AUH-5866

Anarquitetura: arte e arquitetura contemporâneas em diálogo

Docente: Guilherme Wisnik

2o semestre 2022: quinta-feira, das 14h às 18h

Área: História e Fundamentos da Arquitetura

Créditos: 09 | Duração: 15 semanas

 

 

Objetivos

Apresentar e analisar, através de alguns casos exemplares, os argumentos desenvolvidos no livro Dentro do nevoeiro: arquitetura, arte e tecnologia contemporâneas, escrito por mim, e lançado em 2018.

 

Justificativa

O curso aborda o estado contemporâneo do mundo, cruzando leituras da arquitetura, das artes visuais, da tecnologia e da política, nas quais os acontecimentos brasileiros estão inseridos em um panorama mundial. Uma das características mais marcantes da arquitetura produzida nos dias de hoje é a consistência translúcida de suas fachadas, muitas vezes embaçadas e enigmáticas. Nos trabalhos de arte atuais, uma presença recorrente são os ambientes imersivos feitos de luz ou de fumaça, onde a dominância da visão é rebaixada em nome do predomínio de outros sentidos. O argumento desenvolvido no curso é o de que esse enevoamento da percepção, identificado na arquitetura e nas artes visuais, corresponde à sensibilidade de um mundo regido por nuvens: nuvens digitais de informação (cloud computing), e nuvens de capital financeiro, que se movem como enxames, evitando todas as formas de fixidez e de estabilidade.

Essa ideia se rebate, metaforicamente, na percepção de que vivemos em um tempo de pouca nitidez, onde as novas formas de dominação e de vigilância, por meio do ciberespaço, distorcem a política e constroem fatos falsos, pós-verdades. Além disso, a fumaça, ou a névoa, são também emblemas dos sucessivos eventos catastróficos que inauguraram o nosso tempo: a implosão do conjunto habitacional de Pruitt-Igoe em Saint Louis (1972), a derrubada do Muro de Berlim (1989), e os ataques terroristas de 11/9 em Nova York (2001).

Transformando a famosa metáfora da ventania do progresso criada por Walter Benjamin nas Teses “Sobre o conceito de história” (1940), podemos pensar que vivemos hoje em um tempo no qual aquele vento unidirecional que empurrava todos para a frente – símbolo maior da modernidade – foi substituído por tufões, furacões e tsunamis, imagens da violência entrópica e desembestada que caracteriza a nossa “sociedade de risco” (Ulrich Beck), onde o “espaço de experiência” e o “horizonte de expectativas” foram muito reduzidos (Reinhart Koselleck).

Mas se a nuvem é expressão de um mundo absolutamente controlado, no qual a violência destrutiva se normalizou numa espécie de tecnossublime contemporâneo, as formas artísticas que exploram a névoa e o embaçamento têm, por outro lado, o poder de se contrapor à “sociedade do espetáculo” e ao “mundo da hipervisibilidade” (Jean Baudrillard) que colocam a imagem publicitária, hoje, no centro dos acontecimentos.

Na esteira do retardamento da percepção produzido pelo Grande vidro de Marcel Duchamp (1915-23), desenvolvido depois por artistas como Joseph Beuys e Gerhard Richter, chegamos a arquiteturas sem forma e quase desmaterializadas, como o Blur building (2002) de Diller + Scofidio, o Cloud Pavilion de Sou Fujimoto na Serpentine Gallery em Londres (2013), ou a “arquitetura diagrama” de Kazuyo Sejima, na expressão de Toyo Ito. Expressões radicais de experimentação espacial em um mundo globalizado, no qual, no entanto, a “poética da sombra” oriental (Junichiro Tanizaki) vai se tornando dominante, paralelamente ao fato de que a China concorre ao lugar de nova potência hegemônica no plano geopolítico.

 

Atividades e Avaliação

O curso compreende aulas expositivas, com leituras obrigatórias, e seminários em grupo. Os alunos serão avaliados por sua participação nas aulas, pelo desempenho em seminários, e por uma monografia individual em que deverá analisar temas presentes na disciplina, estabelecendo relações com os seus próprios projetos de pesquisa acadêmica. A participação em seminários não é obrigatória, sendo sua nota complementar à da monografia.

 

 

Conteúdo e calendário

 

Aula 1 – 25/8

O ‘complexo arte-arquitetura’ (introdução)

Leitura de base:

Hal Foster, "Prefácio", in O complexo arte-arquitetura (pp. 06-15)

 

Aula 2 – 01/9

Eclipse da matéria: arquiteturas veladas (parte 1)

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 05-47)

Toyo Ito, “Arquitectura diagrama”, in El Croquis n. 77[l]+99 (pp. 330-333)

 

Aula 3 – 15/9

Eclipse da matéria: arquiteturas veladas (parte 2)

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 05-47)

Hal Foster, "Museus minimalistas", in O complexo arte-arquitetura (pp. 129-156)

Colin Rowe e R. Slutzky, “Transparência literal e fenomenal”, in Gávea n. 2 (pp. 33-50)

 

Aula 4 – 22/9

Baixa definição: nuvens de capitais, nuvens digitais (parte 1)

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 49-85)

Zygmunt Bauman, “Tempo/espaço”, in Modernidade líquida (pp. 107-149)

Jonathan Crary, 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono (pp. 11-139)

 

Aula 5 – 29/9

Baixa definição: nuvens de capitais, nuvens digitais (parte 2)

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 49-85)

Byung-Chul Han, Sociedade do cansaço (pp. 05-136)

Franco Berardi, Depois do futuro (pp. 73-172)

 

Aula 6 – 06/10

Nitidez e proximidade: rastreamento, controle, junkspace

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 87-119)

Rem Koolhaas, “Espaço-lixo”, in Três textos sobre a cidade (pp. 67-111)

 

Aula 7 – 13/10

Fim da história? Berlim e o novo mundo após 1989

Leitura:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 121-149)

Andreas Huyssen, “Os vazios de Berlim”, in Seduzidos pela memória (pp. 89-118)

 

Aula 8 – 20/10

2 Seminários em grupo (1º e 2º tempo)

Temas escolhidos pelos estudantes

 

Aula 9 – 27/10

Resistência do mundo: 11 de setembro, paixões do real

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 151-187)

Slavoj Zizek, “Paixões do real, paixões do semblante”, in Bem-vindo ao deserto do real (pp. 19-47)

Paulo Arantes, “Alarme de incêndio no gueto francês – Postscriptum”, in O novo tempo do mundo (pp. 252-278)

 

Aula 10 – 03/11

Aura e imersão: hiperespaço, perda da distância crítica

Leitura:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 189-225)

Walter Benjamin, A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (pp. 49-94)

Rem Koolhaas, “Grandeza, ou o problema do grande”, in Três textos sobre a cidade (pp. 13-27)

Fredric Jameson, “A lógica cultural do capitalismo tardio”, in Pós-modernismo (pp. 27-79)

 

Aula 11 – 10/11

Violência naturalizada: destruição criativa, urbanização chinesa

Leituras de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 227-261)

Otília B. F. Arantes, “Pequim 2008-Xangai 2010: um estudo sobre a era das formas urbanas extremas”, in Chai-na (pp. 57-179)

 

Aula 12 – 17/11

Sinais de fumaça: Blur, tornados, imagem-enigma (parte 1)

Leitura de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 263-307)

Edgar Allan Poe, “Uma descida no Maelstrom”, in Histórias extraordinárias (pp. 377-397)

 

Aula 13 – 24/11

Sinais de fumaça: Blur, tornados, imagem-enigma (parte 2)

Leitura de base:

Guilherme Wisnik, Dentro do nevoeiro (pp. 263-307)

Georges Didi-Huberman, Sobrevivência dos vaga-lumes (pp. 11-43)

Hal Foster, "A liberação da pintura" e “Construção contra imagem”, in O complexo arte-arquitetura (pp. 215-274)

 

Aula 14 – 01/12

2 Seminários em grupo (1º e 2º tempo)

Temas escolhidos pelos estudantes

 

Aula 15 – 08/12

Encerramento do curso, discussão sobre os trabalhos.

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

 

WISNIK, Guilherme. Dentro do nevoeiro: arquitetura, arte e tecnologia contemporâneas. São Paulo: Ubu Editora, 2018.

 

BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL

 

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.

BERARDI, Franco. Depois do futuro. São Paulo: Ubu Editora, 2019.

BRIDLE, James. A nova idade das trevas: a tecnologia e o fim do futuro. São Paulo: Todavia, 2019.

BRISSAC, Nelson. Paisagens urbanas. São Paulo: Editora Senac, 2003.

CRARY, Jonathan. 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

FOSTER, Hal. O complexo arte-arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015.

KOOLHAAS, Rem. Três textos sobre a cidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2010.

ROWE, Colin; SLUTZKY, Robert. “Transparência literal e fenomenal”, in Gávea n. 2. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 1985.

 

 

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

 

ARANTES, Otília B. F. Berlim e Barcelona: duas imagens estratégicas. São Paulo: Annablume, 2012.

________. Chai-na. São Paulo: Edusp, 2011.

________. O lugar da arquitetura depois dos modernos. São Paulo: Edusp, 1993.

ARANTES, Paulo. O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a era da emergência. São Paulo: Boitempo, 2014.

ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura na era digital-financeira: desenho, canteiro e renda da forma. São Paulo: Editora 34, 2012.

ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

________. Projeto e destino. São Paulo: Ática, 2001.

BARTHES, Roland. Mitologias. Rio de Janeiro: Difel, 2006.

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio d’Água, 1991.

BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: L&PM, 2013. Organização e apresentação de Márcio Seligmann-Silva.

________. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BERARDI, Franco. Asfixia: capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

BOIS, Yve-Alain; KRAUSS, Rosalind. Formless: a user’s guide. Nova York: Zone Books, 1997.

BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

BORCH, Christian (org.). Architectural atmospheres: on the experience and politics of architecture. Basileia: Birkhäuser Verlag, 2014.

BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo. São Paulo: Martins, 2009.

CHAMAYOU, Grégoire. Teoria do drone. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

CLARK, T. J. Modernismos: ensaios sobre política, história e teoria da arte. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

COLOMINA, Beatriz; WIGLEY, Mark. Are we human? Notes on an archeology of design. Zurique: Lars Müller, 2016.

DAMISCH, Hubert. Noah’s ark: essas on architecture. Cambridge (Mass.): MIT Press, 2016.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

DILLER + SCOFIDIO. Blur: the making of nothing. Nova York: Harry N. Abrams, 2002.

FERNÁNDEZ-GALIANO, Luis. “Dioniso en Basilea”, AV Monografías no 77. Madri: 1999.

________. “Las formas del informe”, Arquitectura Viva no 50. Madrid: 1996.

________. “SANAA en sueños”, AV Monografias no. 121. Madri: 2006.

FOSTER, Hal. O retorno do real. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

________. “Running room”, in Serrote 15. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2013.

GARCÍA-GERMÁN, Javier (org.). De lo mecánico a lo termodinámico: por una definición energética de la arquitectura y el territorio. Barcelona: Gustavo Gili, 2010.

GRAHAM, Stephen. Cidades sitiadas: o novo urbanismo militar. São Paulo: Boitempo, 2016.

HULSHOF, Michiel; ROGGEVEEN, Daan. How the city moved to Mr. Sun: China’s new megacities. Amsterdã: Sun, 2011.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.

ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

ITO, Toyo. “Arquitectuta diagrama”, El Croquis 77[I] + 99. El Escorial: 2001.

JAMESON, Fredric. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1997.

JULLIEN, François. Éloge de la fadeur: à partir de la pensée et de l’esthétique de la Chine. Paris: Éditions Philippe Picquier, 1991.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC-Rio, 2006.

KOSKY, Jeffrey L. Arts of wonder: enchanting secularity: Walter de Maria, Diller + Scofidio, James Turrell, Andy Goldsworthy. Chicago: University of Chicago Press, 2013.

KRAUSS, Rosalind. “A escultura no campo ampliado”, in Gávea n. 01. Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica, 1984.

________. Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. São Paulo: Editora 34, 1994.

LATOUR, Bruno; WEIBEL, Peter (org.). Making things public: atmospheres of democracy. Karlsruhe: ZKM – Center for Art and Media Karlsruhe/ MIT Press, 2005.

LEE, Pamela. Object to be destroyed: the Work of Gordon Matta-Clark. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2001.

LÉVI-STRAUSS, Claude. História de lince. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

LINDER, Mark. Nothing less than literal: architecture after minimalism. Cambridge (Mass.): The MIT Press, 2004.

LIPPARD, Lucy R. Six years: the dematerialization of the art object from 1966 to 1972. Berkeley: University of California Press, 1997.

NESBITT, Kate (org.). Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica, 1965-1995. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

POE, Edgar Allan. Histórias extraordinárias. São Paulo: Abril Cultural, 1981.

RAMOS, Nuno. Ensaio geral: projetos, roteiros, ensaios, memórias. Rio de Janeiro: Globo, 2007.

RIBAS, João. Under the clouds: from paranoia to the digital sublime. Porto: museu de Arte Contemporânea de Serralves, 2015.

RILEY, Terence. Light construction. Nova York: MoMA, 1995.

SANTOS, Laymert Garcia dos. Politizar as novas tecnologias: o impacto sociotécnico da informação digital e genética. São Paulo: Editora 34, 2003.

SIZA, Álvaro. “Sobre materiais”, in Caramelo 5. São Paulo: GFAU, 1992.

SYKES, A. Krista (org.). O campo ampliado da arquitetura: antologia teórica, 1993-2009. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

TANIZAKI, Junichiro. Em louvor da sombra. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

URSPRUNG, Philip (org.). Herzog & de Meuron: natural history. Montreal: Lars Müller Publisher, 2005.

VIDLER, Anthony. The architectural uncanny. Cambridge (Mass.): MIT Press, 1992.

WALKER, Stephen. Gordon Matta-Clark: art, architecture and the attack on modernism. Londres: I. B. Tauris, 2009.

ZAERA-POLO, Alejandro. Arquitetura em diálogo. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

ZIZEK, Slavoj. Bem-vindo ao deserto do real: cinco ensaios sobre o 11 de setembro e datas relacionadas. São Paulo: Boitempo, 2003.

ZUMTHOR, Peter. Atmosferas: entornos arquitectónicos – as coisas que me rodeiam. Barcelona: Gustavo Gili, 2006.

 

 

FILMOGRAFIA

 

Hypernormalisation, 2016. Dir: Adam Curtis

Trabalho interno [Inside job], 2010. Dir: Charles Ferguson

Koyaanisqatsi, 1983. Dir: Godfrey Reggio

O equilibrista [Man on wire], 2008. Dir: James Marsh

O deserto vermelho, 1964. Dir: Michelangelo Antonioni

Paisagem na neblina, 1988. Dir: Theo Angelopoulos

Stalker, 1979. Dir: Andrei Tarkovski

Em busca da vida [Still life], 2006. Dir: Jia Zhangke

A névoa da guerra [The fog of war], 2003. Dir: Errol Morris

O nevoeiro [The mist], 2007. Dir: Frank Darabont

The Pruitt-Igoe mith: an urban history, 2011. Dir: Chad Freidrichs