Sistema Imunológico


O Sistema Imunológico - Defesa


Uma vez que estamos cercados por um mundo microscópico, cheio de micro-organismos que podem ser potenciais invasores, patógenos ou parasitas de nosso corpo, surgiu, ao longo de milhões de anos de evolução, um sistema corporal capaz de prevenir a entrada e de combater esses invasores, caso eles consigam romper as primeiras barreiras de proteção. Estamos falando do sistema imunológico, que é composto pelas células da linhagem branca do sangue e os órgãos onde essas células são produzidas, maturadas e multiplicadas, como a medula óssea, baço, timo e os nódulos linfáticos.

Na medula óssea , são produzidas as células sanguíneas, tanto as da linhagem branca quanto as da linhagem vermelha. Trata-se de um tecido conjuntivo altamente vascularizado, localizado nos espaços microscópicos entre as trabéculas do tecido ósseo esponjoso. Está presente, principalmente, nos ossos do esqueleto axial e nos grandes ossos do esqueleto apendicular, como nos cíngulos do fêmur e do úmero. Na medula óssea, podemos encontrar algumas células que chamamos de células-tronco pluripotentes, ou seja, que têm a capacidade de originar diversos tipos celulares. Essa diferenciação celular se dá em resposta a substâncias específicas que determinam que tipo de célula sanguínea será formado. Com relação à linhagem branca do sangue, podemos encontrar 5 tipos de células: os neutrófilos, os eosinófilos e os basófilos, que são os chamados leucócitos granulares, e também os linfócitos e os monócitos, que são os leucócitos agranulares. Esses glóbulos brancos do sangue, conforme veremos mais adiante, atuam no sistema de defesa do organismo, seja por fagocitose seja pela produção de anticorpos e substâncias contra os invasores.

Figura 2 - Semana 6

Figura 2 - Células-tronco hematopiéticas pluripotentes


Entretanto, nosso sistema de defesa conta também com outros mecanismos físicos e químicos, bastante eficientes de proteção contra a invasão. Essas defesas primárias ou inatas existem desde o nascimento e protegem contra uma ampla gama de invasores. Entre elas, podemos citar:

Pele: com várias camadas de células queratinizadas, a epiderme fornece uma barreira que dificilmente é vencida quando está intacta. Além disso, a constante descamação das camadas superficiais da pele elimina o excesso de bactérias que vivem na pele.

Células produtoras de muco: As mucosas possuem células secretoras de muco, que lubrifica e umedece as superfícies. Dessa maneira, pequenas partículas, que poderiam penetrar no organismo pelas mucosas, como a nasal, ficam presas nesse muco, que depois é eliminado com as substâncias que ficaram presas nele.

Outros fluidos: como as lágrimas, que lavam as bactérias das mucosas oculares; a saliva, que limpa a superfície dos dentes e a da mucosa da boca; e a urina, que lava a uretra. Além disso, outros fluidos ainda apresentam substâncias bactericidas, como o suor, que contém lisozimas; o suco gástrico e as secreções ácidas da vagina, que desfavorecem o crescimento das bactérias.

Todas essas defesas são bastante eficientes e impedem a entrada da maioria dos invasores. Entretanto, essas barreiras não são à prova de falhas e podem, ocasionalmente, ser rompidas ou destruídas em situações simples do dia a dia, como ao escovar os dentes ou fazer a barba. Quando isso acontece e os patógenos conseguem penetrar, eles ainda encontram uma segunda linha de defesa, que ataca tudo o que é estranho ao corpo.

Uma dessas respostas é a inflamação, que geralmente elimina os micróbios, toxinas e os materiais estranhos no local do dano, impedindo assim a expansão para outros tecidos e preparando o local para a reparação do dano.

A inflamação apresenta quatro sinais clássicos, que são rubor, dor, calor e edema. Dependendo do local e da extensão do dano, a inflamação pode ainda causar o quinto sinal, que é a perda de função. Todos esses sinais acontecem devido a uma vasodilatação na região lesada, aumentando o espaço entre as células dos capilares sanguíneos e permitindo, assim, que substâncias como anticorpos e anticoagulantes saiam do sangue e se desloquem até o local da lesão. Logo após o início do processo, células com capacidade fagocitária (fagócitos) chegam até o local e começam a limpar a área. Os neutrófilos são, normalmente, os primeiros a chegar, mas apresentam vida curta, morrendo logo após fagocitar os seus primeiros micróbios. Já os macrófagos, que chegam um pouco depois, fagocitam uma maior quantidade de partículas e substâncias antes de morrer. Os macrófagos fagocitam tudo, desde micro-organismos invasores até neutrófilos danificados que não mais desempenham sua função.

A próxima fase da resposta imune é o que chamamos de resposta imune adaptativa, que, por ser extremamente específica, apresenta um tempo mais longo de resposta. Essa resposta está dividida em imunidade humoral (relacionada aos anticorpos) e imunidade celular (relacionada aos linfócitos T). Existem diversos tipos de linfócitos, mas os principais são o linfócito B, que é o responsável pela produção de anticorpos, e os linfócitos T, responsáveis pela resposta celular.

Para que ocorra uma resposta imune, as células B e T devem reconhecer a presença de um antígeno estranho. Enquanto as células B são capazes de reconhecer os antígenos e se ligar a eles, na linfa, no fluído intersticial e no plasma sanguíneo, os linfócitos T só reconhecem os fragmentos de antígeno que são “apresentados” pelas chamadas células apresentadoras de antígenos (macrófagos, linfócitos B ou células dendríticas). Esse processo funciona da seguinte maneira: logo após fagocitarem e destruírem o micro-organismo invasor, partes desse mesmo invasor são incorporadas à membrana plasmática da célula apresentadora de antígeno. Agora, essa célula migra pelo sistema linfático até os nódulos linfáticos, onde os linfócitos T auxiliares ficam armazenados. No linfonodo, um linfócito T auxiliar específico para este antígeno será ativado e iniciará um processo de multiplicação.

Depois de ativados, os linfócitos T auxiliares estimularão os linfócitos B a produzirem anticorpos específicos contra esse invasor. Uma vez que foi realizado esse processo de multiplicação e de produção de anticorpos, linfócitos e anticorpos são transportados até a corrente sanguínea e migram até o lugar da infecção. Os anticorpos se ligam aos micro-organismos, impedindo que estes se liguem a outras células ou mesmo promovendo a lise de suas membranas celulares. Os linfócitos T auxiliares que chegaram ao local da infecção estimulam os macrófagos presentes no local a aumentarem sua capacidade fagocitária e continuam a estimular os linfócitos B a produzirem mais anticorpos. Em caso de uma infecção viral, existe ainda um outro tipo de linfócito T, chamado citotóxico, que migra até o local e elimina as células infectadas com o vírus. Depois de todo esse processo, algumas células B e T permanecem vivas e se transformam em células de memória. Assim, quando uma nova infecção com esse antígeno acontecer, a resposta imune adaptativa será muito mais rápida e os sintomas provavelmente nem se manifestarão.

Figura 3 - semana 6

Figura 3 - Tipos de células brancas


Assista ao vídeo abaixo, que resume o funcionamento de uma resposta imune contra antígenos específicos.