Espécies no mundo


Riqueza de espécies no mundo


Você sabe quantas espécies de seres vivos já foram descritas no planeta? Qual ordem de grandeza você imagina: centenas, milhares, milhões? E quantas ainda não conhecemos? Embora muitos cientistas acreditem que o número de espécies existentes possa chegar a 3, 13, 30 ou até mesmo a 100 milhões, atualmente conhecemos uma parcela muito pequena dos organismos existentes. Segundo dados da UNEP (sigla em inglês para o Programa Ambiental das Nações Unidas), estima-se que estejam descritas cerca de 1,75 milhão de espécies de seres vivos (Tabela 9.1).

Tabela 10.1
Tabela 9.1 - Número estimado de espécies descritas mundialmente.
Fonte: UNEP-WCMC, 2000.

As estimativas do número de espécies a serem conhecidas variam enormemente (de 3 a 100 milhões) porque dependem dos métodos utilizados para o cálculo. Até a década de 1970, acreditava-se que o número de espécies e tipos era de 3 a 5 milhões (o conceito de espécie é difícil de ser empregado para, por exemplo, vírus e bactérias). Foi Terry Erwin, pesquisador do Museu Nacional de História Natural, nos Estados Unidos, que, em 1981, analisou a fauna de besouros do Panamá usando um método inovador e criativo: levantou o número de espécies desses insetos em uma copa de árvore de floresta tropical e estimou a porcentagem de espécies endêmicas, que só ocorriam nas copas daquela espécie de árvore. Nas suas estimativas, sugeriu que, em vez de 1 milhão de espécies de besouros (número mais aceito na época), haveria 30 milhões! Muitas críticas foram feitas a esse trabalho, mas a sua maior contribuição foi lançar luz em uma questão importante: há muito mais espécies do que sabemos e essas espécies estão se extinguindo sem mesmo as conhecermos.

Após o trabalho de Erwin, outros métodos mais precisos foram criados para a realização dessas estimativas. A maioria dos trabalhos mais recentes baseia suas projeções nos padrões biogeográficos de diversidade já documentados e nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos, sendo a estimativa mais aceita atualmente a de que existem 14 milhões de espécies e tipos de organismos.

E onde se concentram essas espécies? Quais regiões do mundo são mais ricas em seres vivos?

Apenas 17 países, que juntos compreendem 10% da superfície do planeta, concentram 70% de toda a biodiversidade mundial: África do Sul, Brasil, Bolívia, China, Colômbia, Costa Rica, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar, Malásia, México, Peru, Quênia, República Democrática do Congo e Venezuela. Esses países são conhecidos como B-17, os países megadiversos. Para ser megadiverso, um país deve possuir um número elevado de espécies endêmicas (que ocorrem somente ali) e uma média de riqueza (número de espécies por área) mais elevada que a de outros países.

Em geral, a biodiversidade é maior nas regiões tropicais e tende a diminuir com o aumento latitudinal (com a aproximação dos polos). Não sabemos exatamente por que isso ocorre, mas várias explicações têm sido propostas desde a época dos naturalistas, os primeiros a registrarem essas variações. Provavelmente, determinam a biodiversidade tanto os fatores locais (competição, predação, herbivoria, heterogeneidade de habitats, produção primária) quanto os fatores regionais (tempo evolutivo, estabilidade climática, tamanho da região).

Nas regiões tropicais, encontramos a maioria dos locais conhecidos como hotspots ou pontos críticos da biodiversidade. Os hotspots são regiões com grande diversidade biológica que enfrentam sérias ameaças à sua existência, causadas por pressões como desmatamento, poluição, fragmentação de habitats, entre outras. Para mostrar a sua importância, vale ressaltar que 25% dos pontos críticos englobam quase a metade das espécies conhecidas até o momento. Para conhecer os 34 pontos críticos considerados internacionalmente, clique na Figura 9.1.

Figura 10.1
Figura 9.1: Pontos críticos da Biodiversidade.