A arqueologia do 'eu' é "o mergulho na interioridade subjetiva de cada indivíduo à procura dos restos de experiências alojados na própria memória, sinais que permitam decifrar o significado do presente e do eu. Essa viagem introspectiva pode ser um autêntico mergulho — pois consiste em nadar nas sombrias profundezas da subjetividade para desvendar seus enigmas — ou, apelando para outro campo metafórico igualmente fértil, a proposta equivale a fazer uma escavação a fim de examinar as diversas camadas geológicas que foram se acumulando ao longo da história individual para conformar uma determinada subjetividade"
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Este conceito está intrinsicamente ligado ao conceito do passado, que tem um papel importante na configuração do presente, e da essência do homem moderno.
Para a autora, o fenômeno dos diários pessoais como blogs, fotologs e videologs faz parte da reestruturação das subjetividades contemporâneas. Eles evidenciam a mudança de valores e significado do conceito de interioridade e passado. Ambos são alicerces fundamentais do “eu” que, entretanto, parecem estar se perdendo cada vez mais com a “presentificação” do tempo e com a hipertrofia da memória devido à união impossível da duração e do instante.
Ela também evidencia o surgimento de outras metáforas, agora provenientes do universo informático e do ciberespaço como "deletar", "link", "hipertexto", entre outras.Assim, atualmente, "cada vez mais, a vida passa a ser uma história inspirada nos modelos audiovisuais que permeiam e recriam constantemente o mundo, enquanto o eu se espelha nos personagens que desbordam das telas"
Autora:
Paula Sibilia
A vida como relato na era do fast-forward e do real time: algumas reflexões sobre o fenômeno dos blogs. Porto Alegre, v. 11, n. 1, p. 35-51, jan./jun. 2005.