Glossário
Termos que podem ajudar a entender e engajar debates raciais, além de aprofundar conhecimento.
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D |
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F |
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DS | Feminismo Negro | |
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O feminismo negro surge quando o movimento feminista, que reduzia as lutas das mulheres a uma pequena parcela (mulheres brancas e de classe média e alta) e o movimento negro, que não debatia as questões de gênero. Ambos mostraram desinteresse pelas causas das mulheres negras que estavam sujeitas as facetas do racismo e da opressão de gênero de forma mais violenta. Nisto surge o feminismo negro que veio para tratar da realidade da mulher negra que é apagada diariamente. Entendendo que discussão de raça e gênero não podem ser tratadas separadamente, pois a separação coloca a mulher negra em um limbo e a violência que ela sobre tem a intersecção das duas opressões. | ||
H |
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DA | Heteroidentificação | ||
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“É um modelo de identificação étnico-racial de um indivíduo a partir da percepção social de outra pessoa". Ou seja, é quando uma pessoa identifica outra como pertencente a uma raça/cor a partir de sua percepção das características dessa pessoa. Esse modelo inicialmente foi utilizado para complementar a autodeclaração de candidatos(as/es) negros(as/es) a vagas reservadas em concursos públicos federais.A regulamentação desse procedimento foi realizada pela Portaria Normativa MPOG nº4, de 6 de abril de 2018, nos termos da Lei 12.990, de 9 de junho de 2014. Para esse modelo de identificação é utilizado o quesito de raça/cor estabelecido pelo IBGE. Leitura recomendada Portaria MPOG nº4/2018: https://docs.uft.edu.br/share/s/FpKipHAqTAaQSSvRRc6sXQ Lei 12.990/2014: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm Quesito raça/cor IBGE: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html | |||
I |
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IC | Interseccionalidade | |
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Termo usado, pela primeira vez, em 1989 pela jurista afro-americana Kimberlé W. Crenshaw para definir a interdependência das relações de poder de raça, sexo e classe. Sua origem remonta ao Black Feminism (feminismo negro), movimento do final dos anos 1970. A interseccionalidade propõe considerar as múltiplas fontes de identidade que permeiam um indivíduo, visando apreender as complexidades das identidades e das desigualdades sociais. A abordagem interseccional, mais do que apenas reconhecer que existem vários sistemas de opressão, evidencia a sua interação na produção e reprodução das desigualdades raciais - de forma que a opressão sofrida por uma mulher negra, por exemplo, não pode ser analisada como simplesmente a soma da opressão de gênero e de raça. | ||
L |
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Ed | Letramento Racial | |
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Conjunto de práticas, baseado em cinco fundamentos. O primeiro é o reconhecimento da branquitude. O indivíduo reconhece que a condição de branco lhe confere privilégios. O segundo é o entendimento de que o racismo é um problema atual, e não apenas um legado histórico. Esse legado histórico se legitima e se reproduz todos os dias e, se não for vigilante, o indivíduo acabará contribuindo para essa legitimação e reprodução. O terceiro é o entendimento de que as identidades raciais são aprendidas. Elas são o resultado de práticas sociais. O quarto é se apropriar de uma gramática e de um vocabulário racial. O quinto é a capacidade de interpretar os códigos e práticas “racializadas”. | ||
M |
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GN | Microagressões | ||
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Microagressões são formas sutis de insultos verbais, não verbais e visuais, direcionadas a indivíduos com base em raça, gênero, etnia, classe social, dialeto ou religião, frequentemente feitas automaticamente ou inconscientemente pelos agressores, mas que são capazes de causar um profundo impacto sobre a vida dos agredidos.
Fonte: Revista Latinoamericana de Etnomatemática [https://www.redalyc.org/journal/2740/274047941004/html/] | |||
N |
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ML | Negritude | |
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A negritude é uma expressão artística, filosófica e política que busca afirmar a identidade negra, valorizando as culturas, histórias e experiências dos povos africanos e afrodescendentes. Ela surge como uma reação ao colonialismo, ao racismo e à opressão enfrentada pelos povos negros ao longo da história. Ela busca resgatar e valorizar a contribuição dos povos negros para a história da humanidade, contestando visões eurocêntricas e promovendo a valorização da diversidade cultural e étnica. Ela enfatiza a importância da ancestralidade africana e da consciência racial, e busca promover a igualdade, a justiça social e o orgulho negro. | ||
ML | Neurociência das raças | |
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Com o advento da neurociência está sendo possível demonstrar as bases neurais de diferentes processos psicológicos e sociais. Há algumas décadas, os cientistas já estudam sobre a representação mental de raça e etnia, e atualmente, vem surgindo estudos que apresentam evidências eletrofisiológicas, ressonância magnética funcional e outros métodos fisiológicos para entender como os indivíduos processam, avaliam e utilizam a variação humana ao longo da dimensão da raça. As áreas cerebrais que apresentam maiores ligações com a temática de etnias e raças são: amigdala, Córtex cingulado anterior, córtex pré-frontal dorsolateral e giro fusiforme. | ||
R |
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LS | Racismo Ambiental | |
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O termo é utilizado para fazer referência à discriminação que populações marginalizadas ou compostas de minorias étnicas sofrem a partir da degradação ambiental. Tendo a sua criação atribuída ao ativista afro-americano Benjamin Franklin Chavis Jr. e intimamente relacionada ao movimento dos direitos civis americanos, a expressão denuncia a distribuição desigual dos impactos ambientais, sendo os indivíduos periferizados e invisibilizados historicamente os principais prejudicados pela poluição ambiental. Considerando o passado colonial, bem como a manutenção das estruturas sociais que acentuam as desigualdades étnicas e raciais no Brasil, é possível observar que a parcela mais vulnerável aos danos ambientais, não coincidentemente, é a população negra. Leitura recomendada: de Souza, A. S. (2015). Direito e racismo ambiental na diáspora africana: promoção da justiça ambiental através do direito. EDUFBA https://jornal.usp.br/atualidades/racismo-ambiental-e-uma-realidade-que-atinge-populacoes-vulnerabilizadas/#:~:text=O%20racismo%20ambiental%20%C3%A9%20um,sofrem%20atrav%C3%A9s%20da%20degrada%C3%A7%C3%A3o%20ambiental | ||
Racismo Institucional | ||
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O racismo institucional é o fracasso das instituições e organizações em
prover um serviço profissional e adequado às pessoas em virtude de
sua cor, cultura, origem racial ou étnica. Ele se manifesta em normas,
práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do
trabalho, os quais são resultantes do preconceito racial, uma atitude
que combina estereótipos racistas, falta de atenção e ignorância.
Em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de
grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem
no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e
organizações. Bibliografia: CRI. Articulação para o Combate ao Racismo Institucional. Identificação e abordagem do racismo institucional. Brasília: CRI, 2006. | ||