O curso aposta no potencial dos estudos clássicos da antropologia da técnica e da emergente antropologia da vida para descolonizar o imaginário hegemônico acerca das biotecnologias. Seja em sua vertente negativa, associada à teoria crítica, ou nas aplicações propositivas, voltadas ao mercado, as biotecnologias costumam estar reféns de um imaginário de controle sobre a natureza. Tal imaginário colide com a compreensão atual das manipulações ecológicas no Antropoceno, quando o estatuto da relação entre sujeito e objeto perde sua univocidade.
Ao invés de encerrar as biotécnicas nas ansiedades modernas, o curso se apoia em teorias etnográficas acerca da diversidade de formas de cultivo, coleta, criação, caça, cuidado e manejo de ecossistemas e organismos, inclusive humanos. Essas teorias, desenvolvidas junto a variadas sociedades e domínios temáticos, deslocam a centralidade do controle e atestam como as interações com os viventes são tão ou mais significativas do que as operações sobre eles.
Ao longo de doze encontros presenciais, nosso objetivo será balizar um programa de pesquisa antropológico voltado ao estudo da biotecnodiversidade, isto é, a diversidade de ações e concepções biotécnicas.
- Docente: Guilherme Moura Fagundes