Do faraó Ramsés II até Alexandre, a bacia do mar Mediterrâneo assistiu a processos históricos singulares. Passadas as perturbações geopolíticas e climáticas que abalaram o sistema-mundo do Bronze Tardio por volta de 1200 a.C., se configurou uma nova realidade marcada pela formação de comunidades políticas pequenas, autônomas e urbanizadas. Conhecidas como as cidades-estados gregas, fenícias, púnicas, etruscas e latinas, essas comunidades experimentaram com uma gama variada de regimes sociopolíticos de tipo republicano, alguns radicalmente participativos, mas que variaram nas suas lógicas de inclusão e marginalização. Ao mesmo tempo, fluxos de mobilidade humana transformaram as direções e os ritmos dos contatos culturais e encontros coloniais, sustentando diferentes construções identitárias e invenções do outro/bárbaro. O final desse período assistiu à erupção de simultânea de diversas tendências expansionistas, uma das quais viria a inaugurar uma nova e longa era de integração política na região.
A disciplina oferecerá uma introdução ao estudo de processos históricos que marcaram este recorte crucial do mundo antigo, a partir de um foco em problemas e debates históricos organizados nos seguintes eixos: i) o colapso do sistema-mundo da Idade do Bronze Tardia e seus desdobramentos; ii) o desenvolvimento de cidades-estados gregas, fenício-púnicas e itálicas, a diversidade de seus republicanismos e conceitos de cidadania; iii) a construção de comunidades imaginadas gregas e não-gregas; iv) o despontar aparentemente sincrônico de estados expansionistas no século 5 a.C.
- Docente: Rafael Scopacasa