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O objetivo deste curso é discutir as possibilidades e os limites do uso da noção de “economia" para a compreensão das sociedades medievais. Para isso, discutirá as crises alimentares que afetaram o continente europeu nos primeiros séculos da Idade Média. Até os anos 1990, a fome dos primeiros séculos da Idade Média era associada à carência de mão de obra e às deficiências técnicas da agricultura dos “tempos obscuros”. Nas últimas décadas, a multiplicação dos dados paleoclimáticos e os avanços da arqueologia preventiva permitiram uma compreensão mais ampla da situação alimentar da Europa entre os séculos VI e XI. Este curso pretende apresentar uma visão de conjunto da fome nesse período, por meio dos seguintes objetivos específicos: (a) identificar as referências à fome (e às suas variantes) em crônicas, anais, histórias, hagiografias, epístolas, poemas, cânones conciliares e editos do período, cotejando-as com os dados fornecidos pelas escavações arqueológicas e pela paleoclimatologia; (b) analisar o comportamento e o papel dos preços dos alimentos em conjunturas de crise alimentar; (c) e, finalmente, examinar as formas pelas quais as comunidades da Alta Idade Média reagiram diante da fome, mais precisamente, os comportamentos das elites laicas e eclesiásticas em situações de escassez de gêneros alimentícios. Tendo como pano de fundo o estudo das crises alimentares, este curso pretende abordar questões metodológicas essenciais à formação de pesquisadores e de professores de História: a crítica das fontes escritas, a análise de relatórios de escavação arqueológica e, mais amplamente, a relação entre História e Cultura Material.



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