Complexidade


Complexidade do assunto


Outro problema relatado por professores de Ciências em relação ao Ensino de Evolução é a sua complexidade. Entretanto, publicações oficiais sobre o Ensino de Ciências, como cadernos didáticos de Secretarias Estaduais de Educação, orientações curriculares e os PCNs, têm enfatizado o Ensino de Evolução nos diferentes níveis da Educação Básica. Em sua maioria, sugerem que a abordagem no Ensino Fundamental seja uma introdução ao pensamento evolutivo, contextualizando-o historicamente e realçando alguns conceitos e habilidades compatíveis ao processo de ensino-aprendizagem nessa faixa etária. Mas quais seriam esses elementos?

Para o físico Lawrence Lerner, no ciclo de ensino estadunidense que corresponde ao nosso Fundamental I, com crianças de aproximadamente 6 a 10 anos, é importante que comecem a ser trabalhadas as noções centrais da Teoria da Evolução, como variação e reprodução. Assim, seria um objetivo de ensino que os estudantes nessa faixa etária compreendessem que todos os seres vivos se reproduzem e que seus descendentes são semelhantes, mas não exatamente como eles; que os organismos se desenvolvem antes de se reproduzir; que existem relações entre indivíduos (ou espécies) e o ambiente; e que a Terra tem mais de quatro bilhões de anos, tempo suficiente para a ocorrência de muitas mudanças biológicas e geológicas.

Já para os estudantes do Fundamental II, Lerner sugere que as ideias trabalhadas anteriormente sejam ampliadas e que sirvam de base para novos entendimentos como:

  • a natureza da competição entre indivíduos e entre espécies;
  • as consequências do fato de que nem todo organismo sobrevive e consegue se reproduzir;
  • a influência de fatores ambientais, como disponibilidade de alimento e água, predadores e temperatura na reprodução, que limitam o número de descendentes que sobrevivem;
  • a variação entre indivíduos pode levar a taxas de sobrevivência diferenciadas em um determinado ambiente;
  • as adaptações como resultados da seleção natural;
  • a variação genética de uma população resulta da reprodução sexual e de mutações ao acaso;
  • a forma não-aleatória da seleção natural, apesar da existência de fatores aleatórios que influenciam a sobrevivência dos organismos.

Observe agora algumas das habilidades sugeridas no Currículo da Secretaria da Educação para o Ensino Fundamental – Ciclo II / Ciências da Natureza:

  • construir e aplicar o conceito de que os seres vivos estão relacionados aos ambientes em que são encontrados;
  • descrever, com base na observação de figuras e ilustrações, animais e vegetais típicos dos principais ecossistemas brasileiros: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Campos Sulinos (Pampas);
  • associar figuras ou ilustrações de animais e vegetais representativos da biodiversidade brasileira aos seus respectivos ecossistemas;
  • reconhecer e descrever variações na população de determinadas espécies de um ambiente, sob o impacto da extinção de determinadas populações e/ou introdução de novas espécies;
  • reconhecer que os fósseis são evidências da evolução dos seres vivos, com base em textos e/ou ilustrações;
  • ler e interpretar diferentes informações referentes à extinção das espécies em textos, gráficos e ilustrações;
  • construir, apresentar e reconhecer argumentação plausível para a defesa da preservação da biodiversidade;
  • identificar e descrever as principais adaptações dos animais, plantas e fungos aos ambientes em que vivem, com base em textos e/ou ilustrações.