Apresentação da aula


O que é vida?

Abertura de texto - semana 1

Todos nós possuímos a capacidade de reconhecer a “vida” rapidamente. Discriminar o animado do inanimado parece ser uma habilidade cognitiva que pode nos ajudar em muitos momentos da nossa vida. Como diz James Lovelock, o pai da Hipótese Gaia, nossa sobrevivência (e a da nossa espécie) depende de uma resposta rápida e precisa à questão: “Isso está vivo?”

Entretanto, apesar da nossa facilidade de reconhecer a vida em boa parte das vezes em que somos incitados a isso e de, principalmente, essa habilidade ser profundamente refinada pela nossa capacidade de aprendizagem, ainda assim não somos infalíveis. Como nos lembra o filósofo da ciência Jean Gayon, nos séculos XVIII e XIX, pesquisadores tinham dúvidas se o que viam ao microscópio eram organismos vivos ou corpos inorgânicos sujeitos ao movimento browniano. Na mesma época, questionavam se os esporos eram vivos: estariam eles em uma forma de vida latente ou estariam prontos a “ressuscitar”?

Questões como essas continuam presentes atualmente. Em vários livros didáticos, observamos indagações como: os vírus podem ser chamados de seres vivos? Um ecossistema pode ser considerado “vivo” ou mesmo um “ser vivo”?

Para tentar responder a essas perguntas, precisamos primeiro ter consciência do que compreendemos por “vida” e, talvez mais importante, entender o que significa definir vida. Provavelmente, todos nós vamos concordar que estas não são tarefas simples. Alguns pesquisadores científicos, como Manfred Eigen, chegam a duvidar que seja possível definir esse fenômeno, diante da heterogeneidade de características e capacidades daquelas “coisas” que chamamos vivas. Para ele, a pergunta correta não é “O que é vida?” mas sim “De que maneira um sistema vivo difere de um não-vivo?”.

Mas, todos sabemos, a humanidade construiu uma infinidade de definições, algumas intuitivas, outras teóricas, em diferentes áreas do conhecimento. Nesta aula, ficaremos com os escopos científico e filosófico da definição de vida, mesmo sabendo que corremos o risco de minimizar a diversidade de visões que fomos capazes de criar. Mas esperamos não minimizar a beleza de cada tentativa.