Mecanismos evolutivos


Os mecanismos evolutivos


É comum pensarmos que as populações estão sempre em equilíbrio, que os genes dos organismos que compõem uma população possuem sempre as mesmas frequências. Entretanto, a estrutura genética de um grupo de organismos da mesma espécie nunca está em equilíbrio, pois existem pressões que provocam mudanças nessa estrutura. Os mecanismos evolutivos são, portanto, as forças que alteram a composição genética de um grupo de organismos. E quais são os principais mecanismos de mudança?

A mutação é a origem da variação genética. Ela representa qualquer mudança no DNA ou no RNA de um ser vivo. As mutações são geralmente aleatórias, ou seja, não levam em conta possíveis consequências na sobrevivência ou na reprodução do seu portador. Elas não “tentam” suprir uma necessidade do organismo. O fato de uma mutação ocorrer não está relacionado a ela ser útil ou não ao organismo. Uma única mutação pode ter um grande efeito, mas, às vezes, é necessário um acúmulo de mutações para que ocorra uma mudança evolutiva. Há casos em que uma mutação (ou mesmo um acúmulo delas) não causa mudança nenhuma no fenótipo do organismo, mas há outros em que pode ser letal ou pode trazer um grande benefício para o indivíduo. Vale lembrar que as mutações podem ocorrer em qualquer célula de um ser vivo, mas somente aquelas que ocorrem nas células reprodutivas poderão ser passadas à geração seguinte.

Outro mecanismo que pode causar mudanças na composição genética de uma população é o fluxo gênico. Poucas populações estão totalmente isoladas de outras da sua espécie. Os organismos podem migrar de uma população para outra, levando seus genes para o novo local. Se eles conseguem se reproduzir ali, podem adicionar seus alelos à estrutura genética da nova população (obs.: alelos são as formas variantes de um gene que surgiram por mutação).

A deriva genética é um mecanismo, que pode alterar a proporção de alelos em uma população. Ela ocorre por acaso, de forma aleatória. Por exemplo, imagine uma população de lagartos que vivem embaixo de um juazeiro isolado no meio da caatinga brasileira. Se esse juazeiro cai, alguns animais sobrevivem e outros não. Os que ficam não são os mais “aptos”, e sim os mais “sortudos”. Há outras formas de deriva genética, mas todas elas pressupõem que a variação de alelos na população se dá ao acaso e não resultam em adaptação. Para que a adaptação ocorra, indivíduos portadores do alelo variante têm de ter maior possibilidade de sobrevivência e maior sucesso reprodutivo.

O mecanismo de mudança que resulta em adaptação é a seleção natural. Para que o processo de seleção natural seja efetivo, são necessárias algumas condições em uma população:

1) deve haver variação entre os organismos (se todos os organismos de uma população são iguais, como poderá ocorrer seleção?);

2) é necessária uma reprodução diferenciada entre os que possuem a variação e os que não a possuem (os organismos mais aptos para uma determinada condição ambiental terão maior sobrevivência e maior chance de deixar descendentes);

3) a característica tem de ser herdável (deve ter uma base genética, podendo ser transmitida à geração seguinte). Portanto, se houver variação, reprodução diferencial e herança, haverá evolução por seleção natural como resultado.