Programação
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Disciplina FLC6241-1
Etimologia da Língua Portuguesahttps://uspdigital.usp.br/janus/componente/disciplinasOferecidasInicial.jsf?action=3&sgldis=FLC6241
Docente Responsável: Prof. Dr. Mario Eduardo Viaro (Área de Filologia e Língua Portuguesa - DLCV - FFLCH - USP)
Área de Concentração: 8142 Criação: 19/05/2015 Ativação: 19/05/2015 Nr. de Créditos: 8
Endereço: https://meet.google.com/cbo-
Carga Horária:wvbj-ujx Teórica
(por semana)
Prática
(por semana)
Estudos
(por semana)
Duração
Total
4
4
2
12 semanas
120 horas
Objetivos:Apresentar o método etimológico, desenvolvido desde o início do século XIX, expor o panorama da Etimologia da língua portuguesa e de seus problemas, bem como estabelecer os passos básicos para o reconhecimento de uma etimologia científica, por meio de sua prática.
Justificativa:
A Etimologia é uma ciência que foi abandonada do meio acadêmico mundial no início do século XX, como consequência das muitas interrupções causadas pelas guerras mundiais, apesar de ser reconhecidamente um requisito para qualquer estudo de Linguística Histórica, desde seu renascimento na década de 80. Há, nas explicações etimológicas do português, grande diversidade no tocante à qualidade da informação. Nesse sentido, é imprescindível suprir a carência de uma disciplina que foque exclusivamente a Etimologia, para que pesquisadores de Letras conheçam de maneira crítica seu método em detalhe, além de poder informar-se sobre quais são os passos para fazer e reconhecer uma boa etimologia.
Conteúdo:
1. O nascimento do método etimológico científico. A observação das leis fonéticas. O reconhecimento do problema analógico. A relação entre Etimologia e Filologia. A relação entre Etimologia e Gramática. A relação entre Etimologia e Dialetologia. A integração da Linguística Geral e da Etimologia.
2. A distinção entre étimo e origem. As leis fonéticas. A reconstrução. O vocalismo e o consonantismo do português. A convergência e a multicausalidade das palavras com mais de um étimo. A divergência e a solução plural de palavras com mesmo étimo. O léxico culto e o popular.
3. A frequência de uso e a analogia. Etimologia e a expressividade neológica. Mudanças fonéticas especiais: metátese, hiperbibasmo, haplologia. A analogia no ato da fala: o elemento psicológico. Os elementos universais da linguagem na Etimologia.
4. As relações entre a Etimologia e a História. O terminus a quo e o terminus ad quem. Vida, morte e ressurreição das palavras. O empréstimo e o decalque. O problema da variação sociolinguística e da Crioulística em questões etimológicas.
5. A medição dos graus de certeza da hipótese etimológica. O problema etimológico particular da Onomástica. O problema das expressões idiomáticas. O problema da gíria, do jargão e do tabu.
6. A prática etimológica. A figura do etimólogo. Problemas decorrentes da ausência, para a língua portuguesa, de um dicionário etimológico com os padrões internacionais. Dificuldades e desafios.
Forma de Avaliação:
Participação em atividades práticas de pesquisa etimológica, nas discussões em sala de aula e monografia no final do curso.
Observação:
Enfoca-se sobretudo o estado atual da Etimologia na língua portuguesa, em comparação com as demais línguas europeias. Comparar-se-á o método etimológico tradicional com outras metodologias afins.
Bibliografia:
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ZAMBONI, Alberto. La etimología. Madrid: Gredos, 2001.
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- Etimologia como ciência empírica e investigativa em oposição à etimologia fantasiosa ou Pseudo-etimologia;
- O valor dos dados empíricos e dos dados reconstruídos (objeto de discussão de futuros encontros);
- A diferenciação entre tempo e método linguístico (sincrônico ou diacrônico);
- A necessidade de descrições sincrônicas para o estudo diacrônico;
- A inclusão da História junto com a diacronia nas explicações etimológicas;
- O problema da verossimilhança;
- A distinção entre Etimologia, como ciência, e etimologia como explicação etimológica;
- Análise de uma cantiga medieval e a formação de glossários a partir delas, tendo em vista questões de lematização (edição, modernização, interpretação de abreviaturas, flexões de itens lexicais faltantes etc.)
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- hipóteses relativas à qual sincronia o fenômeno teria ocorrido;
- regra de poder pancrônico;
- o problema da coincidência;
- o problema da deriva;
- variação sociolinguística em sincronia. -
Proposta de correção do exercício n.2 apresentado na aula anterior (linguística comparativa), com solução baseada em pressupostos teóricos da linguística histórica.
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Conservações fonéticasMudanças fonéticas regulares (“Leis fonéticas”)- Adições- Subtrações- Transposições- Transformações
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Proposta de correção do exercício n.3 apresentado na aula anterior (linguística comparativa), com solução baseada em pressupostos teóricos da linguística histórica.
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Mudanças fonéticas mais comuns da língua portuguesa. Exemplos de Viaro (2011).
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- A analogia semântica
- A analogia formal
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- Leis fonéticas x analogia: fórmula neogramática
- A precisão da notação das mudanças fonéticas
- Exceções motivadas por frequência de uso (heterogeneidade diatópica, variação diastrática e variação diafásica)
- As hipóteses de exceções analógicas
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Símbolos usados em fórmulas etimológicas
- Fenômenos diacrônicos (herança)
- Fenômenos sincrônicos (criação morfológica, empréstimo, decalque, analogia).
Há dois blocos de exercícios no arquivo em PDF enviado no e-mail anterior, os quais corrigiremos no próximo video-encontro
atenciosamente,
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- Latim derivados de agere, transigere, transactus, transactio
- Transaction em francês (terminus a quo: século XVI)
- Transación em espanhol (terminus a quo: século XVII)
- Transação em português (terminus a quo: século XIV? ou Século XVIII)
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Transar - século XVIII espanhol
Transar - século XX português
- acepção 1: fazer uma negociação
- acepção 2: conversar
- acepção 3: ter relação sexual
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O étimo latino saliva(m)
O étimo sapam
A analogia com o étimo salviam
Problemas de distribuição entre as línguas românicas e de atuação analógica
Em defesa de um étimo *sapiam no iberorromânico
A importância dos dados para a confecção de etimologias válidas: as formas dialetais como prova da analogia inversa de seiva sobre saliva, de origem culta, no português e a sobrevivência de um latim vulgar salivam.
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- Existência dos étimos formados por "criação ex nihilo"
- A classe da interjeições e a sua equivalência em língua japonesa
- A tese da arbitrariedade do signo e seus limites
- A chamada "criação expressiva"
- A formaçao de um item morfológico (o sufixo -Vngo e sua relação inicial com -engo germânico)
- Resumo do curso
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