Programação

  • Tópico 1



    EMENTA

    Apesar das especificidades dos seus respectivos assuntos, os campos da paisagem e da

    arte se interpenetram, redefinindo incessantemente as relações entre estes dois termos.

    Se a noção moderna de paisagem, que já se insinuava na primeira metade do século XIV,

    nasceu de uma operação estética do olhar informada pela arte da pintura, a influência

    recíproca não tardou a se manifestar, seja nas materializações in situ, por exemplo no

    ordenamento do micro cosmo dos jardins que passavam a incluir ou mesmo a criar

    paisagens, seja na tela dos pintores que elegiam as paisagens, por vezes aquelas dos

    jardins, como tema principal.

    Daí em diante, as relações entre a produção paisagística e a produção artística jamais

    deixaram de tensionar os dois campos, modificando seus limites, sem que se trate,

    necessariamente, de uma correspondência automática.

    Mesmo no período contemporâneo, tal permeabilidade se observa de modo cabal nas

    manifestações da chamada landart e em todas as intervenções que fundem arte e

    paisagem de modo inextricável.

    Dadas as oscilações bruscas pelas quais ambas as noções vêm passando na

    contemporaneidade, justifica-se a reconsideração permanente das suas acepções seja no


    pensamento, seja na própria prática, em outros termos, no próprio fazer artístico-

    paisagístico.


    Atentar para o conteúdo artístico nas intervenções paisagísticas e para o conteúdo

    paisagístico nas intervenções artísticas – tema muitas vezes preterido ou tratado de modo

    marginal – parece então se colocar como condição indispensável para desenvolver a

    crítica das intervenções nos campos da paisagem e da arte.

  • Tópico 2

    26 de agosto (aula 1)

    Apresentação da disciplina.

     Leitura da carta de Francesco Petrarca sobre a subida ao Monte Ventoux.

     Discussão do texto “Petrarca na montanha: os tormentos da alma

    deslocada” (Jean-Marc Besse, Ver a Terra, 2006).

    02 de setembro (aula 2)

     Exercício em tempo real: desenho / pintura de paisagem - 1.

  • Tópico 3

    09 de setembro (aula 3)

     Seminário 1 sobre os textos: “Horizonte e estrutura de horizonte: entre o

    oriente e o ocidente” (Michel Collot), “O nascimento da paisagem no

    ocidente” (Alain Roger) e os capítulos “A Paisagem” / “Oceanos e Ondas” /

    “As Quatro Estações” do livro As anotações sobre pintura do Monge

    Abóbora Amarga (Shitao).

    16 de setembro (aula 4)

    Aula expositiva: “Jardins e pinturas medievais”. Textos de apoio: “A

    paisagem de símbolos” (Paisagem na arte, Kenneth Clark); (Landscape of

    man, Geoffrey & Susan Jelicoe).

  • Tópico 4

    23 de setembro (aula 5)

     Aula expositiva: “Paisagem e arte – Renascimento e Barroco”. Textos de

    apoio: “A paisagem dos fatos” (Paisagem na arte, Kenneth Clark);

    (Landscape of man, Geoffrey & Susan Jelicoe).

    30 de setembro (aula 6)

     Discussão do texto “A Terra como paisagem: Brueghel e a geografia” (Jean-

    Marc Besse, Ver a Terra, 2006).

  • Tópico 5

    07 de outubro (aula 7)

     Aula expositiva: “Paisagem e arte – atmosferas”. Textos de apoio: “A

    paisagem ideal” (Paisagem na arte, Kenneth Clark); (Landscape of man,

    Geoffrey & Susan Jelicoe).

    14 de outubro (aula 8)

     Seminário 2 sobre os textos “Vapores no céu. A paisagem italiana na

    viagem de Goethe" (Jean-Marc Besse, Ver a Terra, 2006) e Atmosferas

    (Peter Zumthor).

  • Tópico 6

    21 de outubro (aula 9)

     Aula expositiva: “A paisagem na cidade: dos parques públicos oitocentistas

    ao paisagismo modernista”.

    28 de outubro (aula 10)

     Seminário 3 sobre o texto “As cinco portas da paisagem” (Jean-Marc Besse,

    O gosto do mundo).

    04 de novembro (aula 11)

     Aula expositiva: “Paisagem e arte na contemporaneidade”. Textos de apoio:

    “Pode-se ainda pintar uma paisagem?” (Collette Garraud, L’idée de nature

    dans l’art contemporain); Jeffrey Kastner & Brian Wallis, Land and

    Environmental Art; Francesco Careri, Walkscapes.

    11 de novembro (aula 12)

     Exercício em tempo real: desenho / pintura de paisagem - 2

  • Tópico 7

    18 de novembro (aula 13)

    Alguns dias e todos os dias: panoramas (Feres Lourenço Khoury)

    25 de novembro (aula 14)

    Paisagens surgentes (Vladimir Bartalini).

    02 de dezembro (aula 15)

     Encerramento e avaliação da disciplina.

  • Tópico 8

    AVALIAÇÃO

    A avaliação será feita com base em:

     preparação e apresentação de seminários.

     trabalho final: monografia (em torno de 2.500 palavras) referente a

    conteúdos tratados na disciplina.

  • Tópico 9

    BIBLIOGRAFIA


    ÁLVAREZ, Dario. El jardín en la arquitectura del siglo XX. Naturaleza

    artificial en la cultura moderna. Barcelona: Editorial Reverté, 2007.

    BARTALINI, Vladimir. Paisagens surgentes. Tese de livre docência. FAU-

    USP, 2019. https://teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/16/tde-05042019-

    142108/publico//LD_Vladimir_Bartalini.pdf

    BESSE, Jean-Marc. Ver a Terra – Seis Ensaios sobre a Paisagem e a

    Geografia. Trad. Vladimir Bartalini. São Paulo: Perspectiva, 2006.

    ________. O gosto do mundo. Exercícios de paisagem. Trad. Annie Cambe. Rio

    de Janeiro: Ed. UERJ, 2014.

    CARERI, Francesco. Walkscapes. O caminhar como prática estética. São

    Paulo: Editorial Gustavo Gili, 2013

    CASEY, Edward. Earth-Mapping. Minneapolis: University of Minnesota

    Press, 2005.

    CLARK, Kenneth. Paisagem na arte. Trad. Rijo de Almeida, Lisboa: Editora

    Ulisseia, 1961.

    CLIFFORD, Derek Plint. A history of garden design. London: Faber and

    Faber, 1962.

    CLEMENT, Gilles. Le jardin en mouvement. Paris: Sens et Tonka, 2017 (16a

    ed. revisada e aumentada).

    COLLOT, Michel. “Horizonte e estrutura de horizonte: entre o oriente e o

    ocidente”, in Geograficidade, volume 6, número 2, inverno de 2016.

    GAROFALO, Luca. Artscapes. El Arte como Aproximación al Paisaje

    Contemporáneo. Barcelona, Gustavo Gili, 2004.

    GARCIA DOS SANTOS, Laymert. Politizar as novas tecnologías. O

    impacto-sócio-técnico da informação digital e genética. São Paulo, Editora 34,

    2003.

    GARRAUD, Colette. L’idée de naturedansl’artcontemporain. Paris,

    Flammarion, 1994.

    KASTNER, Jeffrey. & WALLIS, Brian. Land and Environmental Art. N.

    York:Phaidon, 1998.

     KHOURY, Feres Lourenço. Alguns dias e todos os dias: panoramas. Tese

    de livre-docência, FAU-USP, 2010.

    https://teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/16/tde-12072010-

    092635/publico//AlgunsDiasTodosOsDias.pdf

    LASSUS, Bernard. The landscape approach. Philadelphia: University of

    Pennsylvania Press, 1998.

    ___________Couleur, lumière...paysage. Instants d’une pédagogie. Paris:

    Monum, Éditions du patrimoine, 2004.

    LEENHARDT, Jacques (org.). Nos jardins de Burle Marx. São Paulo:

    Perspectiva, 1996.

    MOSSER, Monique, TEYSSOT, Georges. The History of Garden Design.

    London: Thames & Hudson, 1991.

    MOTTA, Flávio L. Roberto Burle Marx e a nova visão da paisagem. São

    Paulo: Nobel, 1983.

    PANZINI, Franco. Per i piaceri del popolo. Bologna: Zanichelli, 1993.

    ______________ Projetar a natureza. Arquitetura da paisagem e dos

    jardins desde as origens até a época contemporânea. Trad. Letícia Andrade. São

    Paulo: Senac, 2013.

    REED, Peter. Groundswell. Constructing the Contemporary Landscape. N.

    York: The Museum of Modern Art, 2005.

    ROGER, Alain. Court Traité du Paysage. Paris: Gallimard, 1997.

    RYCKMANS, Pierre. As anotações sobre a pintura do Monge Abóbora

    Amarga. Tradução e comentário da obra de Shitao. Trad. Carlos Matuck e Giliane

    Ingratta. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.

    SERRÃO, Adriana Verísimo (coord.) – Filosofia da paisagem. Uma

    antologia. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2011.


    6


    WALKER, Peter & LEVY, Leah. Minimalist Gardens. Washington-DC:

    Spacemaker Press, 1997.

    ZUMTHOR, Peter. Atmosferas. Entornos arquitetônicos. As coisas que me

    rodeiam. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2009.

  • Tópico 10