Texto 10 - A célula vegetal
A parede celular
Em geral, a
célula vegetal é limitada por uma parede celular rígida associada externamente
à membrana plasmática. A parede celular é uma das principais características
que diferencia a célula vegetal da célula animal e determina, em grande parte,
o tamanho e a forma da célula, limitando a expansão do citoplasma por variações
osmóticas do meio. Tem um papel importante na adesão e comunicação
intercelular, mediando também o transporte de substâncias entre a célula e o
meio. Existe uma estreita relação entre
a estrutura da parede celular e a função da célula, visto que diferentes tipos
celulares podem ser identificados pela estrutura de suas paredes.
A
arquitetura da parede celular é determinada em grande parte pela celulose, seu
principal componente. De modo geral, as camadas mais externas da parede são
denominadas parede primária e a região de união entre duas células adjacentes é
chamada lamela mediana ou substância intercelular. A maioria das células
vegetais deposita camadas adicionais de parede celular, produzidas pelo
citoplasma, formando a parede secundária internamente à parede primária.
A celulose
é uma macromolécula composta por monômeros de glicose, que se ligam pelas
pontas e formam o arcabouço da parede celular. Assim como o amido e o
glicogênio, a celulose é um polímero de glicose. A diferença entre esses polímeros
é o fato de que a celulose é mais resistente à ação de enzimas e, uma vez que essas
moléculas são incorporadas à parede celular, elas deixam de estar disponíveis
como fonte de energia para a planta. Esses polímeros se agrupam, por pontes de
hidrogênio, em microfibrilas, que, por sua vez, se entrelaçam formando as
macrofibrilas, que se enrolam entre si em um arranjo semelhante a fios em um
cabo. Apenas para efeito de comparação, este arranjo de celulose é mais
resistente do que um cabo de aço de mesma espessura. Além da celulose, a parede
celular possui, também, uma matriz formada por outros polissacarídeos não celulósicos
como a hemicelulose e pectinas, além de glicoproteínas. As hemiceluloses têm um
provável papel no controle da expansão celular, pois se associam às
microfibrilas de celulose, limitando a extensibilidade da parede celular. Por
outro lado, as pectinas são moléculas hidrofílicas e, portanto, introduzem água
na parede primária, conferindo flexibilidade, condição necessária para a
plasticidade da parede. As paredes primárias são constituídas por aproximadamente
65% de água. Essas pectinas também estão presentes na lamela mediana. Além das
glicoproteínas, que têm papel estrutural, a parede celular possui enzimas como,
por exemplo, peroxidases, fosfatases, celulases e pectinases. Células com
função mecânica ou de sustentação possuem lignina, que fornece rigidez e
resistência à compressão. Células epiteliais das plantas apresentam substâncias
graxas como a cutina, suberina e ceras, que conferem resistência e
impermeabilizam os tecidos, diminuindo as perdas de água por evaporação.