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EXCERTOS DO PROGRAMA DA MONTAGEM ADAPTADA DE NOSSA CIDADE - GRUPO TAPA 1989
A Proposta de Nossa Cidade
Se me perguntassem qual a peça ideal para o Projeto Cultural Arte em Cena, eu responderia, sem sombra de dúvida, que é Nossa Cidade, de Thornton Wilder.
O uso do palco nu, proposto pelo texto, resolve o problema da adaptação a qualquer espaço e lança um desafio à produção, no sentido do detalhamento de cenas de difícil reconstituição como as do casamento, enterro e vida cotidiana de uma cidade. Assim, a peça reúne duas características quase inconciliáveis: uma produção minuciosa, como só se vê nos grandes centros, e a possibilidade de ser montada em qualquer espaço.
Outro ponto importante é o do elenco numeroso, que, de certa forma, inviabiliza sua montagem profissional pelos custos que isso acarreta. Em geral, Nossa Cidade tem sido montada, no Brasil, por elencos amadores. E essa é uma oportunidade de romper esse ciclo vicioso e dar à peça a estatura merecida.
Existe ainda um fator, talvez o mais significativo, que é o alcance popular da peça. Se há peças que estão fadadas ao sucesso, Nossa Cidade é uma delas.
Desde que foi escrita, em 1938, Nossa Cidade tem recebido inúmeras montagens no mundo inteiro. Isso porque Grover’s Corners não é apenas uma cidadezinha de New Hampshire, no interior dos Estados Unidos, mas a síntese de todas as cidades pequenas do mundo ocidental.
Para o Grupo Tapa, montar Nossa Cidade significa a retomada de uma linguagem realista deixada em O Tempo e Os Conways. De certa maneira nosso repertório tem ido um pouco ao sabor dos ventos, ou melhor, dos tempos. Apesar de termos montado tudo o que quisemos, nem sempre foi na ordem que preferimos. Nossa Cidade como O Tempo e Os Conways, trabalha o realismo no tempo e acrescenta a isso a ruptura do espaço.
É, portanto, a peça perfeita para dar sequencia à outra.
O encanto de Nossa Cidade não está na reconstituição nostálgica da vida cotidiana de uma cidade do interior, mas na análise poética de vidas.
(Páginas 06 e 07 – Foto Equipe)
A peça foi adaptada ao contexto brasileiro. As famílias Gibbs e Webb foram substituídas pelas famílias Correia e Toledo.