2.1. Histórico da Zoologia








Ao longo da história do conhecimento zoológico, procurou-se, a princípio, escolher características morfológicas facilmente identificáveis para se organizar animais em diferentes grupos (táxons). Por exemplo, Aristóteles (384-322 a.C.), conhecido como o “pai da Zoologia”, considerava animais como organismos macroscópicos com algum tipo de locomoção. Dentre estes, animais que possuíssem sangue vermelho (Enaima) eram separados dos que não o possuíam (Anaima).

Após cerca de 2.000 anos, Carolus Linnaeus (1707-1778), em seu trabalho Systema Naturae, lançou as bases para a classificação moderna que utilizamos atualmente. Em 1735, ele definiu como “Reino” o agrupamento que conteria “objetos naturais que crescem, vivem e sentem”, sendo incluídas as seguintes categorias, cada uma interna a outra, subsequentemente: filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. Mas, com a falta de recursos tecnológicos para estudos morfológicos, anatômicos, fisiológicos e moleculares como temos atualmente, vários organismos foram agrupados diferentemente do que conhecemos hoje.

Por exemplo, Linnaeus reconhecia apenas seis classes distintas: Mammalia, Avis, Amphibia, Pisces, Insecta e Vermes. Com o advento da microscopia e a consequente descoberta da imensa variedade de formas de vida organizadas em uma única célula, até então desconhecida, uma nova classificação foi proposta por Georg August Goldfuss em 1818, incluindo em Animalia os organismos unicelulares que apresentavam capacidade locomotora (pseudópodes, flagelos e cílios) e eram heterotróficos – o filo Protozoa.

O termo Metazoa, que significa “animais superiores”, foi estabelecido como uma contraposição ao termo Protozoa, que se referia a “animais inferiores”, primitivos. A composição de Animalia foi modificada posteriormente por Ernest Haeckel, em 1866, quando os animais foram separados dos “protistas” por possuírem tecidos e órgãos.

A classificação mais popularmente conhecida atualmente foi proposta por Robert Whittaker em 1969, na qual os seres vivos se distribuiriam em cinco reinos (Monera, Protista, Fungi, Animalia e Plantae). Os animais (Reino Metazoa ou Animalia) seriam organismos pluricelulares, sendo que as esponjas do mar (filo Porifera) passaram a ser consideradas um grupo paralelo (sub-reino Parazoa), por não apresentar tecidos verdadeiros, entre outras razões. Os Eumetazoa constituiriam então animais “superiores verdadeiros”, incluindo filos amplamente conhecidos, tais como os Cnidaria, Plathyhelminthes, Nematoda, Mollusca, Annelida, Arthropoda, Echinodermata, Chordata, entre os mais de 30 filos deste agrupamento.

Na década de 1970, com a possibilidade de sequenciamento de DNA, novos sistemas de classificação começaram a ser organizados e divulgados. Em 1977, Carl Woese utilizou o sequenciamento de um gene universal (que codifica para o RNA da subunidade pequena do ribossomo) para dividir os seres vivos em 6 reinos: Animalia, Plantae, Fungi, Protista, Archaebacteria (bactérias primitivas) e Eubacteria (bactérias verdadeiras ou superiores). Esta nova classificação, baseada em biologia molecular, foi aceita em 1983 e, em 1990, Woese propôs que os seres vivos estariam divididos em três grandes domínios: Eukaria (eucariontes), Bacteria (procariontes não metanogênicos) e Archaea (procariontes metanogênicos).

Uma ideia semelhante havia sido proposta por Edouard Chatton (1937), pela qual os seres vivos estariam em dois grandes grupos, os eucariontes e os procariontes.

Em 1998, Thomas Cavalier-Smith retoma os trabalhos de Chatton e Woese, agrupando os seres vivos em dois domínios (Prokaryota e Eukaryota) e seis reinos (Bacteria, Protozoa, Fungi, Plantae, Chromista e Animalia).