INSTRUÇÕES PARA O TRABALHO DE CAMPO


O objetivo do trabalho de campo é compreender aplicações da logística na gestão e nas políticas públicas, sob a ótica da resolução de problemas. Cada grupo deverá caracterizar e sistematizar propostas para um dado problema de natureza logística. 

A inscrição deve ser feita na página do curso no E-disciplinas USP.  Só são válidos os grupos registrados no sistema. Grupos montados fora do sistema e/ou não comunicados ao professor não terão seus trabalhos aceitos. 

O trabalho será realizado em grupos de 4 alunos. Trabalhos realizados por grupos com número de participantes acima deste não serão aceitos. 

Cada um dos temas ficará a cargo de pelo menos dois grupos por período que, ao final, apresentarão e debaterão suas propostas.

As monitoras da disciplina estarão disponíveis para auxiliar os grupos na orientação à pesquisa e estruturação dos relatórios. Email das monitoras: carolinathalyas@usp.br e julialtcaetano@usp.br . Sempre coloque no assunto dos e-mails "Monitoria Logística" e complemente com o nome do seu grupo ou o tema da sua dúvida.


Tema 1 – Uso de poder de compra do Estado (Monitora: Carolina)

Questão central:

  • Como utilizar as compras públicas como instrumento de estímulo do desenvolvimento econômico, redução de desigualdades e inclusão social?

O atual contexto da pandemia pode ser acrescentado ao desafio, buscando-se situações em que o poder de compra do Estado possa ser exercido tanto para enfrentar a crise sanitária, quanto para produzir externalidades positivas em outros campos. 

Os trabalhos devem abordar situações concretas em que as compras públicas poderiam ser utilizadas para produzir externalidades econômicas positivas. Exemplos de externalidades podem ser o estímulo ao desenvolvimento local, às pequenas empresas, a setores econômicos nacionais ou locais, ao desenvolvimento tecnológico e científico e à agricultura familiar. 


Tema 2 – Uso de tecnologia em compras públicas (Monitora: Carolina)

Questão central:

  • Como aumentar a eficiência das compras públicas valendo-se do uso intensivo de tecnologia da informação? 


Em boa parte do Estado brasileiro, as compras públicas seguem procedimentos arcaicos, com baixo uso de tecnologia e extrema ineficiência. A legislação e o sistema de controle também não ajuda muito, criando barreiras à eficiência das compras, reduzindo a margem de inovação nos processos e inibindo os gestores a assumirem riscos.  A tecnologia pode auxiliar  na melhoria desses processos, tornando-os mais rápidos e de mais simples execução. Além desse uso mais básico, também pode-se utilizá-la, em combinação com técnicas adequadas, para produzir informação e subsidiar decisões.  

Os trabalhos devem identificar problemas em organizações públicas específicas e propor soluções que sejam inovadoras naquele contexto. Por exemplo, pode-se propor melhorias de gestão ao utilizar inteligência artificial e/ou análise de grandes volumes de dados obtidos a partir das compras e das operações das organizações públicas e dos serviços públicos. Também é possível utilizar recursos de identificação eletrônica de materiais e documentos (RFID, Internet das coisas etc.) para simplificar procedimentos e aumentar a disponibilidade de informação.



Tema 3 – Serviços integrados para cidadãos em situação de rua (Monitora: Júlia)

Questão central:

  • Como organizar serviços de atendimento aos cidadãos em situação de rua, a partir da  integração de vários setores, organizações e políticas públicas?


A população em situação de rua é a maior vítima da desigualdade social construída no Brasil. São os mais pobres dentre os pobres. Além da carência de serviços e redes de atendimento e da violência cotidiana a que são submetidos, inclusive pelos agentes estatais, sofrem o preconceito e recebem um tratamento de cidadãos de segunda classe. Uma das maiores dificuldades que se enfrenta neste setor é a fragmentação dos serviços. Há baixa integração nos serviços oferecidos por diferentes organizações e as políticas públicas muitas vezes não são suficientemente articuladas para levar em conta as necessidades dessa população. 

Os trabalhos devem se focalizar em um território específico (pode ser um município, uma região do município ou um grupo de municípios). Devem propor mecanismos de integração de diferentes serviços e políticas públicas. Essa integração pode ocorrer no campo da informação (compartilhamento de dados e sistemas, por exemplo) ou no campo da execução dos serviços  (por exemplo, a oferta de serviços de saúde em equipamentos destinados a atender a população de rua). Será importante que os trabalhos considerem as necessidades específicas dos diversos públicos (desempregados, idosos, famílias, dependentes químicos, pessoas trans, moradores de rua acompanhados de animais de estimação etc.). A atual pandemia pode ser considerada para a oferta de serviços, também. 


Tema 4 – Utilização de big data na saúde pública (Monitora: Carolina)

Questão central: 

  • Como organizar atividades de monitoramento e gestão de crises sanitárias (como a atual pandemia) baseando-se na utilização de grandes volumes de dados (big data) coletados junto a cidadãos, empresas privadas e serviços públicos? 


O quadro da pandemia levantou a importância da utilização de informações de qualidade para seu enfrentamento. iniciativas de vigilãncia epidemiológica em um quadro de urgência demandam dados confiáveis e abrangentes. A gestão da crise demanda  informação praticamente em tempo real para a tomada de decisões ágeis.  O que se tem visto é uma grande dificuldade do setor público neste campo. Além da insuficiência das ações no âmbito federal, verifica-se uma falta de capacidade instalada para coleta e análise de informações para além dos procedimentos já adotados pelo SUS. Tarefas como monitoramento de contatos e infectados, por exemplo, não encontram base informacional adequada.  Um problema se soma que é a necessidade de se coletar informações  sem desrespeitar o direito dos cidadãos à privacidade e ao controle dos próprios dados, sem instituir um estado de vigilância ou permitir que empresas privadas apropriem-se dos dados públicos e do acesso a eles.

Neste tema, a expectativa é a de que se escolha um problema de natureza logística vinculado a uma dada jurisdição (União, estado ou município) e se ofereça uma solução baseada no uso de grandes volumes de dados. O problema pode ser relacionado à produção de informação para a decisão (por exemplo, monitoramento de populações específicas) ou diretamente à prestação de serviços (por exemplo, oferta de serviços de atenção em saúde ou fornecimento de suprimentos a hospitais e outros equipamentos de atendimento). 


Tema 5 – Mobilidade urbana sustentável em São Paulo (Monitora: Júlia)

Questão central:

  • Como organizar os serviços relacionados à mobilidade urbana sustentável em São Paulo de forma a aumentar o nível de integração, melhorar a oferta, manter tarifas acessíveis e reduzir o impacto ambiental?

Como a mobilidade urbana é um tema muito amplo, os grupos deverão escolher uma situação específica onde seja possível oferecer soluções concretas e viáveis.  

A situação escolhida pode envolver um problema de ordem mais geral (por exemplo, a redução do excesssivo número de viagens motorizadas na cidade) ou restringir-se a um determinado modo de transporte (por exemplo, ônibus), a um serviço  (por exemplo, pagamento da tarifa), atividade de gestão específica (por exemplo, coleta e uso de dados para melhoria do serviço) ou a uma determinada região da cidade. 


Tema 6 – Coleta seletiva (Monitora: Júlia)

Questão central:

  • Como implantar uma política de coleta seletiva em um município, promovendo elevada cobertura, alta taxa de adesão da população e inclusão social dos catadores?


Os grupos devem escolher municípios específicos e pesquisar dados básicos sobre resíduos nesse município. Com base nesses dados e outras informações coletadas, devem propor soluções fundamentadas para a implantação da coleta seletiva como proposto.  Caso os municípios já tenham programas de coleta seletiva, estes devem ser objeto de análise, avaliação e propostas de aperfeiçoamento.  O problema deve ser analisado do ponto de vista  social e econômico (viabilidade e financiamento das soluções propostas). 



Monitoria no apoio aos trabalhos

A monitoria da disciplina vai ajudar a esclarecer dúvidas e acompanhar a elaboração dos trabalhos.


Estrutura dos trabalhos

O formato esperado é de uma nota técnica ou relatório de consultoria. Ou seja, os trabalhos devem ser elaborados como se fossem produzidos em uma situação profissional, para atender demandas específicas de gestores públicos. Não se trata, portanto, de elaborar um trabalho acadêmico tradicional, para ampliar o conhecimento científico sobre um tema, mas de produzir um documento a ser utilizado como base para a tomada de decisões pelos gestores. Objetividade, orientação para resultados e fundamentação em dados são requisitos centrais. O uso de figuras, diagramas e tabelas é fortemente recomendado. Evitem textos demasiado longos e apresentação de informações não essenciais. Imaginem que seu leitor/cliente é um ministro, prefeito, secretário estadual ou municipal etc. que precisa tomar decisões e não tem muito tempo para ler longuíssimos documentos, por mais eruditos que sejam.  


Os trabalhos deverão obedecer a seguinte estrutura: 

1) Sumário executivo de 1 página, contendo um parágrafo para cada um dos itens abaixo:

  • Objetivo do trabalho

  • Caracterização breve do tema escolhido pelo grupo

  • Síntese do problema

  • Síntese da solução apresentada

  • Apresentação da estrutura e conteúdo do trabalho

2) Identificação e contextualização do problema de natureza logística 

  • Contextualização do problema 

  • Descrição do problema (principais aspectos, causas, atores envolvidos etc.)

  • Relevância e impactos do problema

  • Dados e indicadores

  • Trade-off(s) logísticos envolvidos 


3) Apresentação da solução para o problema

  • Descrição da solução proposta

  • Justificativa da solução escolhida

  • Estratégia e etapas para implementação da solução

  • Requisitos para  a implementação da solução (recursos humanos e financeiros necessários, normatização, articulações etc.)

  • Indicadores de desempenho logístico para a solução adotada

4) Considerações Finais

5) Referências 


Critérios para avaliação dos trabalhos

  • Objetividade

  • Recorte temático adequado ao tema

  • Profundidade das análises realizadas

  • Fundamentação das análises e soluções em dados relevantes e atualizados

  • Proposição de soluções inovadoras de autoria do próprio grupo

  • Viabilidade das propostas

  • Obediência à estrutura definida acima




Última atualização: domingo, 16 ago. 2020, 21:53