Bardi, jornalista, galerista e promotor cultural


Pietro Bardi

Indicação: Textos Seminário Modernidade Latina, principalmente os de Paolo Rusconi e Viviana Pozzoli (Disponíveis aqui: http://www.mac.usp.br/mac/conteudo/academico/publicacoes/anais/modernidade/conteudo.html)

 

Bardi em 3 tempos

Originário de La Spezia, era jornalista. Sabe-se pouco sobre como ele foi para o campo das artes, o irmão tinha um negócio de molduras, provavelmente por isso se envolve com galerias, começa a colaborar com elas.

A ida a Milão tem a ver com o jornalismo, 1926-1930, atua como galerista e editor em Milão.

Criou o Bollettino d’arte, revista de crítica literária e artística.

A primeira galeria que ele abre é na via Brera, 2. Depois passa para um espaço maior, com sala de exposições; 1927-28 são os anos de atividade mais consolidada como galerista.

Não faz clara defesa de uma vertente artística específica. Na 1ª galeria expõe artistas de Bérgamo, apresenta como novos artistas. Na segunda galeria, Galeria Bardi, faz um programa misto. Alguns artistas consolidados do ottocento italiano e esses artistas bergamascos.

Na Galeria Bardi seu sócio é um restaurador famoso, se estabelecem também com consultoria de obras.

Bardi escrevia para o Corriere della Sera, trabalhava com Ugo Ojetti, crítico importante naquele momento. Mas acaba saindo demitido pelo próprio Ojetti, se afasta das concepções que o Ugo tem de arte.

É um momento de organização do Sindicato Nacional dos Artistas, criado para organizar todo o sistema de exposições do regime.

Organiza o Dizionario degli artisti del Novecento, propõe uma série de projetos editoriais para os irmãos Ghiringhelli. As Edizioni del Milione têm uma influência de Bardi.

1930-1946, diretor da Galeria d’Arte di Roma por curto período, crítico de arte e arquitetura, editor de revistas especializadas em arquitetura, defesa do MIAR.

1933, primeira viagem à América do Sul, trazendo uma mostra sobre a arquitetura moderna na Itália (em Buenos Aires).

1934-36, publicação revista Quadrante, na qual faz a defesa do projeto da Casa del Fascio de Como (de Giuseppe Terragni).

Tudo indica que Anna Normandia, amante de Bardi, aristocrata, teve influência na entrada de Bardi nesse universo.

Aproximação com os artistas da Scuola Romana e ligação com as figuras em torno da Galleria La cometa, o diretor é Corrado Cagli,  com a colaboração do crítico Massimo Bontempelli.

1946-1999, período de atividade no Brasil. Diretor do Masp até 1996, presidente de honra até a morte.

Em Roma funda o Studio d’Arte Palma em 1944.

Com Piacentini, Comissão paradiplomática, Bardi assume departamento de divulgação da arte e cultura italiana. Realiza 3 exposições: uma de arte e pintura antiga, que passa por Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte; outra, em maio de 1947, de pintura moderna; e uma mostra de artes aplicadas entre as duas. Têm a ver com as atividades do Studio d'Arte Palma, mostras de old masters, departamento de atribuição de obras, departamento de artes aplicadas, artistas jovens, Manzu, Guttuso...

No Studio, entra um cenógrafo que vai trabalhar na cinemateca, 

Bardi entendia o Masp como um museu de arte na chave de atemporalidade. Trouxe Alexander Calder e Max Bill para o Brasil. A obra de Max Bill que hoje pertence ao MAC foi feita para a exposição no Masp. O MAM SP estava colecionando o contemporâneo, enquanto o Masp tinha essa visão de história da arte.

  • Vinda do MAM para o parque tem envolvimento direto de Ciccillo.
  • Premiações nas bienais: promover a ideia do Brasil como país moderno. Max Bill, escultura em aço, relação com a metalurgia e a indústria. As escolhas provavelmente tem mais a ver com esse desejo de promoção.
  • Criação IAC, relação arte e indústria.
  • Defesa de uma concepção moderna de museu de arte.
  • Defesa da arte moderna.
  • Programação do Masp, nos anos 1970/1980, presença de algumas mostras com artistas italianos dos anos 1920-40: Aligi Sassu, Mario Sironi por ex.

Desde o estabelecimento do mercado de arte, as escolhas de valorização e premiação das obras nunca mais ficaram totalmente o campo estético.

Tavola degli orrori, fotomontagem de 1933, crítica aos arquitetos racionalistas, condena a concepção historicista na arquitetura. É um momento de disputa com Marcello Piacentini, arquitetura que nesses anos é entendida como próxima do Novecento Italiano, ele já conhece um pouco de Le Corbusier. Defender a nova arquitetura italiana.

Franco Albini, expografia para retrospectiva de Scipione para a Pinacoteca do Brera, Milão, 1941.

- Desvinculação da ideia de uma arte burguesa, a arte é um valor para a sociedade moderna, mais democratizada.

- Cubo branco, propor narrativa com as obras, sem a decoração burguesa no ambiente, condenação do ornamento.

Filme Morte em Veneza, decoração do hotel onde está o protagonista. Confuso para nós. Papel do ornamento para a sociedade.

Última atualização: segunda-feira, 24 jun. 2019, 16:27