Programação
-
DCP/FFLCH/USP
Jean Tible
jeantible@usp.br
quintas-feiras, às 14h
sala 105
Pasta xx no xerox das sociais
Objetivo
Um fenômeno pouco apreendido é, no entanto, decisivo para as Relações Internacionais: a revolução. Trata-se aqui de buscar compreender esses processos sociais em sua dinâmica internacional. As revoluções transformam os Estados, as estruturas de classe e as ideologias predominantes, em aspectos nacionais e internacionais. Seus fortes impacto e apelo são intrinsecamente transnacionais, dada a existência de um certo grau de unidade na sociedade internacional, de acordo com o teórico da Escola Inglesa Martin Wight. Tais eventos visam revolucionar não somente um Estado ou sociedade, mas o mundo como um todo e suas relações. A política internacional seria, assim, dominada não somente pela tradicional leitura em termos de uma sequência de potências dominantes e os diferentes equilíbrio de poder estabelecidos, mas pelas disrupções e conflagrações, tais como a Reforma e as revoluções francesa, russa ou haitiana.
Hannah Arendt dizia que “guerras e revoluções têm determinado até hoje a fisionomia do século XX”. Pode-se dizer que as Relações Internacionais se centraram na primeira, desde sua fundação. Este curso pretende explorar a segunda via, analisando e debatendo o papel e a atuação dos atores não-estatais e transnacionais, em diálogo com outras disciplinas das ciências humanas e em contexto pós-colonial, condição de nossa contemporaneidade.
Ementa
Colonialidade nas Relações Internacionais. 1648 e as origens das relações internacionais modernas. Inícios do Capitalismo e os commons. A sexta potência. O internacionalismo liberal e suas instituições. Venturas e desventuras do internacionalismo proletário. 1968 como revolução global. A Revolução Iraniana e seus desdobramentos. Multidão e Império nos novos tempos. Tecnopolítica, Vigilância e Resistências nas Redes. Mundo, mundos: cosmopolitismo e cosmopolíticas. Revoltas Globais.
Metodologia de Ensino
Aulas expositivas, seminários voluntários, debates com convidados.
Avaliação
Participação e ensaio.
Obras de referência
ARENDT, Hannah. Sobre a Revolução. São Paulo, Companhia das Letras, 2013 [1963].
BLISSET, Luther. O caçador de hereges. São Paulo, Conrad, 2002.
CAMUS. Albert. O homem revoltado. Rio de Janeiro, Record, 1996 [1951].
HALLIDAY, Fred. Revolution and World Politics: the rise and fall of the sixth great power. Durham, Duke University Press, 1999.
LOWY, Michael (org.). Revoluções. São Paulo, Boitempo, 2009.
MALAPARTE, Curzio. The technique of revolution. 1931.
NEGRI, Antonio. O poder constituinte: ensaio sobre as alternativas da modernidade. Rio de Janeiro, Lamparina, 2015 [1992].
Aula 1
Apresentação do curso25 de setembro
HOFFMANN, Stanley. “An American Social Science: International Relations”. Daedalus, v. 106 n. 3, 1977, p. 41-60.
WALKER, R. B. J. Social movements/World Politics. Millennium: Journal of International Studies, v.23, n.3, p. 669-700, 1994.
WIGHT, Martin. A Política do Poder. São Paulo, Imprensa Oficial, 2002. capítulo “Revoluções Internacionais”.
Parte 1
Mundo moderno e relações internacionais: os marcos das RI e seus inversos
Aula 2
Colonialidade nas relações internacionais (1492, 1804, 1955)1 de setembro
Aula 3
1648 e as origens das relações internacionais modernas8 de setembro
Aula 4
Inícios do Capitalismo e os commons15 de setembro
Parte 2
Revolução e Contra-Revolução
Aula 5
A sexta potência22 de setembro
Aula 6
O internacionalismo liberal e suas instituições
29 de setembro
Aula 7
Venturas e desventuras do internacionalismo proletário6 de outubro
com Josué Medeiros, historiador e doutor em ciência política (IESP/UERJ)
Aula 8
1968 como revolução global13 de outubro
Aula 9
A Revolução Iraniana e seus desdobramentos20 de outubro
Parte 3
Revoltas e Transformações contemporâneas
25, 26 e 27 de outubro
Diálogos com Antonio NegriImpério, Multidão e Comum
HARDT, Michael e NEGRI, Antonio. Império. Rio de Janeiro, Record, 2001.
______. Multidão. Rio de Janeiro, Record, 2005.
______. Commonwealth (Bem-estar comum). Rio de Janeiro, Record, 2016.
______. Declaração: isto não é um manifesto. São Paulo, n-1 edições, 2014.
Aula 10
Tecnopolítica, Vigilância e Resistências nas Redes3 de novembro
com Henrique Parra (UNIFESP) e Silvio Rhatto (pesquisador autônomo)
Aula 11
Mundo, mundos: cosmopolitismo e cosmopolíticas10 de novembro
com Renato Sztutman, DA/FFLCH
Aula 12
Revoltas globais17 de novembro
com Vanessa Zettler (pesquisadora, participou do Occupy Wall Street)
-
Bibliografia básica:
JAMES, C.L.R. Os jacobinos negros: Toussaint L'Ouverture e a revolução de São Domingos. São Paulo, Boitempo, 2010 [1938]. capítulos 1 (a propriedade) e 13 (guerra da independência). [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
BUCK-MORSS, Susan. Hegel, Haiti and Universal History. University of Pittsburgh Press, 2009.
Material:
Oswald de Andrade. Manifesto Antropófago (1928).
Aimé Césaire. Diário de um retorno ao país natal (1939).
Helio Oiticica. Tropicália (1968).
Glauber Rocha. Tropicalismo, Antropologia, Mito, Ideograma (1969).
Eduardo Grüner. A partir de ahora somos todos negros (2009).
-
Bibliografia básica:
WALKER, R. B. J. Inside/Outside: Relações Internacionais como Teoria Política. Rio de Janeiro, Apicuri, 2013 [1993]. (capítulo 1) [na pasta do xerox]
-
Bibliografia básica:
*(Graças ao esforço do Coletivo Sycorax e a Revista Geni, a tradução de “Calibã e a bruxa” ao português estará disponível online a partir do dia 3 de setembro em http://coletivosycorax.org/ )
Bibliografia complementar:
GALINDO, María. Patriarcado y Colonialismo (p. 89-131) em: Mujeres Creando: A despatriarcalizar! Buenos Aires, Lavaca, 2014. [na pasta do xerox]
Material:
Svetlana Alesksiévich. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo, Companhia das Letras, 2016.
-
Bibliografia básica:
MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo, Contraponto, 1998 [1848]
HALLIDAY, Fred. Repensando as Relações Internacionais. Porto Alegre, Ed. UFRGS, 2007 [1999]. capítulo “A sexta grande potência: as revoluções e o sistema internacional”. [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
BRAUNTHAL, Julius. History of the International: Volume 1: 1864-1914. New York: Frederick A. Praeger, Publishers, 1967. [na pasta do xerox]
Material:
Manifesto de fundação da Associação dos Trabalhadores (1864).
-
Bibliografia básica
MURPHY, Craig N. Organização Internacional e Mudança Industrial: governança global desde 1850. São Paulo, Editora Unesp, 2014 [1994]. [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
______. À paz perpétua. Porto Alegre, LP&M, 2008 (1795).
COX. Robert W. "Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory". Millennium - Journal of International Studies 1981; 10; 126 [na pasta do xerox]
LYNCH, Cecelia. "The promise and problems of internationalism". Global Governance, 1999; 5.
Material:
Woodrow Wilson. 14 pontos (discurso). (1919).
-
Bibliografia básica:
BRAUNTHAL, Julius. History of the International: Volume 2: 1914-1943. New York: Frederick A. Praeger, Publishers, 1967. [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
Rosa Luxemburgo. A acumulação do capital: contribuição ao estudo econômico do imperialismo. São Paulo, Nova Cultural, 1985 [1913]. Capítulos 26, 27, 31 e 32. [na pasta do xerox]
Material:
Rosa Luxemburgo. Discurso de defesa em 20 de fevereiro de 1914.
Trotsky sobre a publicação dos tratados secretos (1917).
Lenin sobre a Terceira Internacional (1919).
Peça Rózà (direção Martha Kiss Perrone e Joana Levi; Coletivo Rózà)
-
Bibliografia básica
WALLERSTEIN, Immanuel. “1968: Revolution in the World System”. Theory and Society, XVIII, 4, July, 1989, 431-49. [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
DRUCKER, Peter. Warped: Gay Normality and Queer Anti-Capitalism. Leiden, Brill, 2015.
Material:
Provos. Apresentação (1965) e Constant, New Babylon (1961).
The Black Panther Party Stand for Revolutionary Solidarity (1970).
-
Bibliografia básica:
Bibliografia complementar:
KAPUSCINSKI, Ryszard. O xá dos xás. São Paulo, Companhia das Letras, 2012 [1982]. [na pasta do xerox]
DERRIDA, Jacques e CHÉRIF, Mustapha. Islam and the West. Chicago University Press, 2008.
Material:
Michel Foucault. É inútil revoltar-se? (1979).
-
Bibliografia básica:
SCHMIDT, Eric e COHEN, Jared. A nova era digital: como será o futuro das pessoas, das nações e dos negócios. Intrínseca, 2013. [na pasta do xerox]
ASSANGE, Julian. Quando o Google encontrou o Wikileaks. São Paulo, Boitempo, 2015. [na pasta do xerox]
Wikileaks, The Wikileaks Files: the World According to US Empire. Londres, Verso, 2005.
Bibliografia complementar:
TORET, Javier. Tecnopolítica del 15M: la insurgencia de la multitud conectada (2012).
Material:
Documentários: Cidadãoquatro (2015) e Risk (2016), de Laura Poitras .
Performance: Delivery for M. Assange, de Mediengruppe Bitnik (2013)
-
Bibliografia básica:
Entrevista com David Kopenawa, CEDI, Brasília, 1990
Depoimento Yanomami, de Kopenawa, publicada em Povos Indígenas no Brasil 2006-2010 (ISA)
Descobrindo os Brancos - Depoimento de Kopenawa, recolhido e traduzido por Albert, 1998.
KOPENAWA, Davi e ALBERT, Bruce. A queda do céu. São Paulo, Companhia das Letras, 2015. [na pasta do xerox]
DANOVSKI, Déborah e VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Há mundo por vir? ensaio sobre os medos e os fins. Instituto Socioambiental, 2014. [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
CHAKRABARTY, Dipesh. The Climate of History: Four Theses. Critical Inquiry, 35 (winter), 2009.
Material:
Filme Xapiri, de Laymert Garcia dos Santos et. al. (2013)
Svetlana Alesksiévich. Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear. São Paulo, Companhia das Letras, 2016.
-
Bibliografia básica:
comitê invisível. Aos nossos amigos. São Paulo, n-1, 2016.
GRAEBER, David. Um projeto de democracia: uma história, uma crise, um movimento. São Paulo, Paz e Terra, 2015 [2013]. [na pasta do xerox]
Bibliografia complementar:
BUTLER, Judith. “Bodies in Alliance and the Politics of the Street”. Transversal EICP, 2011.
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro, Zahar, 2013. [na pasta do xerox]
Material:
Exército Zapatista de Libertação Nacional. Primeira Declaração da Selva Lacandona (1994), Quarta Declaração da Selva Lacandona (1996) e Ao Primeiro Encontro Intercontinental pela Humanidade e contra o neoliberalismo (1996).
Beatriz Preciado. Nós dizemos Revolução (2013).