AEO, mulher, 59 anos, solteira, advogada, natural de Recife, procurou a unidade básica de saúde com queixa de dor na mama direita. A paciente referiu menarca aos 9 anos, tabagismo, etilismo social e terapia de reposição hormonal. Com antecedentes familiares, contou que a avó, a mãe e duas tias apresentaram câncer de mama. 


Ao exame clínico, foram evidenciados dor à palpação e retração da papila mamária à direita, sem a saída de sangue ou outras secreções. Axila direita normopalpável. Ausência de linfonodomegalia no exame geral. Com estes achados, foi feita a hipótese diagnóstica de neoplasia de mama e o médico solicitou uma mamografia e um ultrassom de mama. Ambos evidenciaram imagens sugestivas de neoplasia. 

Com a principal suspeita de câncer de mama e seguindo as orientações da linha de cuidado no câncer, a paciente foi referenciada para o serviço de mastologia que reviu os achados, confirmou a principal hipótese diagnóstica e ampliou a investigação com uma biópsia da mama que confirmou a neoplasia maligna. Assim, a paciente foi submetida a outros exames de imagem para estadiamento do câncer e, após a constatação que a mesma não apresentava metástases linfonodais e nem à distância, foi submetida à tratamento cirúrgico para retirada do tumor. 

O exame histopatológico evidenciou carcinoma ductal infiltrante mal diferenciado, margens e bases livres, êmbolos tumorais em vasos linfáticos e metástase em 5 de 11 linfonodos. 

A paciente ainda foi submetida à 6 ciclos de quimioterapia, permanecendo em tratamento e em acompanhamento pela equipe multidisciplinar de atendimento domiciliar (EMAD) por 2 anos. Após 6 anos de evolução, a paciente passou a apresentar episódios recorrentes de cefaleia que foram se intensificando. Após apresentar um quadro de confusão mental, a mesma foi internada, medicada e na investigação com ressonância nuclear magnética foram verificadas imagens sugestivas de metástases em sistema nervoso central, com sinais de hipertensão intracraniana. 

A paciente foi submetida a um novo esquema quimioterápico, com realização de uma neurocirurgia para controle da pressão intracraniana. Evoluiu assintomática e com RNM encefálica inalterada por mais 2 anos, quando surgiu nódulo subcutâneo em plastrão mamário, diagnosticando-se carcinoma ductal de mama após sua exérese. 

O painel imuno-histoquímico mostrou FISH positivo para amplifcação do gene HER-2/neu. Optou-se por um novo esquema quimioterápico. 

Com 13 anos de evolução, a paciente encontra-se assintomática, desenvolvendo suas atividades laborativas, em uso de hormonioterapia e anticorpos monoclonais. Apresenta exame clínico, tomografia de tórax, ultrassom de abdome total e cintilografia óssea normais. A ressonância magnética do encéfalo ainda evidencia múltiplas lesões no cérebro, mas que permanecem inalteradas ao longo dos últimos nove meses. 

Última modificación: lunes, 11 de noviembre de 2019, 09:11