Um fenômeno pouco apreendido é, no entanto, decisivo para as Relações Internacionais: a revolução. Trata-se aqui de buscar compreender esses processos sociais em sua dinâmica internacional. As revoluções transformam os Estados, as estruturas de classe e as ideologias predominantes, em aspectos nacionais e internacionais. Seus fortes impacto e apelo são intrinsecamente transnacionais, dada a existência de um certo grau de unidade na sociedade internacional, de acordo com o teórico da Escola Inglesa Martin Wight. Tais eventos visam revolucionar não somente um Estado ou sociedade, mas o mundo como um todo e suas relações. A política internacional seria, assim, dominada não somente pela tradicional leitura em termos de uma sequência de potências dominantes e os diferentes equilíbrio de poder estabelecidos, mas pelas disrupções e conflagrações, tais como a Reforma e as revoluções francesa, russa ou haitiana. Hannah Arendt dizia que “guerras e revoluções têm determinado até hoje a fisionomia do século XX”. Pode-se dizer que as Relações Internacionais se centraram na primeira, desde sua fundação. Este curso pretende explorar a segunda via, analisando e debatendo o papel e a atuação dos atores não-estatais e transnacionais, em diálogo com outras disciplinas das ciências humanas e em contexto pós-colonial, condição de nossa contemporaneidade.