[PROBLEMA 3] – É só uma virose!
Problema 3 – É só uma virose!
Uma mãe chegou na UPA 24 horas com sua filha de 4 anos com queixa de aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo. Segundo a mãe, há 2 dias a criança começou a apresentar episódios de febre, associados à recusa alimentar, hipoatividade e tosse esporádica. Há 1 dia procurou serviço de saúde onde foi feita a hipótese diagnóstica de virose e recebeu a orientação para observar a criança e administrar antitérmico. Hoje, com o aparecimento das manchas, a mãe resolveu procurar o atendimento médico novamente. Nega vômito, diarreia, outros sinais e sintomas.
No exame clínico o médico verificou que a criança estava em regular estado geral, mas se apresentava febril (39°C), ictérica +/4+, com a presença de um exantema no tronco e face, associada à hiperemia da parte oral da faringe.
Com estes achados de história e exame clínico o médico entendeu que a criança apresentava um quadro de infecção viral, mas estava na dúvida entre alguns diagnósticos diferencias, entre eles: dengue, escarlatina, parvovirose, sarampo, enteroviroses. Por esta razão, ele solicitou alguns exames complementares, administrou medicamento para diminuir a febre, orientou a mãe quanto ao quadro clínico, os diagnósticos diferenciais, as possíveis complicações, sinais de alerta para piora da doença, a necessidade de hidratação da criança e agendou um retorno para reavaliação no dia seguinte. A mãe ainda questionou o médico sobre a necessidade de se receitar um antibiótico. O médico explicou que este tipo de medicamento não age nos vírus e que, dependendo do vírus, poderia utilizar um antirretroviral. A criança retornou ao serviço melhor, porém ainda com as manchas no corpo.
Por conta da epidemia de dengue na região, apesar da sorologia para este vírus ter sido negativa, o médico solicitou a coleta de exame para tentativa de isolamento do vírus. A criança evoluiu melhorando e no terceiro retorno o médico recebeu o resultado do laboratório central confirmando o isolamento do vírus da dengue, sorotipo 3.
“ Se pelo menos existisse uma vacina para este vírus, minha filha não teria passado por isto! ”, desabafou a mãe ao se despedir do médico.