Biodiversidade: Conceito


Biodiversidade: um conceito complexo


Geralmente, quando ouvimos ou lemos algo sobre a biodiversidade de determinado local, como a biodiversidade amazônica ou a do cerrado, percebemos que o foco é o número de espécies de animais e vegetais desses locais (outros grupos de seres vivos são frequentemente ignorados!).

Mas a biodiversidade não se refere somente a isso. Dê uma olhada nos desenhos a seguir. Em qual das imagens você considera haver maior biodiversidade?

Figura 9.2
Figura 9.2: Exemplos de biodiversidade.


Pois é, além do número de espécies, outros aspectos são importantes quando falamos de biodiversidade. No caso das imagens acima, estamos considerando também a equitabilidade, isto é, a abundância relativa entre as espécies. Podemos encontrar duas regiões que possuem, por exemplo, o mesmo número de espécies de anfíbios, mas uma pode ser mais biodiversa que a outra se houver uma maior equidade entre as espécies. No exemplo acima, a primeira região tem o mesmo número de espécies que a segunda, e ambas têm maior riqueza que a terceira. Entretanto, na primeira região, as espécies possuem números semelhantes de indivíduos, enquanto na segunda uma espécie representa a maioria dos indivíduos daquela região. Podemos considerar que o local 1 é mais biodiverso que os outros.

Vemos, com esse exemplo, que determinar a biodiversidade de uma região não é tarefa fácil. Imagine, então, se levarmos em conta que a biodiversidade não se refere somente ao nível de espécies, mas também à variedade genética e ecossistêmica de grupos funcionais e de interações biológicas! Conhecer a vida e suas manifestações nesses diferentes níveis requer um montante de investimentos (inclusive em pesquisadores que façam o trabalho!) e uma quantidade de tempo que já não temos mais. Só para você ter uma ideia, estima-se que para conhecer o número de espermatófitas (plantas com sementes), a partir dos métodos e investimentos que temos hoje, precisaríamos de 380 anos! Provavelmente, muitas espécies estarão extintas antes de termos uma lista das existentes na Terra.

Vale relembrar: mesmo que fosse possível obter essa lista, ela não seria confiável e definitiva, pois, como vimos, não basta saber quais espécies existem no local para conhecermos sua biodiversidade. É necessário entendermos a variabilidade de genes, indivíduos, grupos funcionais, grupos taxonômicos, interações biológicas e ecossistêmicas. Além disso, podemos ainda questionar o conceito de espécie...

Mas a dificuldade de quantificar a diversidade biológica não interfere na necessidade de sua preservação. Afinal, muito já conhecemos sobre os valores da biodiversidade.