Vida como autopoiese

Autopoiese

A Teoria da Autopoiese foi desenvolvida pelos filósofos e biólogos chilenos Humberto Maturana (Figura 2.4B) e Francisco Varela (Figura 2.4A) na década de 1970. Essa teoria é considerada um paradigma científico na Biologia, embora não tenha a mesma influência que a teoria evolutiva neodarwinista. O termo autopoiese significa “criar a si mesmo” e foi empregado como atributo definidor dos sistemas vivos. Assim, a vida seria um sistema organizado de forma circular e fechada que, por meio da produção, transformação e destruição de seus componentes, continuamente regenera a si mesmo. Em outras palavras, a vida é um sistema que se produz e se autotransforma. Entretanto, essa rede de componentes que possui um metabolismo e uma fronteira (membrana) é fechada em termos organizacionais, mas não em termos energéticos ou materiais. Há uma troca constante de energia e matéria com o ambiente externo.

Figura 4 - semana 2
Figura 2.4: A: Francisco Varela e B: Humberto Maturana.

Aspectos como reprodução e evolução, como podemos perceber, são secundários nesta definição de vida. Em princípio, um sistema autopoiético é capaz de se reproduzir (por crescimento e divisão autocatalítica), de se adaptar aos distúrbios externos (pela homeostase) e mesmo de mudar seu tipo de organização (por acúmulo de mudanças em sua estrutura). Entretanto, esses não são atributos centrais. Além disso, o sistema autopoiético não é capaz de integrar o processo de evolução darwiniana, pois não possui mecanismo genético para isso. A ideia de um código genético como algo intrínseco à vida é descartada nessa definição.