico – promoveu a família de um status patriarcal para um status nuclear. Se, no anterior tempo, o afeto “era presumido em razão de o vínculo jurídico dar a existência de uma família”, no espaço atual “ele é um dos elementos responsáveis pela visibilidade e continuidade das relações familiais”.[1] José Fernando Simão[2] escreve – ao cabo de seu artigo denominado O valor jurídico do afeto. A novela ‘Páginas da Vida’ e a parentalidade socioafetiva – a seguinte grande verdade: A ficção superou, em certos aspectos, a realidade. Reconhecer o valor jurídico do afeto é admitir que os princípios contidos na Constituição Federal efetivamente produzem efeitos sobre a legislação civil como um todo.

    Enfim, a nova família da contemporaneidade não é melhor nem pior do que os modelos familiares que a antecederam, mas é diferente deles. Nesta família, os aspectos de positividade são bem vindos e são capazes, quiçá, de deixar que se dê ênfase aos aspectos que assim não sejam, porque aqueles são aspectos que dizem respeito mais às trocas, às verdades, à cooperação, à complexidade e, principalmente ao afeto entre seus membros.

     

    Princípios matrimoniais:

     

    a)    Constitucional da paridade de direitos dos cônjuges: por exemplo, já não há mais o instituto dos bens reservados da mulher

    b)   Dignidade humana no Direito de Família: art. 226, § 7º CF – planejamento familiar está assentado nio princípio da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável. A grande reviravolta foi a defesa intransigente dos componentes que formulam a inata estrutura humana, passando a prevalecer o respeito à personalização do homem e de sua família, preocupado o Estado Democrático de Direito com a defesa de cada um dos cidadãos (Rolf Madaleno)

    c)    Afetividade: O afeto é a mola propulsora dos laços familiares e das relações interpessoais movimentadas pelo sentimento e pelo amor, para ao fim e ao cabo dar sentido e dignidade à existência humana. Decorre da liberdade que todo indivíduo deve ter de afeiçoar-se ao outro, decorre das relações de convivência do casal entre si e destes para com seus filhos (Rolf Madaleno)

    d)   Autonomia da vontade: significa a liberdade dos futuros cônjuges para unirem-se em casamento, pois este advém do consentimento dos próprios nubentes, que devem ser capazes para manifestá-lo;

    e)    Corresponsabilidade familiar: no cumprimento de todos os deveres decorrentes das relações de conjugalidade (e de parentalidade, certamente) há esta corresponsabilidade dos cônjuges; a guarda compartilhada é um grande exemplo deste princípio aplicado às relações dos cônjuges com sua prole.

    f)     Liberdade para a dissolução do casamento: qualquer pessoa pode se decidir por colocar fim ao seu casamento a qualquer momento, sem prazo e sem necessidade de declinar motivos.

     

    Já quanto à monogamia, não se trata de princípio: Segundo Maria Berenice Dias, a monogamia constitui tão apenas uma regra de orientação, ainda que deva se coadunar com os princípios fundamentais da República. Carlos Eduardo Pianovski Ruzyk, assim escreve: Não se trata [a monogamia] de um princípio estatal de família, mas sim de uma regra restrita à proibição de múltiplas relações matrimonializadas, constituídas sob a chancela do Estado. E completa: Ainda que a lei recrimine de diversas formas quem descumpre o dever de fidelidade, não há como considerar a monogamia como princípio constitucional, até porque a Constituição não a contempla. Seu raciocínio estende-se à seguinte comparação: Ao contrário, tanto [a Constituição] tolera a traição que não permite que os filhos se sujeitem a qualquer discriminação, mesmo quando se tratar de prole nascida de relações adulterinas ou incestuosas. Enfin, revela-se a função ordenadora da monogamia, não a elevando, portanto, ao status de princípio ordenador.

     

    Capacidade para o casamento. Idade núbil

     

    ·         Capacidade civil plena – 18 anos

    ·         Capacidade para o casamento (idade núbil) – 16 anos, com autorização dos pais (art. 1517 CC) ou tutor.

    ·         Havendo recusa de um dos pais, injustificadamente, poderá o juiz suprir o consentimento, autorizando o casamento (art. 1519 CC + art.1631 § único CC)

    ·         Menores de 16 anos podem casar, excepcionalmente, para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez (art. 1520 CC). Dispensa a autorização dos pais

    o   Pena criminal – a posse sexual mediante fraude, assédio sexual, corrupção de menores para a prática de atos de libidinagem. Observação: nos casos de estupro e atentado violento ao puder, o casamento não impede a imposição da pena, e cabe a anulação do casamento.

    o   Não é mais crime: sedução de menores, rapto violento mediante fraude, rapto consensual e o concurso para rapto.

     

    Habilitação para o casamento

     

    ·         É a primeira fase para a celebração do casamento

    ·         Oficial de registro civil de residência de um ou de ambos. Pode ser por procurador.

    ·         Habilitação compõe-se:

    o   Publicidade da documentação e do pedido

    o   Parecer do MP

    o   Homologação pelo Juiz

    o   Certificado de aptidão para a celebração.

    ·         Exigências:

    o   Certidão de nascimento ou documento de identidade

    o   Declaração de 2 testemunhas que não existem impedimentos

    o   Declaração dos próprios nubentes, neste sentido

    ·         Edital dos proclamas em local visível, por 15 dias.

    o   Publicação na imprensa

    ·         Se houver oposição de impedimento ao casamento por qualquer pessoa,

    o   Oficial notifica os nubentes

    o   Nubentes indicam provas de defesa, em três dias

    o   Oficial remete os autos ao Juiz

    o   Ouve-se o MP

    o   Juiz decide (art. 67 da Lei de Registros Públicos)

    o   Expede-se certificado com prazo de validade de 90 dias



    [1] Silvana Maria Carbonera. O papel jurídico do afeto nas relações de família, in Luiz Edson Fachin (coord). Repensando fundamentos de Direito Civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 1998, p. 309.

    [2] José Fernando Simão. O valor jurídico do afeto. A novela ‘Páginas da Vida’ e a parentalidade socioafetiva (http://professorflaviotartuce.blogspot.com.br/2007/03/excelente-artigo-jos-fernando-simo-o.html - acesso em 10.12.2013)

     

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