Luto e fenomenologia: uma proposta compreensiva
O luto é compreendido pela literatura psicológica como uma reação frente a perdas significativas. Do ponto de vista existencial pode ser compreendido como uma vivência típica em situações de transformação abrupta nas formas de se dar do ser em uma relação eu-tu. O presente texto tem como objetivo apresentar uma compreensão descritiva de tais processos. Inicia-se com uma descrição de seu aspecto particular e possibilidades de interpretações psicológicas. Ao colocar a singularidade entre parênteses busca-se uma breve descrição do horizonte histórico de presentação da morte na atualidade e seus modos de aparição. Por fim, ao reduzir o histórico, apresenta-se uma descrição do luto como vivência que emerge de uma mudança abrupta em uma relação eu-tu com a supressão da corporeidade do tu. Uma vez que fenomenologicamente a subjetividade é revelada enquanto intersubjetividade, conclui-se que a ruptura de uma relação é, portanto, a ruptura de uma abertura ao e do mundo e de formas de ser-no-mundo do enlutado. O luto é, deste modo, uma vivência que aparece com uma forte exigência de ressignificação do mundo-da-vida, onde o que é perdido pelo enlutado não é apenas um ente querido, mas também formas próprias de ser-no-mundo.