Programação

  • RESENHA - Sistema Nervoso Simpático

    ADRENÉRGICOS

    Como visto na introdução ao SNA, este compreende a divisão simpática (S) e parassimpática (PS). A transmissão da informação entre neurônios/neurônios e órgãos efetores ocorre por meio de mediadores químicos, em um processo denominado neurotransmissão. Na divisão do Sistema Nervoso Simpático (SNS), as fibras nervosas pré- e pós-ganglionares emergem da região tóracolombar (Figura 1), sendo a acetilcolina (ACh), o neurotransmissor liberado do neurônio pré-ganglionar responsável pela sinapse ganglionar, via ativação dos receptores nicotínicos. A maioria dos neurônios pós-ganglionares do SNS libera noradrenalina (NA) na junção neuroefetora, que é a sinapse entre o nervo e o órgão efetor. Como exceções  temos os nervos simpáticos colinérgicos, que inervam as glândulas sudoríparas e liberam ACh, ao invés  de NA , que ativa seus receptores muscarínicos . Outra diferença podemos observar na sinapse entre os neurônios pré-ganglionares do SNS que inervam as células cromafins da medular suprarrenal, que estimuladas liberam Adrenalina (Adr) e uma pequena concentração de NA na corrente circulatória. Na sinapse neuroefetora da divisão simpática, a maioria dos neurônios pós-ganglionares libera NA, que ativa os receptores alfa e beta adrenérgicos.

    O processo químico que possibilita a comunicação entre neurônios autonômicos e entre estes e as células efetoras é denominado neurotransmissão . Fig.1. Desenho esquemático do Sistema Nervoso Autôomo (SNA), destacando (pontilhado) a divisão do SNS, mostrando os tipos de fibras, transmissores, as sinapses e os neurotransmissores e tipos de receptores nas sinapses gangliores e neuroefetoras. Adaptado:   Fig.1. Desenho esquemático do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), destacando (pontilhado) a divisão do SNS, mostrando os tipos de fibras, transmissores, as sinapses e os neurotransmissores e tipos de receptores nas sinapses gangliores e neuroefetoras. Adaptado:

     Síntese das catecolaminas

    As etapas de síntese das catecolaminas envolvem várias enzimas, sendo que algumas delas servem como alvo de ação de fármacos (Figura 2). O substrato inicial da síntese das catecolaminas é o aminoácido fenilalanina e tirosina, proveniente da dieta. A fenilalanina, que sofre a ação de uma hidroxilase plasmática dando origem à tirosina, que adentra a terminação nervosa simpática com o auxílio de trasnportador específico. No citoplasma da célula nervosa, tirosina será hidroxilada por ação enzimática da Tirosina hidroxilase em Dopa que, subsequentemente, sofrerá ação de outra enzima (Dopa descarboxilase), resultando em Dopamina.  A dopamina é captada pelas vesículas de armazenamento, onde finalmente ocorre a conversão da Dopamina para NA. Toda essa transformação acontece no axoplasma do neurônio (Fig. 2). A dopamina formada é transportada (via transporte ativo) para o interior dos grânulos, SENDO ESTA UMA ETAPA IMPORTANTE E ESSENCIAL na síntese da NA. A dopamina é também armazenada/estocada em grânulos nas terminações nervosas dopaminérgicas do SNC e nas células cromafins do intestino. A conversão de NA a adrenalina não se efetua nos axônios adrenérgicos, SOMENTE nas células cromafins da medular suprarrenal que armazenam Adrenalina. Nas células cromafns, a NA formada no citoplasma é transportada para vesículas e transformada em adrenalina, pela ação da enzima feniletanolamina n-metiltransferase armazenada no interior dessas vesículas. Essa enzima requer como doador de radical metila a S-adenosilmetionina e é encontrada principalmente na medula da suprarrenal e em certas partes do cérebro, onde a adrenalina parece atuar como neurotransmissor. 

     Fig. 2 Biossíntese e metabolismo das catecolaminasFig. 2. Esquema ilustrativo da biossíntese, armazenamento, liberação das catecolaminas.O substrato inicial de formação das catecolaminas é captado da circulação pelos neurôníos noradrenérgicos e pelas células cromafins na medula da suprarrenal. Adaptada: arquivo pessoal (Cerqueira et al., 2020).

     O estoque e armazenamento das catecolaminas (NA e Ad) nessas varicosidades é controlado fisiologicamente de acordo com a regulação da liberação e metabolismo intraneuronal destas. Nos neurônios o metabolismo das catecolaminas também assegura o controle do estoque das catecolaminas.

    Quando estimulado eletricamente, o nervo simpático libera uma parte do conteudo granular de NA, o qual vai estimular adrenoceptores localizados na membrana das células efetoras (pós sinapse) e também na membrana pré-sináptica dos neurônios (receptores alfa2). A ativação dos receptores alfa2 inibe a liberação de NA, atuando como um mecanismo de retroalimentação negativa. Dessa forma, a liberação de NA pode ser controlada.

    As catecolaminas liberadas sofrem processo de recaptação pela própria terminação nervosa (captação neuronal) ou pelo tecido efetor (captação extraneuronal). Parte da NA captada é inativada por duas enzimas: monoaminoxidase (MAO) e a catecol-O-metiltransferase (COMT). A COMT está presente no citoplasma das células efetoras, transforma a NE em normetanefrina, enquanto a MAO, presente nas mitocôndrias de nervos e células efetoras, transforma a NA em ác diidroximandélico.

    O efeito da NA e Adrenalina liberadas desaparece em poucos minuttos. Pelo menos 90 % da NA é transportada (TNE) de volta para o axoplasma por mecanismo de Transporte de NA (TNA) e dali, é transportada para dentro da vesícula de armazenamento pela ação do transportador vesicular (TVMA) (Capatação neuronal). Além disso, a NA pode ser removida da fenda sinaptica via transportador extraneuronal de monoamina para dentro da célula efetora (TEM).

    Todas essas etapas enzimáticas e de interação das catecolaminas com seus receptores são potenciais alvos de ação de fármacos. 

     Classificação dos receptores e mecanismos molecular

    Os alfa-adrenoceptores têm alta sensibilidade à adrenalina e NA e são praticamente insensíveis ao isoproterenol, enquanto que os b-adrenoceptores têm alta sensibilidade ao fármaco isoproterenol e à adrenalina, sendo pouco ou isento de ação à NA. Os a-adrenoceptores foram subclassificados em a1 e a2. Essa distinção inicial foi baseada em considerações anatômicas e funcionais. Observou-se que a NA era capaz de inibir sua própria liberação atuando sobre a terminação nervosa em receptores a2.

    Outros agentes capazes de bloquear os efeitos das catecolaminas foram descritos e denominados antagonistas que bloqueiam os efeitos das catecolaminas, os quais permitiram diferenciar não somente os receptores a e b, mas também definir os subtipos desses receptores. Estabeleceu-se então que os receptores a e b-adrenérgicos não são homogêneos e, a partir de estudos iniciados por Lands e cols., várias subclasses de receptores e afinidades distintas para as catecolaminas foram definidas (Tabela 1). Com isto, ficou claro que a NA difere da Adr  por sua alta afinidade pelos receptores a e baixa afinidade pelos rec b2. O inverso é válido para catecolamina sintética isoprenalina/isoproterenol. As Tabelas 1 (A, B e C) ilusram os subtipos dos receptores a / b. Os receptores alfa adr possuem duas classes e três subtipos. Da mesm forma, os receptores beta podem ser subclassificados em  beta1 (p. ex. miocárdio) e beta2 (músculo liso e outros tecidos) e beta3 caracterizado no tecido adiposo de roedores e humanos. A existência de um quarto subtipo de adrenoceptor-beta4 foi revelada no tecido adiposo e cardíaco, mas a significância biológica de tais receptores ainda é pouco conhecida.

    Tabela 1 (A, B e C). Há varias décadas, subtipos dos receptores a e b foram descritos, conforme ilustram as tabelas acima. Os receptores alfa adr possuem duas classes e três subtipos. Da mesm forma, os receptores beta podem ser subclassificados em  b1 b2 b3 e b4.

     Vias de sinalização

     Os receptores adrenérgicos são receptores metabotrópicos (vide aula SNA introdução e farmacodinâmica). Eles estão presentes nas membranas celulares e possuem mecanismo molecular dependente da arivação de subtipos de proteias G, no caso dos receptores alfa 1, proteína Gq, e do receptor alfa2, proteína Gi. Os subtipos Beta são todos regulados pela proteína Gs. Quando ativada, a proteína G vai estimular ou inibir uma enzima efetora (PLC, AC) que, por sua vez, atiará segundos mensageiros (ex.: IP3, DAG etc.; Figura 3).

     A liberação de segundos mensageiros irá desencadear várias rspostas nos tecidos. Por exemplo, nos vasos e  coração (Fig. 4).

     Receptores e subtipos


    Tabelas 1, 2 e 3: Receptores e subtipos



    Vias de sinalização

     No coração, exemplificando a ação das catecolaminas no coração, que expressa muito mais receptores beta 1, observa-se um aumento importante, por meio do aumento dos níveis do segundo mensageiro AMPc, todas as funções cardíacas: FC, força de contração, velocidade de encurtamento das fibras, condutibilidade e excitabilidade. Nas células de marca-passo são estimulados canais ativados por AMPc (canais marca-passo), pelas quais a despolarização diastólica é acelerada e o limiar de disparo de potencial de ação é alcançado mais rapidamente. O AMPc também ativa a proteina cinase A, que fosforila diversas proteinas transportadoras de cálcio. Dessa forma, a contração das células musculares cardicas é aumentada à medida que mais cálcio entra na célula proveniente de estoques extracel via canais de cálcio do tipo L e, assim, mais cálcio é liberado do retículo sarcoplasmático via receptores rianodina. O relaxamento mais rápido das células musc cardica é afetado pela fosforilação da troponina e fosfolambano, que ativa a ca-ATPase

     FÁRMACOS ADRENÉRGICOS E ANTIADRENÉRGICOS

     Os fármacos que imitam total ou parcialmente os efeitos da estimulação nervosa simpática sobre os órgãos efetores são denominados adrenérgicos ou simpatomiméticos. Em contrapartida, aquelas que reduzem ou abolem os efeitos da estimulação simpática, bem como de fármacos adrenérgicos, são designadas antiadrenérgicos ou simpatolíticos.

     I- FÁRMACOS ADRENÉRGICOS

     As catecolaminas endógenas noradrenalina, adrenalina e dopamina podem ser muitas vezes utilizadas como fármacos; todavia, terapeuticamente são mais comuns os empregos dos análogos estruturais dessas catecolaminas. Tais compostos apresentam como vantagens terapêuticas biodisponibilidade oral, aumento do tempo de ação e especificidade/seletividade por subtipos de receptores adrenérgicos, o que determina o aumento de suas atividades terapêuticas e a diminuição de seus efeitos adversos potenciais.

    Os fármacos adrenérgicos podem ser classificados, com base no mecanismo de ação, em:

    1.       Fármacos de ação direta (nos rec alfa e beta);

    2.       Fármacos de ação indireta (atuam inibindo o transporte (captçãao) ou metabolismo das catecolaminas;

    3.       Fármacos de ação mista

    Os fármacos adrenérgicos podem atuar diretamente nos receptores (p. ex. NA, adrenalina e isoproterenol) OU indiretamente, promovendo a liberação de NA da terminação nervosa (p. ex., tiramina).

    Os cardiovasculares de agonistas diretos, noradrenalina (α, β1), adrenalina (α, β1, β2) e isoproterenol (β1, β2) são representados no esquema abaixo, o qual ilustra as ações da administração intravenosa de noradrenalina, adrenalina e isoproterenol no homem. A noradrenalina (1) provoca vasoconstrição e elevação da pressão sistólica e diastólica (PAM), com bradicardia reflexa. Isoprenalina (3) provoca vasodilatação e queda na PAM, mas aumenta acentuadamente a força e a frequência cardíacas. A adrenalina (CENTRO) combina as ações da NA e da isoprenalina, mas que resulta em pequeno aumento da PA, devido as ações nos vasos de condutância periférica (2).

     Agonistas de receptores b1-adrenérgicos.

    De acordo com a tabela 2, estão listados vários agonistas dos receptores beta1, cujas ações farmacológicas e segurança para gestante estão descritos em relação ao propranolol.

    Dentre os agonistas β1-adrenérgico específicos destacam-se a dobutamina apresenta certa analogia com a dopamina, visto que possui maior potência para incrementar a força de contração do que a frequência cardíaca. Mais recentemente, juntamente com a dobutamina, o prenalterol foi indicado para o tratamento ambulatorial da insuficiência cardíaca.

     Efeitos adversos: alguns dos principais Necrose no local da injeção, taquicardia, palidez, aumento da PA, hiperglicemia e ansiedade

     

    Agonistas de receptores b2-adrenérgicos

     Em vista da considerável incidência e intensidade de efeitos indesejáveis da isoproterenol (não seletivo b1, b2) no tratamento de doenças broncoconstritoras (asma), dezenas de agonistas mais seletivos pra os receptores b2-adrenérgicos foram desenvolvidos.  Buscava-se ainda nesses fármacos características como: maior biodisponibilidade oral, menor taxa de metabolismo e possibilidade de administração inalatória. Dentre os compostos sintetizados, merecem destaque: orciprenalina, terbutalina, fenoterol e salbutamol.

    Em obstetrícia, a ritodrina é um agonista b2-adrenérgico desenvolvido especialmente para uso como relaxante uterino. É rapidamente absorvida por via oral, porém de forma incompleta. Apresenta propriedades farmacológicas similares às de outros membros do grupo. Sua principal indicação é no tratamento do parto prematuro.

    Efeitos adversos: Os principais efeitos adversos de agonistas b2-adrenérgicos são tremor, taquicardia, tolerância durante o uso continuado e necrose do miocárdio, em doses elevadas.

     

    Agonistas seletivos de receptores a1-adrenérgicos

     A fenilefrina é um agonista específico de receptores a1-adrenérgicos, ativando receptores a somente em concentrações muito elevadas. Possui ações similares às da noradrenalina, porém mais prolongadas, visto que não é metabolizada pela COMT. Seus efeitos são semelhantes aos da metoxamina. É usada como descongestionante nasal e como midriático em preparações oftálmicas. Outros fármacos como metaraminol e miodrina são usados como vasoconstritores em estados hipotensivios.

    Efeitos adversos: Bradicardia reflexa, baixa oxigenação da mucosa nasal (necrose tecidual e perda do olfato).

     Agonistas seletivos de receptores a2-adrenérgicos

    clonidina é uma imidazolina que produz vasoconstrição mediada por receptores a2-adrenérgicos em leitos específicos (rins). Os principais efeitos farmacológicos desse fármaco incluem alterações (redução) na pressão sanguínea e frequência cardíaca, embora apresente várias outras ações importantes. A vasoconstrição é seguida por uma hipotensão prolongada, que resulta da diminuição do fluxo simpático central.

    O principal uso terapêutico da clonidina é como anti-hipertensivo e os seus derivados apraclonidina e bromonidina são utilizados na redução da pressão intraocular.

    Efeitos adversos: sedação, cansaço, secura na boca, hipotensão ortostática, disfunção sexual, dermatite contato. “HIPERTENSÃO DE REBOTE”

     Fármacos adrenérgicos de ação indireta

     Neste grupo se posicionam compostos derivados de fenoletilaminas (tiramina e os a-metilderivados, feniletanolaminas (efedrina) e feniletilaminas e derivados (anfetamina).

     Pouca relevância terapêutica, a tiramina tem sido usada apenas no diagnóstico diferencial do feocromocitoma (tumor da adrenal). A efedrina, fármaco antigo, ainda tem seu uso como descongestionante nasal nas rinites alérgicas, em função da vasoconstrição local que provoca; o estímulo cardíaco e a hipertensão episódica são efeitos adversos eventuais nessas circunstâncias. A anfetamina foi usada pela sua ação central (SNC) no tratamento auxiliar da obesidade e o seu interesse atual é como substância de abuso pelo potencial dependência.

     FÁRMACOS ANTIADRENÉRGICOS

     Antagonistas de receptores a-adrenérgicos

    Os antagonistas podem atuar de forma seletiva, ou não, sobre os diferentes subtipos de receptores adrenérgicos. A grande maioria dos antagonistas a e b-adrenérgicos interage de forma reversível com os receptores; uma exceção é a fenoxibenzamina, um antagonista irreversível, que se liga covalentemente aos receptores a-adrenérgicos.

    Fazem parte deste grupo os antagonistas inespecíficos dos receptores a (p. ex. fenoxibenzamina, fentolamina e derivados do ergot); antagonistas específicos a1 (p. ex. prazosina e doxazosina) e antagonistas específicos a2 (p. ex. ioimbina).

    Esses fármacos causam vasodilatação e queda da pressão arterial, porém com menos taquicardia do que a observada com os antagonistas não seletivos dos receptores a1. Os fármacos podem ser indicados terapeuticamente como anti-hipertensivos; determinam menor grau de hipotensão postural que a fenoxibenzamina e a fentolamina.

     Antagonistas de receptores b-adrenérgicos

     Os fármacos que bloqueiam receptores b-adrenérgicos foram desenvolvidos e colocados em uso clínico desde a década de 60. Muitos deles não são seletivos ou agem como agonistas parciais de receptores b-adrenérgicos. Os antagonistas b bloqueiam competitivamente o receptor, e certos compostos demonstram especificidade maior por um dos subtipos (b1 ou b2; Tabela 3)

     

    TABELA 3 Características de antagonistas b-adrenérgicos em comparação com o propranolol

    Fármaco

    Potência antagonista

    Atividade agonista

    Atividade depressora

     

    Alprenolol

    0,3-0,5

    ++

    ++

     

    Bunolol

    20

    0

    ?

     

    Nadolol

    2-4

    0

    0

     

    Pindolol

    5

    +

    0

     

    Propranolol

    1

    0

    +++

     

    Sotalol

    0,1

    0

    +

     

    Timolol

    6

    0

    +

     

     

    O propranolol, protótipo da classe, atua com antagonista b inespecífico, bloqueando os receptores (b1 ou b2).

    As características de outros antagonistas sintéticos b-adrenérgicos, não seletivos para receptores bl ou b2, são indicadas na Tabela 3, comparativamente ao propranolol.

    A segunda geração de antagonistas b1 são também denominados, antagonistas adrenérgicos cardiosseletivos, têm utilidade terapêutica como, antiarrítmicos, antianginosos e anti-hipertensivos. Essas ações relacionam-se à diminuição do trabalho cardíaco e da demanda de oxigênio, bem como à regularização da frequência cardíaca e à inibição da liberação de renina.

    O metoprolol é um antagonista b1 desprovido de atividade simpatomimética usado no tratamento da hipertensão associada ao feocromocitoma. Induz pouca alteração da frequência e do débito cardíacos e pode inibir a liberação de renina. Seu efeito anti-hipertensivo resulta primordialmente da redução da resistência periférica total.

    Em obstetrícia é usado para reduzir rapidamente a pressão arterial na pré-eclâmpsia, sem diminuir o fluxo sanguíneo útero/placenta. Atravessa a barreira placentária; todavia, hipoglicemia e bradicardia neonatais são raramente observadas.

    Mais recentemente, entre os antagonistas de receptores b1 de 3a.geração, o betaxolol é um antagonista b1-específico disponível em preparações oftálmicas, para o tratamento do glaucoma, e em formulação oral, para o tratamento da hipertensão sistêmica.

     Bloqueadores de neurônios adrenérgicos

     Os bloqueadores de neurônios adrenérgicos interferem na liberação de noradrenalina decorrente da estimulação nervosa. Podem produzir este efeito através da inibição da síntese, do armazenamento ou da liberação do neurotransmissor. Tais agentes não interferem de maneira significativa nas ações das catecolaminas circulantes ou exógenas, bem como de outras aminas simpatomiméticas que agem diretamente sobre os receptores adrenérgicos pós-juncionais. Fazem parte deste grupo os inibidores da MAO (desipramina e pargilina), a a-metil-dopa, a reserpina, a guanetidina e a 6-OH-dopamina, sendo as três ultimas praticamente obsoletas na clínica.

     

     

    Classe farmacológica

    Mecanismo

    Gestação

    (Classificação)

    Lactação

    (Risco)

    Observação

    Agonistas adrenérgicos

     

    Isoprotenerol

    Simpatomimético

     

    β1, β2

    ¹C, ²A

    Moderado

     

    Noradrenalina

    α1, α2

    ¹C; ²B3

    Baixo

    O uso deve ser feito com cuidado

    Adrenalina

    α1, α2, β1, β2, β3

    ²A, ³C

    Baixo

    O uso deve ser feito com cuidado. Pode reduzir a produção de leite

    Dobutamina

    β1

    1-2B; ³C

    Moderado

     

    Prenalterol

    β1

    ¹-²B;

     

    Sem Informação

    Recomenda-se: monitoramento da gestante

    Orciprenalina

    Broncodilatador

    β2

    ¹C

    Sem Informação

    Pouco indicado

    Terbutalina

    β2

    ¹C; ²A; ³B

    Baixo (Inalatório)

    Moderado (Oral, IV)

     

    Não indicado como tocolítico

    Fenoterol

    β2

    ¹,3B

    Moderado

     

    Salbutamol

    β2

    ²A; ³C

    Seguro

     

    Ritodrina

    Tocolítico

    β2

    ¹B, ³C

    Moderado

     

    Fenilefrina

    Descongestionante

    α1

    ¹,3C

    Moderado

     

    Metoxamina

     

    α1

    ¹C

    Sem Informação

    Fora do Mercado

    Metaraminol

    Vasopressor

    α1

    ¹C

    Sem Infomação

     

    Midodrina

    α1

    ¹C

    Sem Informação

     

    Clonidina

    Anti-hipertensivo

    α2

    ¹,3C; ²B3;

    Alto

    Recomenda-se: monitoramento da gestante;

    Interrupção da medicação ou amamentação

    Apraclonidina

    (Colírio)

    α2

    ²B3; ³C

    Moderado

    Recomenda-se: Interrupção da medicação ou amamentação

    Bromonidina

    (Colírio, Tópico)

    α2

    1-2B

    Sem informação

    Recomenda-se: Interrupção da medicação ou amamentação

     

     

     

     

     

     

     

    Antagonistas adrenérgicos

    O uso de betabloqueadores pode estar associado a bradicardia e hipoglicemia fetais e, possivelmente, restrição

    do crescimento fetal

    Fenoxibenzamina

     

     

    ¹,3C

    Moderado

     

    Prazozina

    Anti-hipertensivo

    α1 (agonista inverso)

    ¹C; ²B2

    Alto

     

    Doxazosina

    α1

    ³C

    Alto

     

    Bunolol

    β1 (não seletivo)

    ¹C

    Moderado

     

    Nadolol

    β1, β2

    ¹,3C

    Alto

     

    Pindolol

    β1 (não seletivo)

    ¹B; ²C

    Baixo

    Pode Causar braquicardia fetal

    Propranolol

    β (não seletivo)

    1-3C;

    Moderado

    Pode causar redução da perfusão da placenta, braquicardia e hipoglicemia fetal

    Sotalol

    β1

    ¹B; 2-3C

    Moderado

    Recomenda-se troca de medicação

    Timolol

    β1, β2

    ¹-3C

    Baixo

    Uso não recomendado na gestação

    Metoprolol

    β1

    1-3C

    Alto

     

    Betaxolol

    β1, β2

    1,3C

    Moderado

     

    Atenolol

    β1

    ¹,3D; ²C

    Alto

     

     

    Outros

     

    Desipramina

    Anti-depressivo

    Bloqueio da recaptação de serotonina

    ¹C

    Baixo

     

    Pargilina

    Inibidor da MAO

    ²B3

    Sem Informação

    Uso não recomendado durante amamentação

    alpha-metildopa

    Anti-hipertensivo

    Simpatomimético de ação central

    ¹B, ³C (Oral)

    ¹,3C (i.v.)

    Moderado

    uso com cuidado

    Reserpina

    Inibição da bomba ATP/Mg2+

    ¹C

    Alto

     

    Guanetidina

     

    ¹C

    Moderado

     

     

     

     

     

     

     

     REFERÊNCIA.

    Farmacologia Integrada. Roberto de Lúcia e Col. 

    FDA (Food and Drug Administration, EUA); ²TGA (Therapeutics Goods Administration, Australia); ³Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil).


  • 3. PRÁTICA - SNA - EFEITO SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR


    Objetivos da aula: Investigar os efeitos de diferentes fármacos sobre o coração e vasos (artérias e arteríolas).  Espera-se que os alunos consigam descrever os efeitos dos fármacos selecionados sobre o sistema cardiovascular do animal anestesiado.

    Metodologia; Cão anestesiado foi canulado para administração venosa dos agentes testes e para avaliação da pressão arterial e medidas dos parâmetros cardíacos. Agentes testes foram administrados e os parâmetros cardiovasculares mensurados.

    Farmacos:

    Adrenalina

    Noradrenalia

    Isoproterenol (isoprenalina)

    Outras

     Resultados: acesse o link abaixo, selecione os fármacos da classe dos adrenérgicos. Discuta o possível efeito no sistema cardiovascular, com base no seu conhecimento.

    https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7313267/course/section/6406688/Simulador%20SNA%20-%20vers%C3%A3o%202017-03-17.exe

  • VIDEO-AULAS ADRENÉRGICOS E ANTIADRENÉRGICOS

       

     

  • Complemento aula 1 - ADRENÉRGICOS

     

     

  • VIDEO-AULAS ANTIADRENÉRGICOS

     

     

  • Revisão - Questões para Estudo

  • Resenha parassimpático: parassimpatomiméticos e líticos

    Introdução

    São fármacos que ativam receptores colinérgicos, receptores de acetilcolina

    Colinérgicos podem agir de duas maneiras

    ●        ação direta: agonista colinérgicos

    ●        ação indireta: aumenta a quantidade de acetilcolina na fenda sináptica

    Quando os fármacos vão mimetizar ações parecidas com o do Sistema Nervoso parassimpático, são chamados também de parassimpaticomiméticos, mas nem SEMPRE MIMETIZAM todas as ações.

     ●        Terminal axônico colinérgico: tem na sinapse com efetores do parassimpático, na sinapse nos gânglios tanto nos simpáticos quanto no parassimpático, na junção neuromuscular, na fibra que inerva a medula adrenal.

     A colina passa para dentro e se junta com a acetil CoA produzida na respiração através da enzimas colina acetil esterase, formando acetilcolina. Precisa ser transportada do citosol para dentro de vesículas para assim ser liberada. AO chegar um potencial de ação no terminal axônico, a membrana é despolarizada, abertura de canais para cálcio dependentes de potássio, aumento cálcio no interior do neurônio, e esse cálcio faz com que a vesícula se funda na membrana e libera acetilcolina na fenda sináptica.

    Essa acetilcolina pode ativar seus receptores na membrana pós sináptica: o tipo de receptor depende do tipo de tecido que se encontra.

    A acetilcolina também não fica muito tempo na fenda, e é metabolizada pela enzima ACHE (acetilcolinesterase) pode estar na membrana pós ou pré sináptica), degradando a acetilcolina a acetato + colina. A colina é captada e transportada para dentro, reciclando o processo.


    Os fármacos colinérgicos atuam diretamente nos receptores colinérgicos ou inibem a enzima que a degradam, a enzima acetilcolinesterase

    Receptores colinérgicos

    ●        receptor muscarínico: presentes nos efetores do parassimpáticos

    ●        receptor nicotínico: mediaram ações da nicotina, presentes nos gânglios autonômicos e na junção neuromuscular

     

    Agonistas dos receptores colinérgicos: ação DIRETA E INDIRETA

    AÇÃO DIRETA

    Agonistas dos receptores colinérgicos

    ●        ésteres de colina: a própria acetilcolina


    -        se liga aos dois receptores - tanto muscarinico quanto nicotínico

    -        o grupo éster é o alvo - responsável pelo reconhecimento e atividade da enzima acetilcolina esterase.

    -        grupo polar faz com que a molécula seja pouco lipossolúvel

     A adição de um grupo metil em laboratório fez com que a acetilcolina tivesse mais seletividade pelo receptor muscarínico, contudo, permaneceu sendo facilmente degradada pela enzima colinesterase (presença do grupo éster) e ainda não tendo tanta utilidade. Com isso, modificaram o grupo éster em carbacol para não sofrer facilmente degradação e ter uma meia vida mais longa.

     

    Nova molécula com essas duas alterações:

     Inserção do grupo metil e alteração no grupo éster = BETANECOL mais utilizada na clínica por apresentar mais seletividade pelo receptor muscarínico (pouco lipossolúvel)

     ●        Acalóides naturais

    -        Obtidos da natureza. São naturalmente seletivos para o receptor muscarínico OU receptor nicotínico

    -        utilidade na clínica: PILOCARPINA

    -        não tem o grupo éster = resistentes a ação da enzima acetilcolina esterase com exceção da muscarina.

    OBS: a acetilcolina esterase: sítio ativo

    -        A parte que tem OH reage com o éster da acetilcolina - ocorre a clivagem de acetilcolina (acetato + colina)

    -        A parte que tem o COO- reage com a parte que tem N+

    colina vai embora e a parte clivada (acetato) fica momentaneamente ligada (impedindo momentaneamente novas ligações de acetilcolina) e posteriormente se desfaz - liberando acetato

     Fármacos colinérgicos de ação indireta

    Se classificam em três classe:

    ●1        inibidores reversíveis de ação curta: se liga com o sítio ativo -  interação eletrostática (fraca e não é duradoura)

    ●2        inibidores reversíveis de ação intermediária: regiões circundadas em azul reagem também com a hidroxila (carbamil - presença de um nitrogênio ao invés de um oxigênio - desligamento um pouco mais duradouro - fica mais tempo ocupada).

    • 3 inibidores irreversíveis: derivados do ácido fosfórico (organofosforados), característica em comum é o grupo fósforo. O grupo fósforo reage com o grupo hidroxila, fosforilando a enzima - ligação persistente. A inibição da acetilcolina esterase pelos organofosforados é irreversível justamente pela reação do sítio ativo OH com o grupo fosfato, no qual é uma reação quase permanente.

    USOS CLÍNICOS - COLINOMIMÉTICOS






    Fármacos anticolinérgicos

    São fármacos que impedem a ação da acetilcolina endógena nos receptores colinérgicos. Podem ser de:

    ●        ação direta: antagonista

    ●        ação indireta: baixa concentração de acetilcolina

     

    Antagonistas dos receptores colinérgicos

    Podem atuar BLOQUEANDO seletivamente os receptores muscarínicos ou nicotínicos

    Muscarínicos

    ●        não seletiva

    ●        M1

    ●        M3

     Nicotínicos

    ●        bloqueadores ganglionares

    ●        bloqueadores neuromusculares

     Antagonistas não seletivos dos receptores muscarínicos

    Antagonistas receptores muscarínicos - efeitos

     

    TGI e urinário

    ●        M. liso: relaxamento: M3

    ●        Uso terapêutico: antiespasmódico, bexiga hiperativa

     Glândulas

    ●        (-) secreção: receptores M3 e M1

    ●        Uso terapêutico: baixa secreção pulmonar e salivar, tratamento úlcera gástrica

     xemplos: Atropina, escopolamina e ipratrópio

    A atropina é um fármaco alcalóide que atua como um antídoto nos casos de intoxicação por inseticidas organofosforados ou para o tratamento de arritmias cardíacas ou úlcera péptica, pois tem ação antiarrítmica e antiespasmódica. Ele é um antagonista não seletivo dos receptores muscarínicos que age nas terminações nervosas parassimpáticas, inibindo-as.


    Sistema respiratório

    ●        Broncodilatação: receptores M3

    ●        Uso terapêutico: tratamento asma

     Olho

    ●        Dilatação da pupila: receptores M3

    ●        Uso terapêutico: exame de fundo de olho

     

    SNC

    ●        Sedação, amnésia

    ●        Uso terapêutico: antiemético (escopolamina)

     Sistema cardiovascular

    ●        Cronotropismo positivo: receptores M2

    ●        Efeitos adversos: taquicardia

     Antagonistas dos receptores nicotínicos

    ●        Hexametônio – não absorvido via oral

    ●        Trimetofan - inativado por via oral - administrado por via i.v.

     Efeitos:

    (-) gânglio simpático: diminuição PA

    (-) gânglio parassimpático: perda acomodação da visão - perto,

    dilatação pupila, diminuição  motilidade TGI

    Uso terapêutico:  diminuição PA em emergências

     Anticolinérgicos de maneira indireta

    ●        hemicolíneo: (-) transportador de colina

    ●        Vesamicol: (-) transporte ACh para vesícula

     OBS 1: Botox - impede a liberação de acetilcolina, impede a junção da vesícula com a membrana pré sináptica.

     OBS 2: Qualquer fármaco que impede o aumento de cálcio, também impede a liberação de acetilcolina na fenda sináptica - porque não promove a despolarização da membrana.






  • Revisão

    Video do encontro 15/09

  • Tópico 9

  • Tópico 10