Capitalização das expectativas de expectativas

Robert Kurz busca no artigo "A virtualização da economia - Os mercados financeiros transnacionais e a crise da regulação" explicar como se dá a dominação do espaço virtual sobre a realidade material no âmbito econômico. O autor faz isso explicando de que modo o capital se apropria da energia humana, mas não mais no contexto palpável, e sim nas demandas virtuais.

 Conforme esse processo ocorre, há uma dependência do empresariado do futuro incerto do crédito virtual, já que este pode ser incentivado ou desvalorizado num tempo-espaço totalmente diverso e não controlável.

Essa dependência do virtual é, então, resultado de um descolamento do centro capitalista concentrado nas indústrias (com a chegada da Revolução Industrial) para o sistema bancário, e posteriormente para os fundos transnacionais ou de investimento.

 É assim que se cria o acoplamento do ciclo do preço das ações, onde o que se busca é sempre manter as ações em alta. Desse modo, os próprios fundos passam a se constituir como a virtualização econômica, visto o fato de que não há uma criação de valor em termos de lastro, e vive-se então numa crescente onde de incertezas.

Fica-se a mercê de uma influência das mídias, da especulação e das declarações políticas que querendo ou não são fatores determinantes do fluxo econômico, do lucro que advém sobre as transações econômicas nesse mercado virtualizado.

 Kurz usa toda essa explicação para ressaltar que os Estados Unidos são um bom exemplo de aproveitamento dessa capitalização das “expectativas de expectativas” do mercado pra fazer seu déficit virar superávit em um cenário em que materialmente falando, esperando-se uma criação de valor industrial material, seria irrealizável.

E, por essa razão, eles usam dessa economia virtualizada em abundância, fugindo dos mecanismos de controle nesse modelo (cuja ação o autor diz ser não-funcional, já que contraria o principio da própria virtualização econômica que é a não criação de valor). 

» Banco de Conceitos