DIA 02 DE ABRIL; AULA-DEBATE SOBRE CORIOLANO, CIA OCAMORANA, COM O ASSISTENTE DE DIREÇÃO EDUARDO CAMPOS LIMA
PRÓXIMA AULA DIA 02 DE ABRIL: AULA-DEBATE COM EDUARDO CAMPOS LIMA, assistente de direção de ‘Coriolano” , de Shakespeare, pela Cia. Ocamorana
EDUARDO CAMPOS LIMA
Jornalista independente, pesquisador de teatro e literatura e professor em São Paulo. Fez estágio de pesquisa na Columbia University, em Nova York. Atua com jornalismo cultural, pesquisa historiográfica, produção cultural e criação de produtos editoriais e artísticos.
Doutorando no Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês da FFLCH-USP (orientação : Maria Sílvia Betti)
Assistente de direção na Cia. Ocamorana
https://pt-br.facebook.com/pg/Ocamorana/posts/
Autor de “Coisas de Jornal no teatro”, Editora: Outras Expressões, 2014
Montagem de “Coriolano” – de William Shakespeare – da Cia. Ocamorana faz nova temporada em São Paulo
Espetáculo faz temporada popular no Teatro João Caetano de 15 de março a 8 de abril. Obra shakespeariana mostra como a política e a violência humana pouco mudaram em 2500 anos
Fotos de Lenise Pinheiro
“Há um quadro de Klee que se chama AngelusNovus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso”
O Anjo da história – Walter Benjamin
‘Coriolano’, um dos textos menos montados de Shakespeare, mas um dos mais experimentais e intrigantes, volta ao cartaz em montagem da Cia Ocamorama. Com 14 atores em cena, a montagem vibrante e atual tem adaptação e direção geral de Márcio Boaro. A temporada é popular, com ingressos a R$ 20: de 15 de março a 8 de abril no Teatro João Caetano.
Coriolano, por Márcio Boaro
A cada ano notamos mudanças no nosso dia a dia, surgem diferenças comportamentais que são absorvidas rapidamente, vivemos com diferenças significativas em relação há dez anos. Neste quadro a peça Coriolano de William Shakespeare nos salta aos olhos, a história que se passa no período tão antigo que não se tem comprovações históricas de ter ocorrido, mas a história narrada parece ser nossa contemporânea.
O conceito de República (do latim res publica, “coisa pública”) era recente, a história se passa no século V antes de Cristo, mas o jogo de poder e as intrigas políticas são as mesmas. Nas origens da política republicana vemos muitos dos seus vícios.
A ideia de república onde o senado é uma estrutura política de Estado em que são necessárias três condições: um número razoável de pessoas (multitude); uma comunidade de interesses e de fins (communio); e um consenso do direito (consensus iuris). Que nasce das três forças reunidas: libertas do povo, auctoritas do senado e potestas dos magistrados.
Este conceito que parece perfeito não incluía o povo, que se manifesta, a pressão popular cria os seus representantes os “Tribunos do Povo” dentro de um regime que já devia conter os interesses populares.
Neste contexto surge um jovem general romano (aristocrata) que não acredita nos direitos dopovo, que é respeitado como herói de guerra e se coloca como candidato a Cônsul (chefe de estado), os tribunos fazem uma manobra para que ele não seja eleito e que além disto seja exilado, o grande general torna-se inimigo de Roma. Esta narrativa tem 2500 anos, mas poderia ter sido escrita a partir do jornal de hoje, o jogo pelo poder prevalece e o povo continua procurando uma forma de validar seus anseios.
FICHA TÉCNICA
CORIOLANO
De: William Shakespeare // Adaptação: Márcio Boaro // Direção geral: Márcio Boaro // Coordenação do Projeto “ Coriolanus – Visões da Plebe, Visões da Crise”: Mônica Raphael // Assistência de Direção: Eduardo Campos // Direção de Produção Coriolano: Alexandre Brazil
Elenco:
Cia Ocamorana: Mônica Raphael, Manuel Boucinhas, Litta Mogoff
Convidados: Andressa Ferrarezi, André Capuano, Joaz Campos, Pedro Felicio, Rodrigo Ramos, Toni D´Agostinho, Al Nascimento, Aton Macário, Letícia Negretti, Luiz Campos, Thaís Campos.
Direção Musical e Piano ao Vivo: Demian Pinto // Cenário: Antônio Marciano // Figurino: Claudia Schapira // Iluminação: Marcos Carreira // Artes Visuais e Mapping: Rafael Bresciani e Juliana Teixeira // Preparação Corporal: Nei Gomes // Preparação Vocal: Erika Coracini // Produção Musical: Gabriel Hernandes // Fotos: Lenise Pinheiro // Assistência de Produção: Vanda Nogueira //Gestão de Produção: Escritório das Artes // Realização: Companhia Ocamorana de Teatro.
SINOPSE
Caio Marcio Coriolano, é um general romano temido e reverenciado, está em desacordo com a cidade de Roma e seus cidadãos. Impulsionado a ocupar a poderosa e cobiçada posição de Cônsul por sua mãe controladora e ambiciosa, Volumnia, ele não está disposto a agradar às massas cujos votos ele precisa para assegurar o cargo. Quando os Tribunos do Povo fazem com que o povo se recuse a apoiá-lo, a raiva de Coriolano gera um protesto que culmina em sua expulsão de Roma. O herói banido se alia então ao seu inimigo declarado Tulio Aufídio para vingar-se da cidade. Uma obra de Shakespeare que se mostra atual para os problemas das Repúblicas modernas.
HISTÓRICO DA CIA OCAMORANA DE TEATRO
A Cia. Ocamorana de Teatro é fundada em 1997, com Iná Camargo Costa, Alexandre Mate, Márcio Boaro e Mônica Raphael. O trabalho da Companhia sempre foi calcado na criação de obras de teatro épico com recorte histórico real, trabalhando na linha de Brecht, mas também de Piscator e Peter Weiss. A Cia. busca estudar a história a contrapelo para entender as contradições do presente, e pensar a história sempre como algo que está próximo e que os movimentos atuais são por conta do que aconteceu, em um movimento perpétuo.
Serviço
15 de março a 8 de abril
Quinta a sábado 20h30 e domingo 19h
120 minutos