Tema clássico nos estudos urbanos, as relações entre cidade e mobilidade – de mercadorias, de capitais, de populações, também de informações, de ideias e comportamentos – é questão que ganha outras configurações no cenário contemporâneo. O objetivo desse semestre é (a) recuperar alguns desses tópicos dos estudos urbanos, mostrando as relações entre mobilidade, politicas urbanas e gestão dos espaços para, em seguida, (b) indicar os deslocamentos dessas questões no cenário dos circuitos globalizados das mobilidades contemporâneas. Essas questões serão discutidas em três momentos.

 

Na primeira parte, a titulo de introdução aos temas a serem trabalhados na sequência do curso, serão discutidas algumas questões postas no cenário das cidades contemporâneas, tais como propostas por autores de referência nos estudos urbanos: a ênfase será colocada nos deslocamentos dos campos conceituais nos modos de situar e problematizar o lugar da cidade no mundo contemporâneo e as lógicas inscritas na produção dos espaços urbanos. A segunda parte irá tratar, em vários registros, das relações entre cidade, mobilidade e politica, com ênfase nos nexos que articulam a produção dos espaços urbanos, novas formas de controle e gestão das populações. Na terceira parte, essas questões serão retomadas sob prisma das dimensões conflituosas desses processos, o que faz cidade um espaço de disputas em torno justamente das formas de mobilidade e acesso aos recursos e possibilidades de vida que a cidade produz.

 

A questão teórica que perpassa esses três momentos é uma questão chave no entendimento das dinâmicas urbanas e suas relações com mobilidade e seus circuitos: a cidade não é apenas um contexto em que esses processos ocorrem: suas estruturas e seus artetados, os espaços e suas materialidades são recursos de acumulação (é a tese chave de David Harvey), mas também de controle das populações, seus deslocamentos e suas insubordinações, assim como das forma de resistência e luta nos  e pelos espaços da cidade.