Exercício sobre Fayol: Kodak
Por mais de 100 anos, a Eastman Kodak Company foi um dos símbolos do capitalismo americano de alcance global e sinônimo de praticamente todo tipo de produto ou tecnologia ligados a fotografia. Sua sede, na cidade de Rochester, tornou-se um emblema do poderio da empresa, com sua área gigantesca ocupada por 220 prédios, entre escritórios, unidades de produção de filmes e papel fotográfico. Há pelo menos uma década, a empresa, que dominou o mercado de fotografia mundial, luta para manter seus negócios, mas as novas tecnologias e concorrentes de peso, como Apple e a HP, têm feito a Kodak nem aparecer mais na foto das empresas promissoras do setor de imagem. Em janeiro de 2012, a empresa apresentou perante um tribunal de Nova York um pedido de concordata para reorganizar seus negócios. Com esta solicitação, a Kodak pretendeu reforçar a liquidez nos Estados Unidos e no exterior, rentabilizar a propriedade intelectual não estratégica, solucionar a situação dos passivos e concentrar-se nos negócios mais competitivos.
A receita para a longevidade de uma corporação está relacionada à capacidade de adaptação que ela demonstra. No caso da Kodak, o sofrimento começou com a decadência de seu principal produto, o filme para fotografia. Durante um século, a companhia foi referência absoluta na área, dominando, durante a década de 80, cerca de 85% do mercado americano, o mais importante do mundo. Até que em um belo dia essa hegemonia foi quebrada com o aparecimento de uma nova tecnologia, a das câmeras digitais. Em poucos anos, elas invadiram o mercado, deixando a Kodak numa situação frágil. Ironicamente, a empresa americana foi a primeira a desenvolver a tecnologia de fotografia digital, cerca de duas décadas antes de suas rivais. Mas para preservar seu modelo de negócios, baseado no rolo de filme, seus executivos preferiram a estratégia da negação do óbvio.
A história da companhia nos anos 90 é uma sucessão de erros que combinam arrogância, estreiteza de visão, gestão altamente centralizada e uma excessiva reverência a valores que não condiziam mais com a realidade do mercado. Concorrentes como a HP e a Xerox começaram a reagir à nova onda digital bem antes da Kodak. Em certa medida, a Kodak foi vítima de seu próprio sucesso. Por quase um século, a companhia foi um espelho das ideias de seu criador, George Eastman, um dos empreendedores mais inventivos de todos os tempos. São parte da herança do fundador a obsessão por inovações e o registro compulsivo de patentes. Também faz parte da herança de Eastman, que morreu há quase 80 anos, a crença absoluta na onipotência dos chefes, dos quais ninguém ousava discordar. Um dos grandes desafios dentro da empresa foi libertar as pessoas desse aspecto negativo da antiga cultura corporativa. As pessoas não eram habituadas e muito menos estimuladas a discordar de suas chefias. Esse comportamento, associado à ideia de que o modelo de negócios baseado em filmes e fotografia era eterno, levou o alto escalão da Kodak a cometer um grave erro de avaliação em relação às câmeras digitais. Seus executivos consideravam a tecnologia cara e de pouco apelo ao consumidor. A empresa também não queria alimentar uma concorrência com seu principal negócio. A Kodak só despertou quando o desastre já estava instalado no horizonte, em 2001.
Percebido o erro, a Kodak, dona de uma marca forte e com a tecnologia disponível em seus laboratórios, começou a abastecer o mercado de sucessivos lançamentos - num movimento que ficou conhecido como a primeira grande virada. Em apenas dois anos conquistou a liderança do mercado de câmeras digitais nos Estados Unidos e a terceira posição do setor em todo o mundo. Isso, porém, não foi suficiente.
Transformar um modelo de negócios é uma das tarefas mais inglórias para as grandes empresas. Durante anos, elas se acostumam a ganhar dinheiro de uma determinada forma e, por razões que não têm nada a ver com seu funcionamento interno, precisam mudar tudo. Mais difícil ainda é acertar o momento exato de fazer isso - de acordo com diversas pesquisas sobre o tema, essa é uma das principais causas mortis das grandes corporações. Para mudar um modelo de negócios, o alto escalão de uma empresa precisa enfrentar um sem-número de resistências, a começar da própria diretoria, dos departamentos que serão atingidos e até do conselho de administração. Além disso, é muito mais confortável manter tudo do jeito que está, onde os lucros do velho modelo ainda são concretos e a opção pela transformação é apenas uma geradora de incertezas e desconfortos. Foi exatamente o que aconteceu com a Kodak.
A companhia precisou levantar recursos urgentemente para continuar a operar e isso dependeu da venda de cerca de 1100 patentes depositadas nos Estados Unidos e relacionadas à tecnologia de imagens digitais. Incapaz de explorar as inovações que desenvolveu, a Kodak decidiu abrir mão delas. Neste sentido, a Kodak retirou em 2012 seu nome do teatro que recebe o Oscar. Além disso, a empresa informou o encerramento gradual da fabricação de câmeras digitais, filmadoras de bolso e porta-retratos digitais no primeiro semestre de 2012.
Fonte: Portal Exame
O filme a seguir também mostra esse histórico:
Respondam: Que problemas podem ser apontados,
no que diz respeito à qualidade do processo administrativo?
- Planejamento
- Organização
- Execução
- Controle