4. Exemplos de análises críticas

4.3. Módulo de dinâmica de comunidades

Maior nota (10)

Discordo parcialmente da conclusão e argumentos dos autores de que o modelo nulo de Hubbel não é uma explicação realista para a manutenção da diversidade de espécies.

Principais argumentos dos autores:

1.     Apontam que o uso de uma medida absoluta de tempo (em anos), ao invés da medida relativa (em mortes de árvores) diminui em quase a metade o aumento da MDTE que ocorre com o aumento do tamanho da comunidade.

2.     Apontam que a premissa do modelo nulo de Hubbel de que não há variação na probabilidade de mortalidade de acordo com a idade somada ao fato de que a probabilidade de que uma árvore de uma espécie i morra é Ni/K faz com que espécies raras tenham baixas chances de se extinguir e possivelmente tenham seus tempos de persistência superestimados. Acrescentando o parâmetro de idade máxima nas simulações, demonstram que a MDTE era reduzida em até 50% com o estabelecimento de idades máximas de 100 anos, mas pouco reduzida com idades mais altas.

3.     Criticam a premissa de equidade ecológica das espécies, aumentando a probabilidade de morte de 5 das 10 espécies em simulações, demonstrando que mesmo com pequenos aumentos houveram reduções drásticas nos tempos de persistência.

Avaliação:

(1)   Embora a MDTE seja de fato muito reduzida com o uso da medida absoluta de tempo, comunidades realistas ainda apresentariam MDTEs consideravelmente altas, de forma que processos neutros poderiam ser suficientes para manter tempos de persistência altos, não podendo ser completamente descartados como fatores que ajudariam a explicariam a diversidade de espécies.

(2)   O acréscimo do parâmetro de idade máxima só culmina em reduções significativas da MDTE em casos extremos, de forma que parte do alto tempo de persistência das espécies ainda poderia ser atribuído a processos nulos.

(3)   Ao quebrarem a principal premissa do modelo nulo, os autores deixam de avaliá-lo, propondo um novo modelo. Além disso, ao apenas aumentar a probabilidade de morte de espécies, desconsiderando que espécies menos longevas geralmente apresentam altas taxas de natalidade (o que compensaria esse aumento na probabilidade de morte), os autores possivelmente subestimaram os tempos de persistência.

Retorno dos Avaliadores

Corretor 1

Ótima resposta.

Corretor 3

Excelente texto, compondo argumento claro com ótimo uso dos elementos fornecidos pelo autores. A crítica tem um fundamento simples mas lógico, que está também muito claro.


Segunda maior nota (8,0)

1. Conclusão: O Modelo nulo de Hubbell não sustenta o equilíbrio dinâmico entre as taxas de extinção e especiação que mantêm a riqueza de espécies. 

2. Cadeia argumentativa: O tempo de extinção calculado no modelo é super estimado e não é suficiente para se equilibrar com o alto tempo de especiação. Os resultados apresentados validam que o tempo de extinção decresce bastante ao considerar o tempo absoluto em relação ao relativo assim como as taxas de mortalidade diferentes entre as espécies, apresentando um tempo total de extinção muito menor que o apresentado pelo modelo original, e não equilibrado com a especiação que é muito mais lenta.

3. Concordo parcialmente.

4. Não é claramente apresentado porque a taxa de especiação é considerada tão lenta, assim a conclusão geral perde força, apesar dos resultados e conclusão a partir de simulações sobre o menor tempo mediano de extinção de espécies  na comunidade ser bem sustentado. O autor argumenta com o uso da biogeografia e trabalhos com diversas espécies compartilhadas, que as taxas de especiação são muito lentas para repor a quantidade de espécies perdidas pela “deriva ecológica”,  porém  não mostra claramente o tempo de surgimento de novas espécies e não faz uma comparação clara com o tempo calculado de extinção de espécies apresentado nos resultados. Assim o modelo nulo, mesmo com as críticas apresentadas no artigo, ainda poderia explicar a manutenção de alta riqueza de espécies em comunidades, já que mesmo em tempo absoluto menor, as taxas de extinção e especiação estariam balanceadas.

Retorno dos avaliadores

Corretor 1

A conclusão escolhida está ok e a cadeia argumentativa está bem representada.

A crítica foca apenas no fato dos autores não apresentarem os números para especiação. Apesar de ser um ponto relevante,  não seria o único passível de crítica.

Corretor 2
Apresenta bem a cadeia argumentativa associada à conclusão escolhida e faz bom uso da argumentação principal do artigo. Acho a crítica é pertinente.

Terceira maior nota (7,9)

A conclusão que será analisada é a de que o modelo nulo de Hubbell não é robusto a alteração da premissa de equivalência ecológica.

 Os autores justificam a proposta de relaxar este aspecto do modelo de Hubbell foi feita para aproximar de forma ainda que conservadora a realidade a premissa mais estrita do modelo de que as espécies são equivalentes ecologicamente, permitindo que as espécies tenham diferentes mortalidades. Para sustentar esta conclusão o trabalho mostra que ao alterar o modelo proposto por Hubbell aumentando em apenas 1% essa variável, metade das espécies de uma comunidade de riqueza=10 e tamanho populacional=100000, a mediana do tempo de persistência até a extinção diminuí 95%. E com estas mudanças o modelo se torna determinístico  como ilustrado pela figura 4b) na sessão de resultados do artigo, que mostra que as espécies com 1% a mais de chance de morrer são extintas tem uma probabilidade de mais de 90% de estarem no grupo de primeiras 5 extinções.
Concordo parcialmente da cadeia argumentativa apresentada para justificar a conclusão.
Concordo que o modelo nulo é estrito ao considerar as espécies como equivalentes, mas acredito que a proposta de relaxar a premissa somente para mortalidade e não para probabilidade de nascimento não tenha aproximado o modelo de dinâmicas das comunidades vegetais. A proposta de relaxamento também poderia ter adicionado dinâmicas de migração, ponto que considero que seria importante para compreensão da dinâmica da comunidade.

Retorno dos avaliadores

Corretor 1

- Conclusão adequadamente escolhida

- Apresentação da cadeia argumentativa está boa, mas com alguns erros de redação que dificultam a compreensão. Procure revisar seus textos antes de submeter.

- Seria importante explicar melhor a questão de alterar também as taxas de nascimento. Ficou um pouco superficial

- Sobre a migração, esse tópico ainda não havia sido incluído no modelo de Hubbell. Então, não seria esperado que os autores analisassem. 

Corretor 3

A resposta está muito clara, é um texto argumentativo muito bem redigido. A crítica é original e apresenta um ponto não considerado pelos autores, que afeta mesmo a conclusão deles. Senti falta de um pouco mais de elaboração no seu argumento: porque alterar apenas mortalidade não é uma boa aproximação para comunidade vegetais? Por que acrescentar migração ajudaria na melhor compreensão da dinâmica da comunidade? De que maneiras a falta destes dois efeitos comprometem as conclusões do artigo?