Roteiro da Semana 8

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Curso: 08 - Vida e Educação em Ciências
Livro: Roteiro da Semana 8
Impresso por: Usuário visitante
Data: domingo, 28 abr. 2024, 07:44

Descrição

Roteiro da semana 8 do Curso de Vida e Educação em Ciências

Apresentação da aula


Relações interespecíficas

Abertura de texto - semana 8


Na semana anterior, abordamos as relações entre indivíduos da mesma espécie. Nesta aula, nosso foco serão as relações interespecíficas.

Relações harmônicas


Relações interespecíficas harmônicas


As principais relações harmônicas entre espécies são: mutualismo, comensalismo e inquilinismo.

Mas e a “famosa” simbiose? Essa palavra comumente é utilizada de forma equivocada como sinônimo de mutualismo. Na verdade, é um termo genérico, que está atualmente caindo em desuso. Refere-se a qualquer associação permanente entre indivíduos de espécies diferentes, que exerce influência recíproca positiva ou negativa. Assim, parasitismo, comensalismo e mutualismo podem ser considerados simbioses. Esse termo pode ainda ser empregado para designar qualquer relação interespecífica.

Mutualismo


O mutualismo


Relações do tipo mutualismo beneficiam ambas as populações envolvidas. Em muitos livros didáticos, é feita uma separação entre:

- mutualismo (ou mutualismo obrigatório), definido como uma relação obrigatória entre os indivíduos que estão interagindo;

- protocooperação (ou mutualismo facultativo) - ocorre entre participantes que se beneficiam, mas que podem viver de modo independente.

Existem diferentes tipos de mutualismo.

Mutualismo trófico

Cada população participante da interação proporciona à população com a qual se associa um tipo de nutriente específico. São exemplos: os líquens (associações entre fungos e algas), as micorrizas (associações entre fungos e raízes de plantas) e as bacteriorrizas (associações entre bactérias fixadoras de nitrogênio e raízes de plantas).

Mutualismo defensivo

Uma população beneficia-se com alimento ou abrigo e a outra com a defesa contra herbívoros, predadores ou parasitas. Um exemplo típico é a relação estabelecida entre a embaúba e as formigas. Assista aos seguintes vídeos:

Relação de mutualismo entre formiga e lagarta.


Relação de mutualismo entre búfalo e pássaro.

 

Mutualismo dispersivo

Envolve animais que transportam o pólen entre flores em troca de recompensas, como néctar (polinizadores), bem como aqueles que comem frutos ou outras partes suculentas das plantas e dispersam as sementes (dispersores). O mutualismo de dispersão de sementes, geralmente, não é especializado: uma única espécie de ave pode comer muitos tipos de frutos e cada tipo de fruto pode ser comido por muitos tipos de animais. As relações planta-polinizador (Figura 8.1) tendem a ser mais restritivas – um visitante de determinada flor carrega o pólen para outra flor de planta da mesma espécie.

Figura 8.1 - Polinizadores
Figura 8.1: Polinizadores.
Fonte: Fotografia de Alex Popovkin, Bahia, Brazil

!!!Clique aqui se você quiser conhecer um trabalho científico que aborda o tema “mutualismo”.

Comensalismo e Inquilinismo


Comensalismo


Uma das populações se beneficia sem causar prejuízo à outra. Na grande maioria das vezes, a associação ocorre em busca de alimento. Um exemplo é a relação entre os tubarões e as rêmoras, que se aproveitam dos restos dos alimentos capturados pelo tubarão (Figura 8.2).

Figura 8.2
Figura 8.2: Tubarões.
Fonte: Thinkstock.

Inquilinismo


É tratado como um tipo de comensalismo em muitos materiais didáticos. A peculiaridade do inquilinismo está em que uma população obtém proteção ao se associar a uma outra. Exemplos típicos são as plantas epífitas, que se apoiam sobre árvores para obter melhor localização quanto à luz. As árvores, nesse caso, não são beneficiadas nem prejudicadas.

[Atividade] - Enquete


 

Enquete - Semana 8


!!! Enquete - Para realizar a atividade, responda à questão.

Relações desarmônicas


Relações interespecíficas desarmônicas


As principais relações desarmônicas entre diferentes espécies podem ser: amensalismo ou predação, parasitismo e competição.

Novidade: atualmente, alguns ecólogos agrupam certas relações sobre o termo antagonismo (ex.: predação e parasitismo), que é definido como uma interação entre indivíduos de espécies diferentes, que causa redução na aptidão dos indivíduos de uma população e aumento na aptidão dos indivíduos da outra população.

O amensalismo


Amensalismo


Também conhecida como antibiose, refere-se a uma população que inibe o crescimento de outra, sem ser beneficiada.

Essa inibição geralmente é causada pela liberação de substâncias químicas no meio ambiente. O exemplo mais notável ocorre nas chamadas “marés vermelhas”. Nesse caso, a proliferação excessiva de certas algas resulta na liberação de toxinas, que acarretam a morte de crustáceos, moluscos e peixes, sendo prejudiciais até mesmo ao homem.


!!! Harmful Algal Species - Microscopia de varredura do dinoflagelado Alexandrium tamarense (uma das espécies citadas acima).

Predação


A predação


Um predador pode ser definido como um organismo que consome todo ou parte de outro organismo (sua presa), beneficiando-se e afetando negativamente a presa. Isso pode ocorrer devido à redução do crescimento, da fecundidade, ou até mesmo da sobrevivência da população de presas.

Predadores propriamente ditos matam suas presas logo após atacá-las e consomem diversos exemplares dessas presas durante suas vidas. Já os herbívoros são tipos de predadores que também atacam diversos exemplares de presas (no caso, plantas) ao longo da vida, mas consomem apenas parte delas e, geralmente, não as matam. Essas perdas de partes podem afetar o crescimento e/ou a fecundidade das espécies que servem de alimento. Mas, geralmente, as plantas podem compensar os efeitos da herbivoria.

A predação propriamente dita pode até produzir efeitos benéficos sobre uma população de presas. Isso ocorre porque as presas daquela população que não foram predadas podem experimentar uma redução na competição intraespecífica por um recurso limitante. A predação pode ainda permitir a coexistência de espécies competidoras, pois pode manter as densidades de diferentes populações em níveis baixos de tal forma que os recursos não se tornem limitantes e os indivíduos não entrem em competição.

Um exemplo de predação ocorre entre o tamanduá-bandeira e os cupins. Esse animal pode ainda se alimentar de formigas e larvas de besouro.


!!! Clique e conheça um pouco mais sobre o tamanduá-bandeira.

O parasitismo


Parasitismo


Figura 8.3

O parasitismo é uma forma especial de predação, que ocorre quando uma espécie (o parasita) se alimenta de parte de outro organismo (o hospedeiro). Ao contrário do que ocorre com o predador não-parasita, o parasita, em geral, é muito menor que o seu hospedeiro (presa) e raramente o mata. Os parasitas desempenham um importante papel ecológico, pois, através de um controle populacional dos hospedeiros, ajudam a evitar que algumas espécies se tornem dominantes a ponto de excluírem outras da comunidade.

Parasitas que vivem externamente ao corpo do hospedeiro são denominados ectoparasitas (ex.: piolho, Figura 8.3). Já os endoparasitas são aqueles que vivem no interior do hospedeiro (ex.: lombriga).

Antes de prosseguir a leitura, tente se lembrar de alguns outros parasitas que você conhece e procure classificá-los como ecto ou endoparasitas.

Competição


Competição interespecífica


A competição interespecífica ocorre quando duas populações de espécies diferentes, em uma mesma comunidade, apresentam nichos ecológicos muito semelhantes, existindo disputa por recurso que não é suficiente para as duas populações.

Os indivíduos de uma espécie sofrem redução na fecundidade, no crescimento ou na sobrevivência, como consequência da exploração de recursos (ex.: competições entre animais que disputam território) ou interferência de outra espécie (ex.: plantas que eliminam compostos químicos no solo e prejudicam competidoras).

Uma comunidade interessante para a exemplificação de competição interespecífica é o costão rochoso (Figura 8.4). Como a maioria dos organismos é séssil ou semisséssil, o espaço para fixação ou locomoção é fator de disputa. Existe a necessidade de espaço para a sobrevivência dos organismos adultos, bem como para o assentamento de larvas e propágulos. Outro recurso que se pode tornar limitante é a quantidade de nutrientes.

A radiação solar é, com certeza, um dos principais fatores determinantes da presença de algas e, nesse caso, a competição atua na “disputa” por um local menos sombreado. A regulação da taxa de competição, impedindo que a diversidade seja reduzida a uma única espécie favorecida por esse mecanismo, é atribuída à predação.

Figura 8.4
Figura 8.4: Costão rochoso.
Fonte:
http://www.ib.usp.br/ecosteiros/textos_educ/costao/zonacao/zonacao.htm

[Atividade] - Questionário


Questionário - Semana 8


!!! [Questionário] - Responda às questões apresentadas.

Finalizando a conversa


Considerações finais


Vimos que quase todas as relações ecológicas influenciam direta ou indiretamente a densidade de indivíduos na população, interferindo positiva (aumentando a taxa de natalidade) ou negativamente (diminuindo as taxas de natalidade e sobrevivência, e aumentando a taxa de mortalidade). Esperamos que a aula tenha auxiliado a ampliar seus conhecimentos sobre tais relações, bem como estimulado as reflexões sobre estratégias para o ensino-aprendizagem do tema de forma contextualizada.

Para saber mais


tEm Português

  • Predação


  • Jogo - O Jogo do Mico das Relações Ecológicas

  • Artigo 1 - Competição iner e intraespecífica de Eucalyptus grandis e Brachiaria decumbens
  • Artigo 2 - Predação de ninhos artificiais

t Em Inglês

Material Impresso


Semana 8


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