Intemperismo


O intemperismo


O texto O Ciclo das Rochas na Natureza, que lemos na aula passada, descreve de forma bem detalhada o processo de intemperismo. Para estudar a formação dos solos, precisamos compreender os processos de intemperismo e erosão.

O processo de intemperismo está associado ao ciclo hidrológico, especialmente aos processos de precipitação, infiltração e escoamento superficial que influenciam na velocidade do intemperismo. Para compreender os processos de intemperismo com mais clareza, fazemos uma divisão em fenômenos físicos, químicos e biológicos, que agem sobre a rocha e levam à formação de partículas não consolidadas. Mas devemos destacar que essa caracterização dos processos só é realizada para fins de entendimento, pois os processos ocorrem simultaneamente.

Intemperismo físico: promove a modificação das propriedades físicas das rochas (morfologia, resistência, textura) através da desagregação ou separação dos grãos minerais antes coesos, acarretando um aumento da superfície das partículas, mas não modificando sua estrutura. Sua atuação é acentuada em virtude de mudanças bruscas de temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento devido ao clima dão origem a tensões que conduzem à formação de fissuras nas rochas, desagregando-as. A mudança cíclica de umidade também pode causar expansão e contração da rocha, o que leva à desagregação. A figura 1 mostra a desagregação de uma rocha granítica: há blocos de rochas de dimensões variadas resultantes do intemperismo físico.

Espécies vegetais de raízes profundas, ao penetrarem nos vazios existentes, também provocam aumento de fendas, deslocamento de blocos de rochas e desagregação. A superfície exposta ao ar e à água, aumentada pela fragmentação, abre caminho e facilita o intemperismo químico.

Figura 7.1
Figura 7.1: Matacões de granito no Pico das Cabras – Campinas/SP. O maciço rochoso que aflorou inicialmente sofreu desagregação, transformando-se em fragmentos de dimensões variadas.
Fonte: Fotografia de Ermelinda Pataca.


Intemperismo químico: ocorre quando estratos geológicos são expostos a águas correntes providas de compostos que reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua constituição. Esse fenômeno é o intemperismo químico, que provoca o acréscimo de hidrogênio (hidratação), oxigênio (oxidação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em minerais que antes não continham nenhum desses elementos. Muitos minerais secundários formaram-se por esses processos. Este tipo de intemperismo é mais comum em climas tropicais úmidos.

Na figura 7.2, visualizamos a atuação do intemperismo físico, já ressaltado na Figura 7.1, juntamente com o processo químico. Podemos perceber vários fragmentos de rochas e uma desagregação maior na formação do sedimento. A superfície das rochas está desgastada e bastante irregular, pois os minerais menos resistentes ao intemperismo químico já sofreram alteração e foram arrancados da superfície, formando os sedimentos. Os grãos de minerais mais resistentes ao intemperismo ainda se encontram na superfície da rocha.

Figura 7.2
Figura 7.2: Processo de intemperismo em granitos – Pico das Cabras – Campinas/SP.
Fonte: Fotografia de Fernando Lamanna.


Intemperismo biológico: é caracterizado por rochas que perdem alguns de seus nutrientes essenciais para organismos vivos e plantas que crescem em sua superfície. O crescimento de fungos e líquens na superfície das rochas altera a composição química, pois eles liberam ácidos que atacam as rochas, aumentando a velocidade do intemperismo químico.

Os seguintes fatores são condicionantes da velocidade do intemperismo:

  • Material de origem: a ação do intemperismo nas rochas depende de seus materiais constituintes, sua estrutura e composição mineralógica;
  • Clima: a precipitação e a temperatura regulam a natureza e a velocidade das reações químicas. A disponibilidade de água (chuvas) e a temperatura agem acelerando ou retardando as reações do intemperismo;
  • Relevo: a topografia e a cobertura vegetal regulam a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais. Isso interfere na quantidade de água que infiltra e percola no solo. Esse processo (em tempo suficiente) é essencial para a consumação das reações e drenagem;
  • Microrganismos: a decomposição de matéria orgânica libera gás carbônico, cuja concentração no solo pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso diminui o pH das águas de infiltração. Alguns minerais, como alumínio, tornam-se solúveis somente em pH ácido, isto é, necessitam dessa condição para se desprender de sua rocha de origem. Outros produtos de metabolismo, como ácidos orgânicos secretados por líquens, influenciam também os processos de intemperismo, assim como raízes que exercem força mecânica nas rochas, que pode acarretar a sua desagregação;
  • Tempo: variável dependente de outros fatores que controlam o intemperismo, principalmente dos constituintes do material de origem e do clima. Em condições de intemperismo pouco agressivas, é necessário um tempo de exposição mais longo para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.