“O trabalho é considerado fadiga e condenação, hoje podemos começar a falar do trabalho de todos como atividade e expressão. Isso significa, então, que não se poderá mais falar do trabalho como uma quantidade, como uma repetição, como uma simples alienação, em suma, como uma entidade física. Certamente, a atividade laboral é quantificável, ela expressa maiores ou menores intensidades, é mensurável (e, nessa medida, é alienada), mas não poderá ser simplificada até o ponto de ser reduzida a uma quantidade temporal (e a uma relação fixa atividade-tempo) e portanto a uma dimensão de pura alienação. Para dizê-lo de outra forma, o trabalho que produz valor é antes atividade criativa; depois poderá ser, eventualmente, medido e/ou alienado. Conseqüentemente, o trabalho real, ou seja, complexo, não poderá mais ser considerado um assemblage de cotas de trabalho simples, mas uma concatenação de atividades criativas, isto é, cooperação produtiva. “
O autor afirma que no espírito do novo capitalismo, há uma desproporção entre tempo de trabalho e tempo de produção. O tempo do trabalho seria o momento de interrupção do tempo da produção. A segunda desproporção se associa ao fato de o tempo de produção conter o tempo do não-trabalho, momento em que a cooperação produtiva se radica. A vida e trabalho tornam-se então cada vez mais processos sociais sobrepostos.