""Sem Te r r a”, “As s e n t a d o s”, “Ag r i c u l t o res familiar e s” : considerações sobre os conflitos sociais e as formas de organização dos trabalhadores rurais brasileiros" - Leonilde
Os anos 90 se encerram no Brasil com o crescimento da visibilidade política de dois segmentos sociais no meio rural: os "sem terra” e os "agricultores familiares”. O objetivo deste artigo é discutir a historicidade dessas categorias, buscando fazer uma leitura de sua conformação a partir da trajetória organizativa dos trabalhadores rurais e das potencialidades do reconhecimento de sua presença política pelo Estado, através da gestação de políticas públicas a elas direcionadas e da constituição de novas instituições que passam a ser o espaço para onde as suas demandas se dirigem. Numa primeira parte do artigo, apresentamos alguns traços dos momentos iniciais de o rganização dos trabalhadores do campo, ressaltando o papel do sindicalismo rural no esforço de constituição de uma identidade única para esse segmento. A seguir, indicamos como essa unidade sofre fraturas derivadas do intenso processo de mudanças econômicas, sociais e políticas que marcam os anos 70/80. Nas partes seguintes, tecemos algumas considerações sobre algumas das novas categorias que emergem nesse contexto: "sem terra”, "assentados” e "agricultores familiares”, tentando indicar a importância das lutas políticas e da ação do Estado na sua conformação. Finalizando o artigo, apresentamos as novas iniciativas do setor público estatal e sua relação com a eclosão de demandas no campo.