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Após a Segunda Guerra Mundial e o fim do colonialismo, a Guerra Fria acentuou debates sobre a natureza do crescimento econômico, da pobreza e da desigualdade, levando ao surgimento de agências nacionais e internacionais que visavam promover o desenvolvimento naquilo que foi concebido como o “Terceiro Mundo”. A emergência do desenvolvimento como uma ideologia do progresso, um ramo das ciências sociais e uma gigantesca indústria internacional está intimamente ligado ao surgimento da economia capitalista e da expansão colonial. O presente curso propõe uma investigação crítica das premissas e das implicações dessa ordem econômica e das políticas do desenvolvimento a que deu origem. A partir de estudos etnográficos em diferentes regiões do globo, examinaremos o desenvolvimento como uma epistemologia ocidental duradoura, como forma de dominação econômica e burocrática, como um projeto de engenharia social e como uma ontologia particular em constante transformação nas fronteiras do capitalismo contemporâneo. Para tanto, o curso irá perseguir questões tais como: O que é desenvolvimento e quais suas origens? Como o seu sucesso é definido? Quem são os atores e agentes que decidem os termos desse sucesso? Quais limites, problemas e alternativas as visões atuais sobre o desenvolvimento engendram e como diferentes concepções sobre sua natureza são postos em diálogo? Por fim, o curso finaliza com uma discussão sobre futuros alternativos e o papel da antropologia e de comunidades autóctones na produção, disseminação e interpretação de visões alternativas sobre progresso, humanidade e um futuro partilhado

O curso abordará o desenvolvimento (suas premissas, instituições e práticas)  através de diferentes perspectivas teóricas. A literatura sobre o desenvolvimento tem uma história relativamente recente e multifacetada e um dos maiores desafios constitui-se na identificação do objeto a ser estudado e na escolha da metodologia para persegui-lo. Nesse sentido, abordaremos pesquisas que produziram categorias analíticas para não somente para enfrentar os desafios postos pela antropologia do desenvolvimento, como também buscaram solucionar problemas identificados por uma antropologia mais afeita a análise dos fenômenos globais.

Assim o curso irá abordar o desenvolvimento a partir de estudos que (I) analisam criticamente as origens epistemológicas de suas premissas, instituições e práticas; (II) que definem o desenvolvimento como um regime discursivo relacionado aos processos de formação de Estado, às formas de governo e às relações de poder; (III) que problematizam os efeitos práticos da engenharia social e ambiental que propõe, (IV)  que denunciam os conflitos e resistências de povos cujo modo de vida não coadunam com o modus operandis das práticas desenvolvimentistas, (V) aqueles que cotejam os diferentes modo de vida e interpretações postos em contato pela estrutura desenvolvimentista e (VI) aqueles que etnografaram entendimentos alternativos e projetos autóctones sobre o desenvolvimento, bem estar social e humanidade.

 

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