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Uso de Si

Há uma forma de engajamento do trabalhador que precipita sua força subjetiva numa situação de exploração do si. Sabe-se, por exemplo, que situações de engajamento afetivo em certas profissões são fator necessário para o bom desempenho do ponto de vista do empregador ou do sistema. O problema é que ‘atender bem’, ‘acolher’, ‘ser cordial’, entre outros aspectos, implica uma mobilização da subjetividade que vai além dos conhecimentos e competências de qualquer profissional, daquilo que supostamente ‘se aprende’ no sistema de formação clássico. Quando se ouve ‘você deve acolher’, ‘deve atender bem, ser cordial’, nunca se pergunta se o trabalhador estaria em condições de responder a essa demanda. Espera-se simplesmente que ele incorpore essa necessidade como um ‘eu devo’ e não como um ‘eu posso’. É a construção do trabalhador moral. O apelo à consciência moral aqui é claro, e vem rodeado de todas as ameaças implícitas no sistema tradicional (perda de emprego, de salário, de posto etc). O fato é que esse tipo de demanda visa obter um certo ‘comportamento’ daquele que trabalha.

 

Fonte: COSTA, Rogério da. Inteligência coletiva: comunicação, capitalismo cognitivo e micropolítica. In: Revista Famecos, nº 37. Porto Alegre, 2008