O objetivo da disciplina é discutir as potencialidades e limitações das abordagens interpretativas para tratamento de problemas sociológicos contemporâneos a partir do estudo aprofundado de perspectivas teóricas vinculadas ao chamado paradigma interpretativo e das formulações dessas vertentes sobre um tema em particular: o controle do crime e do desvio. Este é um tema que esteve no centro das pesquisas desenvolvidas no âmbito das abordagens interpretativas nos Estados Unidos desde a sua origem e que é particularmente interessante para discutir uma das principais críticas contemporâneas ao paradigma interpretativo: sua suposta incapacidade de dar conta do conflito, da desigualdade e do sofrimento humanos. Além de eleger um tema específico, a discussão sobre o paradigma interpretativo se concentrará em duas abordagens em particular: a sociologia da Erving Goffman e a etnometodologia. Apesar das diferenças significativas existentes entre as duas abordagens, um traço marcante de ambas é a afirmação das interações sociais e práticas situadas como realidade sui generis cujos atributos não podem ser deduzidos das determinações de macroentidades sociais ou do conhecimento das motivações e disposições de atores individuais. A centralidade atribuída às interações situadas na compreensão da organização social envolve a defesa do caráter processual, prático e colaborativo da constituição dos selves, das práticas, das organizações e da própria ordem social. A disciplina se concentrará tanto no aprofundamento das duas abordagens (Parte I) quanto na discussão de estudos empíricos desenvolvidos a partir dessas abordagens sobre o crime e o desvio e suas formas de controle (Parte II). O objetivo da discussão sobre pesquisas empíricas é também permitir o diálogo com as pesquisas desenvolvidas pelos discentes.
- Docente: Bruna Gisi Martins de Almeida