Superada a apresentação diacrônica da Criminologia a partir de sua narrativa tradicional e o conteúdo básico das teorias etiológicas individuais e sociais, fundadas na ideologia do consenso, o objetivo é a apresentar as teorias criminológicas do conflito, que anunciam a emergência da Criminologia Crítica como campo preferencial de estudo, sem negar a pertinência e permanência das propostas microcriminológicas e teorias de médio alcance, naquilo que lhes é específico. O programa parte, portanto, da crise de método e objeto da Criminologia, fenômeno que se desenvolve do final da década de 70 até o tempo presente, em três etapas. Primeiro, compreender a crítica à economia política da pena, isto é, a relação entre o modo de produção da vida social e as formas de punição e controle social como fundamento da teoria social do crime. Segundo, atualizar essa crítica, que tem origem na primeira quadra do século XX, à luz da ruptura determinada pela incorporação do labelling approach à teoria crítica, com o desenvolvimento das estratégias políticas de resistência ativa aos processos de criminalização, incluindo-se aí o movimento abolicionista. Terceiro, analisar a crítica atualizada à economia política da pena à realidade latino-americana, em geral, e brasileira, em especial, para construção de uma Criminologia atenta às particularidades das sociedades inscritas no sistema capitalista global de modo dependente e subdesenvolvido.