Rd

sarais

de Romario de Souza Santos - sábado, 3 de junio de 2017, 22:09
 

Morfossintaxe: “to querendo mudar pra letras, eu gosto de poesia, curto colar nuns sarais

[sentenças proferidas por um rapaz de 19 anos, aluno do curso de Geociências da USP, enquanto discutíamos, dentro do quarto, a respeito dos cursos da universidade; ocorreu na primeira semana de aula e foi nossa primeira conversa]

            Não é de hoje que o plural de palavras terminadas graficamente em –al, –au geram construções díspares na língua. É comum ver colegas recorrerem aos dicionários ou aos professores/estudantes de letras para sanar a “dúvida”. No caso acima, temos a palavra “sarau”, que, de acordo com os dicionários, deveria ser pronunciada/grafada como “saraus”; o mesmo ocorre com “degrau” e “mingau”. Acontece que, no português brasileiro, as palavras terminadas graficamente em –al são pronunciadas com a semivogal [w] final, e algumas palavras como “sal” e “sexual”, têm seus plurais formados em –[ajs]. O falante conta, então, com sua intuição puramente linguística e produz vocábulos como “sarais”, uma vez que parece ser regra que palavras pronunciadas em [aw] na posição final do vocábulo tenham seu plural em [ajs].


» Caderneta do sociolinguista