No último dia 14, chegamos à escola no horário de costume, próximo às 13h. Fomos então à sala de ciências para organizarmos nossos materiais. Chegando lá, encontramos um grupo de músicos que iria fazer um trabalho de hip hop com os alunos. Ficamos um tempo por lá, conversando com estes educadores, enquanto aguardavam a chegada de seus alunos. Infelizmente, nenhum deles apareceu. Embora não tenhamos nos estendido muito no assunto, nossos novos colegas pareciam um pouco incomodados com a falta de organização e recursos materiais da escola, queixas comuns a quase todos os estagiários da disciplina.
Às 14h, nossos alunos começaram a chegar e, junto com eles, veio a notícia de que a professora Solange não iria à escola. Pessoalmente, em um dos dias mais frios do ano, com o céu cinzento e a garoa constante, também me senti tentada a não ir. Em menos de dez minutos, dois grupos de alunos haviam se formado e já estávamos distribuindo os materiais. Entretanto, chegou um terceiro grupo, que deixou as mochilas na sala e saiu em seguida. Não soubemos o que fazer. Os demais estudantes nos disseram que é de hábito na escola que se tranque a sala às 14h15. Após consultar a coordenação da escola, foi isso que fizemos.
A realização da atividade foi complicada. Acreditávamos que os alunos possuíam alguma noção sobre a representação de raios de luz e sobre a propagação retilínea. Foi um engano. Eles não haviam visto absolutamente nada sobre o tema e, consequentemente, nossa atividade de câmara escura não fez qualquer sentido para eles. Tentamos fornecer algumas noções sobre os conceitos envolvidos, mas a verdade é que não havíamos nos preparado para tal. A maior diversão dos alunos foi brincar de queimar coisas na chama da vela.
Alguns outros problemas que tivemos: o grupo de alunos que havia sido trancado para fora da sala ainda estava com suas mochilas do lado de dentro. Em determinado momento da aula, eles começaram a bater na porta e pedir para entrarem. A princípio, não permitimos, mas, depois de alguns minutos de insistência, abrimos a porta, entregamos as mochilas e voltamos às nossas atividades. Os outros estudantes, que estavam dentro da sala, insistiram para que fizéssemos isso. Segundo eles, os demais somente entrariam para tumultuar o experimento. Também, tivemos um problema com o aluno Bruno, que discutiu com duas alunas durante a aula, o que terminou em uma guerra de esquadros e apagadores. Felizmente, conseguimos controlar a batalha. Por outro lado, isto não foi suficiente para que o aluno se dispusesse a trabalhar em grupo. Ele terminou rapidamente a atividade e saiu da sala.
Uma lição que podemos tirar desta visita é que devemos sempre pensar em uma atividade com começo, meio e fim, como a que fizemos sobre corpos em rotação, em que usamos como base teórica alguns materiais do GREF. Não podemos ir à escola esperando que os alunos saibam o que queremos, mas sim levar artifícios suficientes para que consigam compreender e lidar com os conceitos envolvidos na atividade.