Micro e Macroevolução


Como a evolução pode resultar em características novas e complexas?


Outra dificuldade encontrada no Ensino da Evolução refere-se à escala do processo evolutivo. Nos exemplos que vimos até agora (e os que comumente aparecem em livros didáticos e em outros materiais de apoio), aceitamos que os mecanismos evolutivos (mutação, fluxo gênico, deriva genética e seleção natural) explicam pequenas alterações em populações, mas eles são também capazes de explicar as grandes mudanças evolutivas?

Para Darwin, a seleção natural explica as transformações dentro de uma população e essa explicação pode ser extrapolada para além da organização populacional. O problema que há nessa ideia de Darwin é o fato de que nem sempre encontramos os organismos transicionais, ou seja, as formas intermediárias entre um grupo e outro. Para alguns cientistas, esse é um problema relacionado à falta de registro fóssil: nem todas as espécies que já existiram deixaram vestígios, e as mudanças abruptas seriam consequência da falta de registro. Já para os paleontólogos Stephen Jay Gould e Niles Eldredge, as mudanças entre os grupos não são resultado de acúmulos constantes e graduais de modificações, mas sim da alternância de longos períodos de poucas mudanças com rápidos saltos transformativos (veremos essa ideia com mais detalhes na aula sobre processos que originam a biodiversidade).

Mas, independentemente de serem gradualistas ou saltacionistas, é consenso entre os evolucionistas que os mecanismos de mudança presentes na microevolução podem também explicar a macroevolução.

Tomemos como exemplo o processo evolutivo das baleias. O que sabemos sobre isso atualmente? Para uma primeira aproximação, leia o quadro da página 36, sobre as transições no registro fóssil desses animais, de “Evolução, Ciência e Sociedade” (documento editado por Douglas Futuyma e traduzido para o português pela Sociedade Brasileira de Genética, em 2002).