Não há caminho fácil ou atalhos para o desenvolvimento, como demonstra a história do pequeno grupo de países que teve sucesso nesse terreno, em aberto contraste com a imensa maioria que sobrevive com padrões de civilização abaixo do razoável.

Essa realidade, que questiona insistentemente as narrativas que apenas procuram generalizar as virtudes das economias que deram certo, tornou-se ainda mais complexa com o lugar cada vez mais especial ocupado por conhecimento, ciência, tecnologia e inovação. Seja na produção industrial, na agricultura ou no mundo dos serviços, o desenvolvimento dos países é cada vez mais dependente da geração de conhecimento, de informações qualificadas, habilidades e competências diversas. São variáveis que impactam a capacidade de fazer diferente, com melhor qualidade e de modo mais eficiente. Inovação está no centro desse debate que determina, em última instância, o dinamismo econômico das nações.

A aparência é de consenso em torno dessas ideias, mas as controvérsias afloram quando se trata de definir as estratégias de desenvolvimento que levem em conta essas novas realidades.

Desde o esgotamento do ciclo desenvolvimentista no início dos anos 80 que o Brasil procura novos caminhos para crescer. Ainda que a experiência histórica brasileira tenha demonstrado que embora o crescimento econômico não eleva significativamente a qualidade de vida da maioria da população, não diminui automaticamente as desigualdades, nem leva mecanicamente à superação de distorções e disparidades estruturais que sustentam o atraso brasileiro, é quase consenso a visão de que sem crescimento, sua superação torna-se, simplesmente, wishful thinking.

As condições atuais são distintas do passado, em que o Brasil cresceu rápida e intensamente por décadas. O mundo mudou, as sociedades se transformaram. O Brasil mudou muito. Diminuiu desigualdades sociais e diversificou ainda mais seu parque produtivo e de serviços. No entanto, a economia do pais não consegue manter seu crescimento e o país vive uma combinação de crises – políticas, econômicas e institucionais – de proporções inéditas.

Alternativas? É o que muitos buscam ou propõem. Mas sem levar em conta que a afirmação de economias baseadas em commodities, como a brasileira, estreitou-se dramaticamente, é praticamente impossível voltar a crescer de modo mais duradouro e sustentável. Nesse sentido, é essencial o esforço para diminuir a distância que separa a nossa produção de Ciência, Tecnologia e Inovação da fronteira do conhecimento, assim como facilitar o avanço das empresas brasileiras na direção das práticas mais competitivas, de modo a dinamizar a economia e gerar empregos de qualidade.

Este curso discutirá algumas das questões, obstáculos e constrangimentos estruturais candentes que o Brasil  - e os  países emergentes – enfrenta para crescer, a começar pelo desafio de melhorar a competência de seu sistema produtivo e aumentar a qualidade e o impacto econômico e social do conhecimento que produzimos.